quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Língua dividida



Minha língua dividida
minha faca de dois gumes
vaga lume
andas nas trevas
sangra presa na mordida
é uma língua que são duas
traz o lamento dos mouros
e a cruz dos conquistadores
a dor no olhar do Pessoa
quevedos andrades e outros
todos tamizados
nos suspiros hernandianos
igual língua viperina
é uma língua que são duas.

Língua dividida, de Juan Trasmonte (Creative Commons)
Reprodução de mapa da época com a linha do Tratado de Tordesilhas dividindo as terras do rei de Castela das do rei de Portugal

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi Juan, tudo bem?
Realmente não deve ser fácil essa mistura.
Parabéns pela poesia, muito bonita mesmo! Um abraço!