sexta-feira, 4 de julho de 2008

(Outras) Dez músicas brasileiras que fazem minha vida mais feliz




01. Trem das cores (Caetano Veloso)
Trens têm para mim uma magia única. Estão ligados a momentos felizes e também a um momento trágico da minha infância. Essa música, definida pelo próprio Caetano no Verdade Tropical como pertencente a “fase musical mais feliz” da vida dele, é da época da Outra Banda da Terra, que tinha Tomaz Improta, Vinícius Cantuária, Bolão, Zé Luís e Arnaldo Brandão. Sem nenhuma obviedade de colocar um som de buzinha, a música é uma viagem recheada de imagens sensoriais.

02. Vida de artista (Itamar Assumpção)
Incluída no excelente Preto Brás, é um retrato perfeito do saudoso Itamar, feito só com vozes (dele) e violão (dele). A letra, quase como um canto de cisne é indicadora da posição que o Negro Dito ocupou e sustentou.

03. Politicar (Tom Zé)
A volta por cima de Tom Zé via Luaka Bop/David Byrne deu num disco irretocável como é Com Defeito de Fabricação. Lá o espírito inquieto de Tom se apresenta com a teoria da Estética do plágio. Politicar é definida pelo autor como “um arrastão de Rimsky Korsacov com os músicos da noite de São Paulo”. O desprezo pelo poder em estado puro.

04. Cultura (Arnaldo Antunes)
Do projeto multimídia Nome, que tem um vídeo, poesia, pintura, música e que hoje duvido que a BMG publicasse como publicou em 94. Máquinas de ritmo, teclados programados e a obsessão estética de Arnaldo de redefinir as coisas com poesia. Jóia.

05. Olhos coloridos (Sarará Crioulo) (Macau)
Morando no Rio tive a imensa sorte de conhecer Macau e ouvir ele contando, lá do alto da Rocinha, as histórias da época da Black Rio e a Tropa Maldita. Soul y funk made in Brasil.

06. Estácio, Holy Estácio (Luiz Melodia)
E por falar em Macau, vem um amigão dele, mestre do blues e do funk mas com o DNA do samba no sangue. Conheci por Maria Bethânia e fui catar a versão original. Se Melodia tivesse nascido nos Estados Unidos seria cultuado como o Isaac Hayes. Mas acho que ele ainda prefere ter nascido no Estácio.

07. Que maravilha (Jorge Benjor – Toquinho)
Jorge Ben (jor) disse certa vez numa entrevista num jornal do Rio de Janeiro que ele se orgulha de nunca ter feito uma música triste. Que maravilha é o exemplo. “Toda molhada linda e despenteada, que maravilha, que coisa linda que é o meu amor” Pois é, nem o maior toró atrapalha o encontro amoroso (imagino que com Teresa). Parceria com Toquinho, o que é estranho também porque a maioria das músicas do Benjor não têm parceiros.

08. Sentimental eu fico (Renato Teixeira)
Ja dei minha opinião sobre Renato Teixeira. Isso aqui e existencialismo no bar. Na voz de Elis então é de arrasar. Ideal para “lobos cansados carentes”.

09. Pra você gostar de mim (Vital Farias)
Entre as muitas virtudes de Zeca Baleiro e a turma dos maranhenses, deve-se apontar a valorização do cantador paraibano Vital Farias. “Vou jogar toda esperança numa conta de poupança pra você gostar de mim”. Há uma ótima versão de Rita Ribeiro.

10. Pólvora (Herbert Vianna)
Esse Big Bang dos Paralamas é um disco fodástico. Ganhei da minha amiga Gisele Theodoro numa fita casete que tinha esse de um lado e o Blesq-Blom do outro. Só que era uma daquelas que tinham 30 minutos de cada lado então os discos não entravam por inteiro. Mas essa Pólvora estava lá, com um Herbert afiadíssimo em música e letra numa base ska, o Barone indomável, o Bi segurando a bola e uma seção de ventos nota dez num crescendo maravilhoso. Me deixem fazer justiça citando eles: Mattos Nascimento, Demetrio Bezerra, Monteiro Jr.

Continua a série, gente. De novo, não há ordem de valor. Curtam, procurem as que não conheçam, ouçam. É melhor que Rivotril.

3 comentários:

Renata D'Elia disse...

Itamar... a Lira Paulistana... anos 80...

Juan Trasmonte disse...

Itamar é tudo.

Anônimo disse...

Ótima seleção!! Meu carinho especial para Caetano, Arnaldo Antunes e Herbert Vianna - incríveis poetas!

Juan, obrigada pela visita e os seus votos carinhosos!

Abraço,
Berenice