segunda-feira, 28 de julho de 2008

O declínio moral segundo Al Capone




Devemos manter à América íntegra, salva, livre da corrupção. Se as máquinas tirarem as vagas dos operários, teremos que achar outra coisa que eles possam fazer. Devemos manté-los afastados da literatura e as armadilhas dos vermelhos para nós certificar que as mentes deles permaneçam sadias.
(...) Hoje em dia as pessoas não respeitam mais nada. Antes colocávamos num pedestal à virtude, a honra, a verdade e a lei. Tivemos quase doze anos para aprumar-nos e olha em que caos virou a vida! Hoje tem mais gente bebendo álcool nos bares clandestinos que todas as pessoas que bebiam antes de 1917. É isso que opinam sobre o respeito à lei. Ainda assim não podemos chamar à maioria das pessoas de criminosos, embora tecnicamente o sejam. Entre o povo aumenta a sensação de que a proibição é responsável pela maioria dos nossos males, mas também cresce o número de pessoas que atua contra a lei.
Faz dezesseis anos que eu cheguei a Chicago com quarenta dólares no bolso. Três anos depois já era casado. Meu filho já está com doze anos, continuo casado e amo minha mulher. Nós tinhamos que viver, eu era mais novo e achava que precisava mais coisas. Não achava justo proibir ninguém que tentasse obter o que desejava. Achava, e continuo achando, a Lei Seca uma lei injusta. De alguma maneira fui encostando naturalmente na ilegalidade. E suponho que vou continuar até que a lei seja abolida.

Se eu não tivesse colocado essa manchete, caros leitores, vocês jamais teriam imaginado que o autor dessas declarações foi Al Capone, o mais famoso gangster de todos os tempos.
Esse texto é um fragmento da entrevista que concedeu a Cornelius Vanderbilt Jr. -da dinastia dos descendentes do magnata das ferrovias-; um mestre do jornalismo que chegou a quebrar uma vitrine para ser preso e poder entrevistar ao Hitler, que estava na cadeia, nos primórdios da sua atuação política.
Essa entrevista foi publicada na revista Liberty, apenas dias antes de Capone ser preso no processo por sonegação de impostos. Como é sabido, as autoridades não conseguiam provar suas atividades criminosas. Capone permaneceu preso nove anos e depois, ainda rico mas doente e sem poder foi morar numa mansão em Miami. Morreu aos 48 anos.
Em 1990 a reconstrução do seu processo mostrou que as provas com que ele foi condenado não ressistiriam um juízo na atualidade.

Fragmento da entrevista de Al Capone a Cornelius Vanderbilt Jr.
Versão para o português de Juan Trasmonte
Foto de Al Capone pescando em Palm Beach
Na segunda foto, de 1930, o local em Chicago onde Capone dava sopa e café de graça para os desempregados

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