quarta-feira, 9 de julho de 2008

George Bernard Shaw e a distribuição de renda


- Como vê o senhor a situação económica da Inglaterra? As coisas vão piorar ou o velho pais conseguirá se dar bem?
- Ficou tarde demais para falar se a Inglaterra ou qualquer outra nação vai se dar bem. A pergunta hoje é: a civilização vai se dar bem? (...) Todo estudioso sério do assunto sabe que a estabilidade de uma civilização depende, no final das contas, da sabiduria com que ela distribui sua renda e tutela a carga de trabalho, assim como da veracidade da educação que fornece às suas crianças. Nós não distribuímos nossa renda em absoluto: a jogamos na rua para que briguem por ela os mais fortes e os cobiçosos, entre aqueles que estejam dispostos a se humilhar nessa briga, depois de entregar a parte do leão aos ladrões profissionais, gentilmente chamados de proprietários.
Enchemos de mentiras às nossas crianças e punimos todo aquele que tenta jogar luz nelas. Os remédios que administramos para reparar as conseqüências da nossa demência são mais impostos, inflação, guerras, vivisecções e inoculações, vinganças, violência, magia negra.Quanto à reforma, nem sequer temos suficiente bom senso para reformar a nossa ortografia. Não quero nem falar! Pergunte outra coisa!

Poderia ser o jornal de hoje, mas não é. Essa entrevista com o dramaturgo irlandês George Bernard Shaw é de 1931. Foi feita por Hayden Church e publicada no Liberty. Mais de setenta anos depois, as velhas questões não foram resolvidas, as velhas mazelas continuam sendo as mesmas.
Foto de John Hammond
Versão para o português de Juan Trasmonte

Um comentário:

Anônimo disse...

Lendo textos assim que percebemos quantas coisas ainda continuam (infelizmente) do mesmo jeito, mas um dia a gente muda esse mundo pra melhor. Parabéns pelos ótimos textos em seu blog Juan!