Quando Sinéad canta, fecha os olhos com a cabeça voltada para o chão. As vezes ela os abre e troca breves olhares cúmplices com os músicos e ensaia leves sorrisos, um movimento apenas das comissuras dos lábios que desenha dois buraquinhos nas bochechas dela.
Depois, volta a fechar os olhos e abaixar a cabeça.
Outras vezes, ela encara o auditório e o seu olhar aparece no conjunto de sobrancelhas, cílios, brilho e significantes. Se for uma música como Fire on Babylon ou The last day of our acquaintance, melhor não ser o objeto olhado. Não devem existir muitos seres capazes de sustentarem indenes um olhar desses.
As vezes, ela faz uns passos de dança, pequenos. Tudo é económico nela, menos a voz.
Outras vezes ela usa a palma da mão esquerda em alto para sustentar uma nota, como se quisesse acompanhar o ar ou como se quisesse deter o peso da canção. Porque quando Sinéad canta o que nasce ou renasce é o peso da canção. Ela traz no corpo e no corpo que a voz é, fantasmas ancestrais; chagas próprias e de outros seres; sedes; sedimentos e sentimentos sem tempo, em estado puro.
Quando Sinéad canta a vida é como ela é, no maior esplendor da sua beleza, no maior desalento da sua dor.
Foto de Sinéad O'Connor de Thomas Canet
Depois, volta a fechar os olhos e abaixar a cabeça.
Outras vezes, ela encara o auditório e o seu olhar aparece no conjunto de sobrancelhas, cílios, brilho e significantes. Se for uma música como Fire on Babylon ou The last day of our acquaintance, melhor não ser o objeto olhado. Não devem existir muitos seres capazes de sustentarem indenes um olhar desses.
As vezes, ela faz uns passos de dança, pequenos. Tudo é económico nela, menos a voz.
Outras vezes ela usa a palma da mão esquerda em alto para sustentar uma nota, como se quisesse acompanhar o ar ou como se quisesse deter o peso da canção. Porque quando Sinéad canta o que nasce ou renasce é o peso da canção. Ela traz no corpo e no corpo que a voz é, fantasmas ancestrais; chagas próprias e de outros seres; sedes; sedimentos e sentimentos sem tempo, em estado puro.
Quando Sinéad canta a vida é como ela é, no maior esplendor da sua beleza, no maior desalento da sua dor.
Foto de Sinéad O'Connor de Thomas Canet
4 comentários:
Ah Juan! Que maravilhosa crônica! Tão doce quanto Sinéad. O meu algodão doce. Quando ela canta, encanta. É linda. Sofrida, como todos os que sofrem abusos na infância. Ousou enfrentar o Vaticano em protesto contra os abusos sexuais cometidos dentro da Igreja Católica. Os hipócritas que caçam e condenam os homossexuais, como ela, e escondem sob suas saias engomadas os pedófilos. Obrigada por essa beleza de homenagem. E pela estupenda foto.
Beijão
Juan, eu já notei sim como ela se apresenta. É o sentimento e a voz.
Eu gosto dela, das músicas, do som, do expressar.
Por favor, recebo tantas indicações que perco trabalhos especiais quanto os seus, se possível, mande para outro e-mail particular:
sissi.mascarenhas@gmail.com
assim fica selecionado e posso acompanhar melhor.
Eu te agradeço as palavras, Mara.
Beijo grande
Sissy, depois te mando um e-mail. Obrigado (muito) pelo carinho.
bjs
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