terça-feira, 31 de março de 2009

Sonho imigrante




A terra do sonho é distante
E seu nome é Brasil
Plantarei a minha vida
Debaixo do céu anil

Minha Itália, Alemanha
Minha Espanha, Portugal
Talvez nunca mais eu veja
Minha terrinha natal

Aqui sou povo sofrido
Lá eu serei fazendeiro
Terei gado, terei sol

O mar de lá é tão lindo
Natureza generosa
Que faz nascer sem espinhos
O milagre da rosa

O frio não é muito frio
Nem o calor muito quente
E falam que quem vive lá
É maravilha de gente.

Sonho imigrante, de Fernando Brant e Milton Nascimento
Foto de imigrantes italianos no Brasil, circa 1935

segunda-feira, 30 de março de 2009

Liberar (d)os outros



Eu vim aqui para me liberar dos outros
e para liberar os outros de mim

o vento parou nas pedras
no dia da criação
predação caça e conquista
outra pele sobre a pele
em cada sangue houve um outro
as pazes inventaram ilusão
as pazes sempre fugazes
a impronta do suor ficou nos portos
a rede a peixaria que sustenta
e a mão onde a esperança se revela.

Nas terras sossegadas tirou os sapatos
o homem urbano
e assim se fez a dor e a maresia
banhou os ares destas praias
a cada dia andar armar a vida
e a cada nova terra ser um outro

eu vim aqui para me liberar dos outros
e para liberar os outros de mim.

Liberar (d)os outros, de Juan Trasmonte (Creative Commons)
Foto de
Yanyel (Yanire Fernández)

domingo, 29 de março de 2009

A realidade conceitual de Misha Gordin







"Em todos esses anos criando imagens conceituais, tentei fazê-las da maneira mais realista possível"



Fotos e autorretrato de Misha Gordin, criadas sem técnicas digitais

sábado, 28 de março de 2009

Ainda sobre Tenório Jr e Vinicius



Recebi um e-mail de Luciana, uma das filhas de Vinicius de Moraes, a respeito da crônica sobre Tenório Jr que escrevi no blog.

Sou filha de Vinicius e acompanhei na volta sua aflição em relação ao Tenório
Considere-me uma fã dele e do que diz o seu blog
abraços
Luciana de Moraes

E respondi:

Todas as pessoas que de alguma maneira estiveram perto do caso Tenório, me disseram que teu pai, além de aflição pessoal, foi uma das pessoas que mais atuou na época para conseguir informações concretas. Pensei na hora de escrever aquela crônica, que também fosse bom lembrar da estatura moral do Poeta.
Abraços para você e as tuas irmãs

Realmente a obra e as histórias de Vinicius são tão enormes que as vezes esquecemos de prestar homenagem ao homem ético que o poeta foi.
É por essas e outras que este blog me da uma imensa satisfação.

Foto de Vinicius de Moraes de Chico Nelson

quinta-feira, 26 de março de 2009

Quando Ney encontrou Astor




Na metade dos anos setenta a música da América Latina vivia um momento de grande efervescência, com o auge dos trovadores e da canção política. O Brasil porém, na sua dimensão continental ficava de costas e abria seus próprios caminhos. Uns poucos músicos mais atentos estavam também de olho na América. Ney Matogrosso era um desses músicos, com motivos suficientes que estavam no sangue mesmo. Neto de um argentino e uma paraguaia, nascido no Mato Grosso do Sul que lhe deu sobrenome artístico, Ney já trazia desde pequeno uma informação musical nutrida de várias culturas.
Nesses tempos, o compositor e bandoneonista argentino Astor Piazzolla já era uma referência da vanguarda musical e muito admirado por certo público do Brasil.
Ney já conhecia muito bem Astor quando foi assistir aquele show no Rio de Janeiro onde eles se encontraram pela primeira vez. O que Ney não sabia é que Astor -que era o completo oposto do conservadurismo do tango- também já conhecia quem era esse jovem magro, introvertido, que foi no camarim para lhe-expressar sua admiração depois do show.
Ney acabara de abandonar o Secos & Molhados no auge da popularidade da banda e disse a Astor que adoraria gravar com ele algum dia. Na hora, o autor da Suite Troileana, que tinha bem presente o registro agudo e afinadíssimo de Ney, o convidou para gravar.
Por esses dias, Piazzolla tinha dado três músicas ao notável poeta mineiro Geraldo Carneiro. Na verdade não eram músicas originais mas temas instrumentais compostos por Astor para o filme franco-chileno Llueve sobre Santiago, do diretor Helvio Soto, referente à queda do governo Salvador Allende e proibido no Chile.
As três músicas, com os versos de Geraldinho, foram Muralla China, Olhos de ressaca e As Ilhas.
Como na época Astor morava na Itália, até lá foi Ney. Juntos gravaram várias sessões em novembro de 1974, e de lá ele voltou com as fitas.
Sem querer, Astor acabou dando um impulso forte para o começo da carreira solo de Ney que, com esse material precioso, ficou empolgado para montar uma banda e lançar seu primeiro LP pela Continental.
Nessa super banda estavam entre outros os brasileiros Márcio Montarroyos e Chacal, o estadunidense Bruce Henry e o argentino Claudio Gabis.
Ney apresentou seu material novo no show O homem de Neanderthal que até hoje continua na memória de quem assistiu como um espetáculo mítico no seu casamento entre música e conceição visual.
O LP lançado em 1975 se chamou Água do Céu Pássaro, produzido por outro argentino no exílio que se deu muito bem como produtor no Brasil: Billy Bond, que junto com Gabis formara La Pesada del Rock’n’Roll, banda ícone do rock argentino.
O disco trazia junto um compacto com duas das colaborações entre Piazzolla e Ney, as músicas As Ilhas e 1964 II. Esta última sofreu os efeitos da censura, pelo que significava o 1964 na história brasileira. Nada mais longe da realidade, trata-se de uma das célebres parcerias entre Piazzolla e o escritor Jorge Luis Borges que não faz a menor referência à situação política do Brasil da época.
Por estes dias, caiu em minhas mãos um vinil de edição argentina chamado Sangre Latina. É uma coletánea de 1984 com a mesma capa daquele primeiro disco de Ney, mas com músicas de diferentes fases do cantor e que tem essas duas com Piazzolla, as duas últimas do lado B.
Fiquei imaginando como terá sido esse encontro na Itália de um argentino tanguero e transgressor com um brasileiro roqueiro e trangressor. “El Gato” Piazzolla era famoso pela sua pouca paciência.
Alguma coisa ele já tinha registrado na essência do cantor. Alguma coisa que o Brasil e o mundo estavam prestes a descobrir.



As ilhas

Vi mosca urdindo fios
De sombra na madrugada
Vi sangue numa gravura
E morte em caras paradas

Via vis de meia noite
E frutas elementares
Vi a riqueza do mundo
Em bocas disseminadas

Vi pássaros transparentes
Em minha casa assombrada
Vi coisas de vida e morte
E coisas de sal e nada

Vi um cachorro sem dono
À porta de um cemitério
Vi a nudez nos espelhos
Cristas na noite velada

Vi uma estrela no meio
Da noite cristalizada
Vi coisas de puro medo
Na escuridão espelhada

Vi um cruel testamento
De anjos na madrugada
Vi fogo sobre a panela
No forno de uma cozinha

Vi bodas inexistentes
De noivas assassinadas
Vi peixes no firmamento
E tigres no azul das águas

Mas não via claramente
A circulação das ilhas
Nos rios e nas vertentes
E vi que não via nada

Nada, nada...

As ilhas, poema de Geraldo Carneiro para a música de Astor Piazzolla, gravada por Ney Matogrosso em 1974

Foto de Astor Piazzolla de Alicia D'Amico (1975)
Foto de Ney Matogrosso, sem crédito do autor, do site Ney Matogrosso
Reprodução da capa do disco Água do Céu Pássaro (1975, gravadora Continental)

terça-feira, 24 de março de 2009

Um 24 de março



Acordei no meio de uma angústia danada. Eran nove horas e eu estava em casa. Fui pra sala e deparei-me com minha mãe, que já percebera que eu tinha acordado e vinha ao meu encontro.

- Mãe, você não me acordou!
- É que houve uma revolução -disse ela num tom que era de preocupação mas que ao mesmo tempo tinha a intenção de acalmar-me. Um contra senso improvável que só uma mãe consegue expressar-

Meu pai estava fazendo a barba e ouvindo o radinho de pilha ao mesmo tempo. Duas atividades que, juntas, não faziam parte da rotina dele. Meu pai tinha um passado de militância no sindicato dos atores, nos quadros do peronismo.

Depois de tomar o café da manhã, meus irmãos e eu fomos atraídos por um barulho que vinha da rua. Debruçados na janela, pasmos, entre a surpresa e o encantamento infantil, vimos os tanques passando na frente da minha casa.

- Mãe, deixa a gente descer...

Minha mãe trocou um olhar rápido com meu pai e acompanhou à gente até a porta do prédio da Avenida Santa Fe.
Meu irmão Jorge e eu conferimos as marcas no asfalto das esteiras de rodagem dos tanques de guerra. Elas ficaram como um desenho modernista de linhas da cor cinza no chão preto.
A gente morava no bairro de Palermo, que era e é cercado de batalhões militares, embora com o tempo, o declínio do militarismo e os anos do consumismo fizeram de um desses batalhões um enorme supermercado.

Depois de uma hora, Jorge e eu fomos para a pracinha onde jogávamos bola todos os dias que não tinhamos obrigações com a educação, essa instituição que comprometia nosso futuro de homens do Bem e que também acabara de ser lesada, embora a gente não sabia disso.
Com o passar do tempo, percebi que meus pais, mesmo iludindo as próprias incertezas, tinham feito o possível para não alterar o nosso cotidiano. Foi uma mensagem do tipo “a vida continua”.
Minha angústia estava explicada: eu apenas começara o Ensino Médio e ainda era responsável dos meus deveres de estudante. Já no ano seguinte descobri que era bem mais divertido matar aulas para ficar com minha namoradinha.
Logo nos dias seguintes, acordei para os tempos que chegavam. Nosso colégio tinha um histórico de lutas dos estudantes. O reitor foi demitido para deixar a cadeira para um outro, do estilo mão dura. Foi esse o primeiro toque. Como todo colegio é uma reprodução em miniatura de uma nação, crescendo também fui me dando conta que esse país jamais seria o mesmo.
O que minha mãe -acostumada com a quebra da ordem democrática que atravessou o século vinte- chamou de “revolução”, foi o início da ditadura mais sangrenta de que a Argentina tem memória.
Eu tinha treze anos naquela manhã do 24 de março de 1976. Fazem hoje 33 anos.

Foto de soldados custodiando a Casa Rosada, sede do governo argentino, na manhã de 24 de marzo de 1976, da Agência Telam, sem crédito do autor

segunda-feira, 23 de março de 2009

Curiosidades dos arianos

Esse mês, em homenagem aos e-amigos arianos, vem com bonus-track. São as curiosidades que eu descobri catando os arianos célebres.
Por exemplo, vejam a lista dos músicos hoje considerados clássicos:
Johann Sebastian Bach, Bela Bartok, Arturo Toscanini, Sergei Rachmaninoff, Leopold Stokowski, Joseph Haydn e Igor Stravinsky



E confiram as grandes damas do jazz, o blues e o R&B:
Aretha Franklin, Diana Ross, Pearl Bailey, Alberta Hunter, Billie Holiday, Bessie Smith, Sarah Vaughan e Chaka Khan



Também são arianos os maravilhosos Ravi Shankar e a filha Norah Jones



E Carmem Silva e Oswaldo Lousada, o casal que encantou o Brasil na novela Mulheres apaixonadas. Os dois foram pro andar de cima no ano passado. Os dois, arianos.



Foto do maestro Arturo Toscanini olhando para si mesmo da Time Life/Getty
Foto de Alberta Hunter no início da carreira, sem crédito do autor
Foto de Norah Jones e Ravi Shankar da Agência Reuters
Foto de Carmem Silva e Oswaldo Lousada, divulgação da Rede Globo, sem crédito do autor

domingo, 22 de março de 2009

Arianas


A atriz Leila Diniz


A cantora e compositora Dona Ivone Lara


A escritora Marguerite Duras


A atriz Marisa Paredes


A poeta Maya Angelou

Elas e Rosie O’Donnell, Theresa Russell, Gloria Steinem, Amanda Plummer, Niiyama Shio, Reese Witherspoon, Annabella Sciorra, Aretha Franklin, Fanny Ardant, Cacilda Becker, Claire Danes, Diana Ross, Marsha Mason, Jane Goodall, Emma Thompson, Loretta Lynn, Lara Wendel, Pearl Bailey, Juliana Paes, Jayne Mansfield, Ellen Barkin, Elizabeth Montgomery, Joan Crawford, Jessica Lange, Norah Jones, Alberta Hunter, Lara Flynn Boyle, Montserrat Caballé, Billie Holiday, Louise Lasser, Carmem Silva, Ellen Glasgow, Lena Olin, Patricia Arquette, Zizi Possi, Simone Signoret, Claudia Cardinale, Emma Watson, Fergie, Lygia Fagundes Telles, Olivia Hussey, Doris Day, Araci Cortes, Elle Macpherson, Marilu Henner, Rosi Campos, Santa Teresa de Jesús, Bette Davis, Mary Pickford, Debbie Reinolds, Bessie Smith, Emilou Harris, Yasmeen Ghauri, Astrud Gilberto, Odete Lara, Mamta Kulkarni, Keri Russell, Reba McEntire, Chaka Khan, Louise Cardoso, Sarah Jessica Parker, Bonnie Bedelia, Erica Jong, Xuxa, Sarah Vaughan, Gloria Swanson, Dianne Wiest, Ali MacGraw, Maria Clara Machado, Julie Christie.
Todas elas nascidas sob o signo de Áries.

Foto de Leila Diniz, reprodução do filme Todas as mulheres do mundo
Foto de Dona Ivone Lara de Eric Garault
Foto de Marguerite Duras de Roger Viollet
Foto de Marisa Paredes de Uly Martín

Foto de Maya Angelou de John Loengard

sábado, 21 de março de 2009

Arianos


O ator Robert Downey Jr


O músico Ritchie Blackmore, guitarrista do Deep Purple


O pintor Joan Miró


O músico Henry Mancini


O ator e diretor Anselmo Duarte

Eles e Johann Sebastian Bach, Jorge Ben Jor, Tennessee Williams, Chico Marx, Akira Kurosawa, William Hurt, Ayrton Senna, Al Gore, Steve Mc Queen, Lawrence Ferlinghetti, Donga, Christopher Walken, Timothy Dalton, Bob Woodward, Gary Oldman, Alec Guinness, Bela Bartok, Moacyr Scliar, Eric Clapton, Roberto Campos, Arturo Toscanini, Éder Jofre, James Caan, Manuel Bandeira, Marcel Marceau, Ravi Shankar, Jackie Chan, René Descartes, Paul Michael Glaser, Peter Ustinov, Paul Verlaine, Marlon Brando, Rildo Hora, Leo Buscaglia, Lima Duarte, Anthony Perkins, Máximo Gorki, Andre Previn, Robert Frost, Émile Zola, Dusty Springfield, Moreira da Silva, Jean-Paul Belmondo, Ewan MCGregor, Colin Farrell, Monteiro Lobato, Charles Chaplin, Merce Cunningham, Wilhelm Reich, Stephen Sondheim, Gordon Jump, Fernando Botero, Sergei Rachmaninoff, Warren Beatty, Leopold Stokowski, Robert Carlyle, Lenin, Francisco de Goya, Omar Sharif, Antônio Fagundes, Marvin Gaye, Peter Greenaway, Padre Cícero, John Gielgud, Leonardo Da Vinci, Octavio Paz, Philip Ahn, Cazuza, Jimmy Cliff, Oswaldo Lousada, Michael York, Alec Baldwin, Quentin Tarantino, David Frost, Joseph Barbera, Roberto Carlos, Hans Christian Andersen, James Woods, Leonard Nimoy, Christopher Lambert, Vincent Van Gogh, Spencer Tracy, Elton John, Samuel Beckett, William Holden, Ryan O’Neal, Benedito Ruy Barbosa, David Janssen, Rod Steiger, Herbie Hancock, Max Von Sydow, Francis Ford Coppola, Washington Irving, Juan Echanove, Russell Crowe, Milan Kundera, Toshiro Mifune, Federico Fellini, Lupicínio Rodrigues, Al Green, Hugh Heffner, Chico Xavier, Heath Ledger, Joseph Haydn, John Astin, Matthew Modine, Kareem Abdul-Jabbar, William Shatner, Andrew Lloyd Webber, Garry Kasparov, Emilio Aragón (Miliky), Merle Haggard, Igor Stravinsky, Don Adams, Tom Clancy, Gregory Peck, Amácio Mazzaropi, Muddy Waters, Vicente de Carvalho, George Benson, Dennis Quaid, Frank Gorshin, Lionel Hampton, Karl Malden, Braguinha, Ray Charles, Roger Bannister, Harry Houdini, David Lean, Steven Tyler, Alan Arkin, Harold Nicholas, Dirk Bogarde, Roger Corman, Joel Grey.
Todos eles nascidos sob o signo de áries

Foto de Robert Downey Jr de Mary Ellen Mark
Foto de Ritchie Blackmore de Fin Costello
Foto de Joan Miró de Robert Stiggins/Getty Images
Foto de Henry Mancini de Getty Images
Foto de Anselmo Duarte, reprodução do curta Absolutamente Anselmo

sexta-feira, 20 de março de 2009

Sexta-feira non sancta XIII




Muy amigos

Foto dos presidentes Cristina Fernández de Kirchner e Lula da Silva, hoje em São Paulo, da Agência Reuters

quarta-feira, 18 de março de 2009

Natasha




"Os melhores momentos são quando você está no palco, ou filmando uma cena num filme e, de repente, você se sente totalmente livre."
(1963-2009)

Foto de Natasha Richardson no filme A Condesa Branca (The White Countess, 2005), de James Ivory

terça-feira, 17 de março de 2009

Tracey Amin, a arte do privado






Ela já foi uma criança violentada, uma menina má, uma mulher à beira de um ataque de nervos e hoje é a artista inglesa mais renomada.
O objeto da arte dela é a própria vida, em sintonia com o século 21, que veio arrasando a fronteira entre o público e o particular. Tracey Emin, que já se auto-definiu como "alcoólatra, neurótica, psicótica e degenerada", abraça um amplo leque de disciplinas para traduzir esse seu mundo em arte. Seu trabalho inclui instalações, fotografias, desenhos, livros, filmes, pinturas, neon, polaroids e tudo que valha pra ela expressar angústias e paixões.
Suas obras mais conhecidas são a instalação My bed (Minha cama), que reproduz sua cama no cotidiano, sem poupar detalhes, mais como um terreno de batalha que como o abrigo do seu sono; e Everyone I Have Ever Slept With 1963-1995 (Todos com quem já dormi), que é a instalação de uma barraca com os nomes bordados de todos os homens e mulheres com que ela durmiu desde que nasceu até 1995.
Venerada pelos artistas jovens e ressistida e vilipendiada pelos conservadores, representou a Inglaterra na Bienal de Veneza de 2007. E há dois anos que é, para espanto dos inimigos, membro da seleta Royal Achademy of Arts.

Reprodução de Exorcism of the Last Painting I Ever Made (detalhe, 1996)
Reprodução da instalação Everyone I Have Ever Slept With 1963-1995
Foto de Tracey Amin de Hugo Glendinning

domingo, 15 de março de 2009

Tenório Jr, o piano silenciado



Bem antes de ter o desejo que motorizou o Samba no pé, meu primeiro projeto de documentário relacionado com o Brasil e sua música, foi a trágica história de Francisco Tenório Cerqueira Junior, o Tenório Jr, o grande pianista seqüestrado e desaparecido na conturbada Buenos Aires de 1976.
Quando tive as primeiras notícias sobre o desaparecimento de Tenório e as suas circunstâncias, o primeiro que chamou minha atenção foi como eu, que na época já tinha interesse na cultura do Brasil, não havia conhecido esse fato através de alguma fonte brasileira. Afinal, Tenorinho não só era um cidadão brasileiro desaparecido na Argentina mas um músico que tinha viajado acompanhando ninguém menos que Vinicius de Moraes. Mas os brasileiros que eu consultei nem sabiam da tragédia ou meramente tinham “ouvido falar”. Tenório Jr. desapareceu duas vezes, a primeira nas mãos dos seus algozes e a segunda no silêncio do Brasil.
A estrutura do aparelho da repressão na Argentina já estava montada em 1976, na madrugada de 18 de março, seis dias antes da destituição de Isabel Perón pela Junta Militar.
Vinicius de Moraes já era uma figura muito popular e querida na Argentina. Ele tinha começado a excursionar por aqui no final da década de sessenta, junto com Toquinho, Maria Creuza e uma jovem e promissória cantora: Maria Bethânia. Aqui gravaram o hoje cultuado disco La Fusa, que ainda é na Argentina o disco de música brasileira mais vendido. Na época, Vinicius tinha um relacionamento com a argentina Marta Santamaría e muitos amigos, entre os músicos e atores daqui.
Nessa noite, depois do show no teatro Gran Rex, Tenorinho voltou pro hotel Normandie, na rua Rodríguez Peña. Ele marcara um encontro com dois amigos argentinos às duas horas da madrugada. As testemunhas dizem que pouco antes disso, ele deixou um bilhete colado na porta de um dos quartos, anunciando que ia dar uma saída para comprar um sanduíche ou cigarros (as testemunhas diferem) e um remédio. Anos depois, o dono de uma loja de conveniência da Rodríguez Peña com Corrientes, disse lembrar de uma pessoa estrangeira que comprou cigarros e entrou num Ford Falcon verde. Esses eram os carros que usavam os chamados Grupos de tareas, militares e paramilitares que realizavam os operativos e seqüestros.
Tenório foi levado para uma delegacia da área e depois para a ESMA, a temível Escuela de Mecánica de la Armada, que funcionou como um dos campos de concentração onde aconteceram os crimes mais horrorosos.
Vinicius e o resto dos brasileiros foram do desconcerto ao desespero. O passado de diplomata do Poetinha lhe deu uma certa possibilidade de acesso às informações. Mas ninguém sabia de nada. O poeta Ferreira Gullar, que atravessava os anos do seu exílio portenho, também se interessou pelo destino de Tenório Jr. Nada.
Vinicius chegou a dar uma entrevista para a televisão onde o seu rosto aflito denunciava o que estava acontecendo, e inclusive chegou a falar de Tenório na entrevista, que depois não foi emitida.
Os músicos voltaram para o Brasil e começaram a se mexer para conseguir informações. Vinicius entrou com pedido de habeas corpus e rapidamente distribuiu um abaixo-assinado que foi entregue às autoridades. Mas o governo continuou a repetir que nada sabia e o Itamaraty só manifestou que “envidava esforços” para achar o pianista.
Em 1979, em entrevista à Folha de São Paulo, Elis Regina declarou, pouco antes de uma viagem a Buenos Aires:

- Vou fazer um giro pela Argentina que tem não só, pra mim, a finalidade de ir até a Argentina pra fazer um negócio que estão me pedindo já há algum tempo, mas, principalmente, ver se eu agito o lance do Tenório Júnior com o pessoal de lá que sabe onde ele está.

Na verdade Elis, que foi uma das pessoas que mais agitou mesmo para obter informações, se baseou na declaração de um compositor argentino que disse a ela ter visto o Tenório numa prisão na cidade de La Plata.
Por esses tempos, um jornalista -cujo nome desconheço- também andou por Buenos Aires atrás de notícias. Mas as pesquisas batiam com o silêncio oficial.

- Olha, essa pessoa não está viva nem desaparecida, e me disseram que é melhor o senhor deixar de perguntar e voltar para o Brasil.

Só em 1986 saiu à luz outra versão. Um argentino de sobrenome Vallejos foi ao Rio de Janeiro com uma série de dossiers sobre brasileiros desaparecidos na Argentina (seriam sete segundo constam nos arquivos do Brasil) para vender à imprensa. O tal Vallejos teria feito parte do grupo que seqüestrou Tenório Jr. Ele mostrou documentos em que constaria que o Capitão Acosta, célebre torturador da ESMA atualmente preso, entrou em contato com o SNI para requerir informações sobre o cidadadão brasileiro Francisco Tenório Jr.
Outro ofício, datado em 25 de março, uma semana depois do desaparecimento diz, com um cinismo estarrecedor

1) Lamentamos informar a essa representação diplomática o falecimento do cidadão brasileiro Francisco Tenório Júnior, Passaporte n° 197803, de 35 anos, músico de profissão, residente na cidade do Rio de Janeiro.

Mesmo havendo recebido esse ofício, o governo brasileiro não tomou nenhuma iniciativa para recuperar o corpo de Tenório e nem sequer comunicar à família os acontecimentos.
Na época ainda não estava “oficializado” o Plano Cóndor, mas já existia a colaboração e a troca de informações entre as ditaduras da América Latina.
Em 2006, o Estado brasileiro reconhece ter “feito pouco” para dar com o paradeiro de Tenório Jr e o juíz Alfredo França Neto dita sentença de idenização à mulher -que nem status de viúva tinha- e os filhos, por danos morais e materiais. Na sentença, França Neto diz:

“No caso concreto, a violação à dignidade da pessoa humana ocorre no momento em que o Estado não protege, como deve, os seus nacionais, e não atua eficientemente, quando menos, na busca das informações sobre o paradeiro e o destino de Tenório Júnior, e deixa sem qualquer notícia a sua família, ao longo de mais de vinte anos...”

O que parece chegar mais perto da realidade é que Tenorinho foi levado pelo fato de ser um cabeludo de barba que andava na madrugada pela rua, o que já era motivo suficiente para ser detido nos anos de chumbo. Ou que ele foi confundido com mais alguém -o que também acontecia freqüentemente- e depois de ser torturado e sem nenhuma referéncia, virou mais um caso de “queima de arquivo”.
Por acaso estava eu nas filmagens do Samba no pé quando li uma entrevista com o diretor espanhol Fernando Trueba em que ele anunciava o projeto de um documentário sobre Tenório Jr. Deixou então de ser para mim uma possibilidade de filme, mas continuou sendo uma história que sempre me comoveu.
Tenório Jr. era um grande pianista de jazz, dos que experimentaram com samba-jazz e desaguaram na bossa nova. Seu disco de 64, Embalo, é uma referéncia.
Sua tragédia, um absurdo que retrata o lado mais cruel da nossa história.



Foto de Tenório Jr. sem crédito do autor
Reprodução da capa do disco Embalo

sexta-feira, 13 de março de 2009

Dez buscas hilárias que o Google me trouxe


O ator Jerry Lewis... ou será Cherri Luis?


1. Cantor Rick e Marte
(Ou o cantor porto-riquenho que virou dupla sertaneja)

2. Quem sou eu?
(Ou o ataque do internauta existencialista)

3. Eu quero ir pra ver Irene rir
(Ou coitada da Irene que está esperando que o irmão Caetano vá pro exílio de vez)

4. Os seios de Portinari
(Ou a vida secreta do grande pintor brasileiro)

5. Quantos rosto tem nessa foto
(Resultado da pesquisa: Peraí que ainda tô contando)

6. Cherri Luis
(Ou a versão tupiniquim do Professor Aloprado)

7. Frases para mulher traidora
(Resultado da pesquisa: Você quis dizer "corno")

8. Quem inventou Rio de Janeiro?
(Resultado da pesquisa: Foi o pai daquele que está lá em cima de braços abertos)

9. Ursela de Estomago
(Ou a irmã da Ursula do Duodeno)

10. Como Salamão trançava com as mulheres dele grates
(É que ele não tinha dinheiro suficiente para pagar às 700 esposas)


Postagem leve de sexta-feira, para acompanhar o chope.
Quando eu comecei com o blog, não tinha a menor idéia de como funcionava isso. Continuo sendo um leigo, mas na força da dificuldade alguma coisa tive que aprender desse linguajar de SEO, tracking e todas essas palavras em ingrês que esta tecnologia adora.
Primeiro eu descobri que era possível saber de onde vinham os visitantes do meu site. Fiquei intrigado feito criança para conhecer que diabo fazia que alguém desde Taipei ou Sudão acessasse meu blog.
Mas depois descobri que eu ainda poderia saber quais as chaves de busca que traziam às pessoas desde o Google. E na verdade encontrei pesquisas tão inusitadas que um dia resolvi começar a guardar. Porque tem desde os que tratam o Google como se fosse gente até aqueles que procuram ajuda na ferramenta para vingar um amor traído.
Como sempre digo com as outras listas -um pouco mais sérias-, haverá novas entregas.

Foto de Jerry Lewis, reprodução do filme O Professor Aloprado (1963)

quinta-feira, 12 de março de 2009

Era uma vez o Brasil



Todas as casas têm
uma panela de pressão
e qualquer fita verdeamarela
todas as pessoas amarelam
pelo menos uma vez
pelo menos uma vez
todos beberam
água de coco
cachaça
cerveja
todos amaram alguém
pelo menos uma vez
Era uma vez o Brasil
a nação aos poucos
o Brasil de vez
o viés da trama
o amor sem talvez
que pelos menos uma vez
unzinha nem duas nem três
todas as casas têm.

Era uma vez o Brasil, de Juan Trasmonte (Creative Commons)
Foto "São Mateus", de
Tuca Vieira

quarta-feira, 11 de março de 2009

Os abraços quebrados de Almodóvar




O novo Almodóvar vem aí. Los abrazos rotos é estrelada pela recente ganhadora do Oscar, Penélope Cruz, que vive um triángulo de louca paixão (isso que os franceses chamam de amour fou) com seu marido magnata (José Luis Gómez) e um cineasta cego (Lluís Homar).
O filme nasceu de uma fotografia que o diretor tirou há anos de um casal abraçado na areia da ilha de Lanzarote e foi ganhando forma nas noites em que Almodóvar padecia migranhas terríveis, tanto que era preciso que ele ficasse quieto no escuro. Assim foi imaginando esses personagens e essa história que faz homenagem ao cinema negro.
O diretor, que ao meu entender é um grande mestre na filmação de um bom pranto, define sua mais nova criação como "um drama seco", onde os personagens já choraram tudo o que tinham pra chorar, mas isso antes do filme começar.
Enquanto esperamos a chegada da novidade a essas praias, fica essa imagem linda do diretor e sua musa.

Foto de Penélope Cruz e Pedro Almodóvar de Sofía Sánchez e Mauro Mongiello

segunda-feira, 9 de março de 2009

Smiley: a longa vida do sorriso amarelo


Smiley no cartaz do filme Watchmen


Smileys na capa do disco California Über Alles, da banda
punk Dead Kennedys (1979)


Harvey Ball, criador do Smiley

Por trás de um dos maiores ícones da cultura pop existe uma história, no mínimo, curiosa.
O criador do Smiley foi o designer estadunidense Harvey Ball e a criatura já tem quase meio século. Mas assim como os tempos, o Smiley foi mutando e ganhando diferentes significados.
Em 1963, uma companhia de Massachussets resolveu lançar uma “campanha da amizade” para encourajar os seus funcionários nas relações com o público. Eles encarregaram a logomarca a Ball, um herói da Segunda Guerra Mundial que tinha um pequeno estúdio de design na cidade.
Ball escolheu um papel amarelo e fez um círculo para asociar a imagem ao sol. Nem compasso ele utilizou no original. Depois, fez a linha da boca com o sorriso e depois os olhos. Demorou dez minutos em completar o desenho e recebeu 45 dólares pelo trabalho.
Nem ele nem a empresa patentaram o simples desenho.
Em 1970, os irmãos Murray e Bernard Spain usaram o Smiley clássico para vender suas bugigangas e acrescentaram a frase “Have a nice day” (tenha um bom dia). Dois anos depois, eles já tinham vendido 50 milhões de escudinhos com essa brincadeira. Vale resalvar que os Estados Unidos atravessavam a crise da guerra de Vietnã e as pessoas precisavam de mensagens otimistas. A singela imagem da carinha amarela mostrou a força que a linguagem visual já tinha.
O Smiley começou a aparecer nas bandeiras dos hippies que se opunham à guerra, foi capa da popular revista Mad e virou emblema nacional nos Estados Unidos.
Ja na década de oitenta resurgiu com força nas raves, tanto para identificar o movimento pacífico e amoroso quanto para aparecer nas pílulas de ectasy, por sinal, uma droga de design. Mas antes disso, a banda punk californiana, perseguida pela censura, usou o Smiley num collage que asocia o então governador Jerry Brown a um nazista.
Depois foi parar na ficção do filme Forrest Gump, quando o protagonista cria o ícone acidentalmente.
Nesse tempo, o sorriso amarelo já estava envolvido em uma guerra de direitos. O francês Franklin Lufrani tinha registrado a marca em vários paises europeus e o gigante Wal-Mart pretendeu fazer o próprio nos Estados Unidos, mas perdeu a briga com Lufrani, fundador da Smiley World.
Com a internet e através dos sistemas de mensagens, o emoticon do Smiley ficou mais popular ainda no mundo inteiro.
Agora está no centro da trama do filme Watchmen.
Enquanto isso, Harvey Ball, o criador da criatura, morreu em 2001. Jamais reclamou pela autoria do desenho. Foi louvado e premiado, mas continuou trabalhando no seu estúdio de Massachussets.

Desenho da capa do disco California Über Alles de Bob Last e Bruce Slesinger

domingo, 8 de março de 2009

Borges txt (Quarta parte)



1. Na década de setenta, uma revista reune para uma entrevista Jorge Luis Borges -que detestava futebol- com o então diretor técnico da seleção argentina, César Luis Menotti. Depois de uma hora de conversa o escritor diz:

- Que estranho, hein? Ele é um homem tão inteligente, mas teima em falar de futebol o tempo todo.

2. A ceguera de Borges não era completa. Ele conseguia enxergar sombras e de vez em quando recuperava parcialmente a visão. Uma tarde ele descia no elevador junto com seu amigo, o poeta Roberto Alifano, quando soltou:

- Que bonita gravata.

Alifano ficou perplexo

- Mas você está vendo?
- No momento estou. Ela é amarela e tem pequenos pontos brancos. Até a textura eu posso ver. É muito bonita.

Os dois ficaram calados por uns instantes, e depois Borges disse:

- Agora não a enxergo mais.

3. Borges desconfiava dos objetos e muito mais dos aparelhos mecánicos. Um dia ele esperava o elevador junto de um desconhecido. O elevador demorava em chegar e ele ficava impaciente enquanto ouvia o barulho do motor. De repente, disse pro desconhecido:

- Vamos pela escada, que ela já foi completamente inventada.

4. Um jornalista ansioso por uma manchete espetacular para sua entrevista pergunta a Borges:

- O senhor já experimentou drogas?
- Eu tentei fumar maconha várias vezes -
respondeu Borges surpreendendo o jornalista-, mas não consegui. Finalmente optei por ficar com os drops de hortelã.

5. Depois de um jantar com amigos na casa da escritora Silvina Ocampo, Borges divide o taxi com outras pessoas, entre elas, a também autora Sylvia Molloy, a quem Borges acabara de conhecer

- Molloy... Molloy... -diz Borges e cita as vezes em que esse nome aparece na literatura irlandesa-. Eu tenho sangue inglês, escocês e acho que galês, mas não tenho um pingo de sangue irlandês -comenta, irritado o mestre-.

A viagem continua e, ao se despedir de Molloy, Borges diz:

- Para a próxima eu tentarei ser um pouquinho irlandês.

6. Borges foi um eterno candidato ao Prêmio Nobel de Literatura, porém nunca o ganhou, dizem que pelas suas idéias políticas, contrárias ao “progressismo da Academia”. Em 1984, dois anos antes de Borges morrer, quando já era famoso, otorgaram o Nobel ao escritor checo Jaroslav Seifert, desconhecido para o grande público. Os jornalistas, como todos os anos faziam, foram atrás de Borges para saber o que ele opinava.

- Não os culpo. Eu também gostaria de ser descoberto.

Foto de Jorge Luis Borges de Eduardo Grossman

As anteriores entregas dessa série:
Borges txt
Borges txt (Segunda parte)
Borges txt (Terceira parte)

sábado, 7 de março de 2009

Mais Uma (saideira)





Por trás da cena de uma foto como as postadas aqui nos últimos dois dias, há produções que envolvem dezenas de pessoas que cuidam da técnica, maquiagem, figurino, em jornadas extenuantes.
Na primeira foto, Jenny Gage aponta pra Uma Thurman, enquanto seu parceiro Tom Betterton aponta pras duas.
Na segunda foto, o grande Marco Grob nos bastidores do ensaio de capa que Uma fez para a edição russa da revista Elle.



O bonus track é o fotograma do filme de 1988 As aventuras do Barão Munchausen. No filme de Terry Gilliam, Uma representa Vênus, segundo a conceição do pintor renacentista Sandro Botticelli na obra O nascimento de Vênus. Foi no ano da estreia da atriz no cinema.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Todos para Uma (Segunda parte)













Completamos a série iniciada ontem com Uma Thurman, segundo o olhar de fotógrafos da pesada. Qual é a sua preferida?

Fotos de Uma Thurman de:

1)
Marco Grob
2)
Annie Leibovitz
3)
Andrew Cooper
4)
Albert Watson
5)
Patrick Demarchelier
6)
Alexi Lubomirski

quinta-feira, 5 de março de 2009

Todos para Uma














A atriz Uma Thurman já esteve sob as lentes das maiores feras da fotografia. Fiz uma seleção que vou colocar em duas postagens. Dificil escolher uma (quer dizer, uma imagem e não Uma que eu escolheria na boa). Melhor admirar todas.

Fotos de Uma Thurman de
1) David Lachapelle
2) Craig Mc Dean
3) Gilles Bensimon
4) Peter Lindbergh
5) Ruven Afanador
6) Thomas Dubois
7) Jenny Gage e Tom Betterton