1. Na década de setenta, uma revista reune para uma entrevista Jorge Luis Borges -que detestava futebol- com o então diretor técnico da seleção argentina, César Luis Menotti. Depois de uma hora de conversa o escritor diz:
- Que estranho, hein? Ele é um homem tão inteligente, mas teima em falar de futebol o tempo todo.
2. A ceguera de Borges não era completa. Ele conseguia enxergar sombras e de vez em quando recuperava parcialmente a visão. Uma tarde ele descia no elevador junto com seu amigo, o poeta Roberto Alifano, quando soltou:
- Que bonita gravata.
Alifano ficou perplexo
- Mas você está vendo?
- No momento estou. Ela é amarela e tem pequenos pontos brancos. Até a textura eu posso ver. É muito bonita.
Os dois ficaram calados por uns instantes, e depois Borges disse:
- Agora não a enxergo mais.
3. Borges desconfiava dos objetos e muito mais dos aparelhos mecánicos. Um dia ele esperava o elevador junto de um desconhecido. O elevador demorava em chegar e ele ficava impaciente enquanto ouvia o barulho do motor. De repente, disse pro desconhecido:
- Vamos pela escada, que ela já foi completamente inventada.
4. Um jornalista ansioso por uma manchete espetacular para sua entrevista pergunta a Borges:
- O senhor já experimentou drogas?
- Eu tentei fumar maconha várias vezes -respondeu Borges surpreendendo o jornalista-, mas não consegui. Finalmente optei por ficar com os drops de hortelã.
5. Depois de um jantar com amigos na casa da escritora Silvina Ocampo, Borges divide o taxi com outras pessoas, entre elas, a também autora Sylvia Molloy, a quem Borges acabara de conhecer
- Molloy... Molloy... -diz Borges e cita as vezes em que esse nome aparece na literatura irlandesa-. Eu tenho sangue inglês, escocês e acho que galês, mas não tenho um pingo de sangue irlandês -comenta, irritado o mestre-.
A viagem continua e, ao se despedir de Molloy, Borges diz:
- Para a próxima eu tentarei ser um pouquinho irlandês.
6. Borges foi um eterno candidato ao Prêmio Nobel de Literatura, porém nunca o ganhou, dizem que pelas suas idéias políticas, contrárias ao “progressismo da Academia”. Em 1984, dois anos antes de Borges morrer, quando já era famoso, otorgaram o Nobel ao escritor checo Jaroslav Seifert, desconhecido para o grande público. Os jornalistas, como todos os anos faziam, foram atrás de Borges para saber o que ele opinava.
- Não os culpo. Eu também gostaria de ser descoberto.
Foto de Jorge Luis Borges de Eduardo Grossman
As anteriores entregas dessa série:
Borges txt
Borges txt (Segunda parte)
Borges txt (Terceira parte)
- Que estranho, hein? Ele é um homem tão inteligente, mas teima em falar de futebol o tempo todo.
2. A ceguera de Borges não era completa. Ele conseguia enxergar sombras e de vez em quando recuperava parcialmente a visão. Uma tarde ele descia no elevador junto com seu amigo, o poeta Roberto Alifano, quando soltou:
- Que bonita gravata.
Alifano ficou perplexo
- Mas você está vendo?
- No momento estou. Ela é amarela e tem pequenos pontos brancos. Até a textura eu posso ver. É muito bonita.
Os dois ficaram calados por uns instantes, e depois Borges disse:
- Agora não a enxergo mais.
3. Borges desconfiava dos objetos e muito mais dos aparelhos mecánicos. Um dia ele esperava o elevador junto de um desconhecido. O elevador demorava em chegar e ele ficava impaciente enquanto ouvia o barulho do motor. De repente, disse pro desconhecido:
- Vamos pela escada, que ela já foi completamente inventada.
4. Um jornalista ansioso por uma manchete espetacular para sua entrevista pergunta a Borges:
- O senhor já experimentou drogas?
- Eu tentei fumar maconha várias vezes -respondeu Borges surpreendendo o jornalista-, mas não consegui. Finalmente optei por ficar com os drops de hortelã.
5. Depois de um jantar com amigos na casa da escritora Silvina Ocampo, Borges divide o taxi com outras pessoas, entre elas, a também autora Sylvia Molloy, a quem Borges acabara de conhecer
- Molloy... Molloy... -diz Borges e cita as vezes em que esse nome aparece na literatura irlandesa-. Eu tenho sangue inglês, escocês e acho que galês, mas não tenho um pingo de sangue irlandês -comenta, irritado o mestre-.
A viagem continua e, ao se despedir de Molloy, Borges diz:
- Para a próxima eu tentarei ser um pouquinho irlandês.
6. Borges foi um eterno candidato ao Prêmio Nobel de Literatura, porém nunca o ganhou, dizem que pelas suas idéias políticas, contrárias ao “progressismo da Academia”. Em 1984, dois anos antes de Borges morrer, quando já era famoso, otorgaram o Nobel ao escritor checo Jaroslav Seifert, desconhecido para o grande público. Os jornalistas, como todos os anos faziam, foram atrás de Borges para saber o que ele opinava.
- Não os culpo. Eu também gostaria de ser descoberto.
Foto de Jorge Luis Borges de Eduardo Grossman
As anteriores entregas dessa série:
Borges txt
Borges txt (Segunda parte)
Borges txt (Terceira parte)
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