terça-feira, 9 de janeiro de 2007

Waly Salomão




Minha boca saliva porque eu tenho fome
E essa fome é uma gula voraz que me traz cativa
Atrás do genuíno grão da alegria
que destrói o tédio e restaura o sol
No coração do meu corpo um porto jóia existe
dentro dele um talismã sem par
que anula o mesquinho o feio e o triste
mas que nunca resiste a quem bem o souber burilar
Sim, quem dentre todos vocês minha sorte quer comigo gozar?
Minha sede não é qualquer copo d'água que mata
essa sede é uma sede que é sede do próprio mar
essa sede é uma sede que só se desata
se minha língua passeia sobre a pele bruta da areia
sonho colher a flor da maré cheia vasta
eu mergulho e não é ilusão, não , não é ilusão
pois da flor de coral trago no colo a marca
quando volto triunfante com a fronte coarada de sargaço e sal
Sim, quem dentre todos vocês minha sorte quer comigo gozar?
Sim, quem dentre todos vocês minha sorte quer comigo gozar?


Talismã, de Waly Salomão, aquele que dizia "Eu faço versos como quem talha, a facão"

Foto de Xandô Pereira

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