terça-feira, 22 de julho de 2008

Klaus oficialmente maluco


Herzog é um indivíduo miserável, rancoroso, invejoso, fedorento de ambição e cobiça, malvado, sádico, traidor, chantagista, covarde e um farsante da cabeça aos pés. Seu suposto "talento" consiste únicamente em torturar criaturas sem defesa e, se for preciso, matá-las de cansaço ou assasiná-las. Ninguém nem nada lhe interessa, exceto a sua penosa carreira de pretendido cineasta. Impulsado por uma ânsia patológica de causar sensação, ele mesmo provoca as mais absurdas dificuldades e perigos e põe em jogo a segurança e inclusive a vida dos outros, só para depois poder dizer que ele, Herzog, tem subjugado forças aparentemente insuperáveis. Para os seus filmes acode a pessoas pouco desenvolvidas mentalmente e diletantes, aos que pode dirigir como bem quer (e, em teoria até hipnotizar!), aos que paga um salário de fome, e isso se ele pagar. O resto são aleijados e abortos de todo tipo, a fim de parecer interessante. Ele não tem a menor idéia de como se faz um filme. Já nem tenta me dar instruções. Faz tempo que renunciou a me perguntar se eu estou disposto a fazer suas tediosas besteiras, pois eu lhe tenho proibido de falar.

Diario das filmagens do Aguirre, a cólera dos deuses, de Klaus Kinski (fragmento)
Versão para o português de Juan Trasmonte

A notícia de hoje diz que foi achada na Alemanha a história clínica de Klaus Nakschinki, o ator Klaus Kinski. O documento do artista morto em 1991 vem descobrir o que era óbvio: Kinski tinha sérios problemas mentais. A descrição diz na sua primeira página: "diagnóstico temporário: esquizofrenia. Definitivo: psicopatia" e define o paciente como um "perigo público".
O texto postado acima é um fragmento do diário das filmagens do Aguirre, um dos seis filmes que ele fez com o diretor também alemão Werner Herzog.
O relacionamento deles verdadeiramente só Freud explica. Existem inúmeras histórias contadas pelo próprio Kinski, por Herzog no documentário Meu melhor inimigo e outras lendas que ficaram no tempo na fronteira entre a fantasia e a realidade. Entre elas, Kinski contou que Herzog queria matá-lo ("tenho aqui oito balas pra você e uma pra mim!") e Herzog contou que no meio das filmagens do Aguirre, o cacique da tribo que estava trabalhando no filme lhe ofereceu gentilmente "acabar com o diabo".
Agora que Klaus é oficialmente maluco, também pode se entender de onde veio a grande arte dele.

Foto de Thomas Mauch de Klaus Kinski caraterizado como Aguirre. Na segunda foto o ator com o diretor inimigo.

4 comentários:

mara* disse...

Uma relação de amor e ódio entre dois loucos que tinham o ego maior que a Amazônia. Só um louco para agüentar outro louco.

obrigada pela visita. um abraço.

Juan Trasmonte disse...

"Dois loucos que tinham o ego maior que a Amazônia" rsss Adorei, Mara. Mas é assim mesmo, a iguais doses de ódio correspondem iguais doses de paixão.
Obrigado pela visitam a casa é sua
Abs.

Cecilia Alfaya disse...

Oi. tava passeado por ai e parei aqui, gostei do blog, vou linka-lo no meu para poder visita-lo sempre. Até mais.

Anônimo disse...

Com relação aos comentários, me desculpem, mas a loucura do Kinski não se compara à qualquer loucura do Herzog: esse sujeito era doentio mesmo. Existem gravações dele em brigas horríveis, inexplicáveis dele durante a filmagem do Aguirre, enquanto os índios ficam olhando assustadíssimos à histeria dele. Foi de passar vergonha.