domingo, 18 de janeiro de 2009

Sobre imediatez, maldade e rigor



Hoje ao meio-dia li nos jornais on line sobre a internação da Tia Doca, lendária pastora da Velha Guarda da Portela.
Quando acabei de ler os jornais brasileiros e argentinos, uma rotina dos domingos para mim, abri o e-mail e me deparei com uma mensagem de uma querida amiga anunciando o falecimento da artista. Como ela é uma pessoa íntima da escola de Madureira e abalado como eu estava, nem me preocupei por checar a notícia.
Escrevi um texto curto e postei um link para a revista Zé Pereira, que contém uma entrevista com Anna Azevedo, que também dirigiu o documentário Batuque na cozinha sobre a intimidade das pastoras Doca, Eunice e Surica com samba e culinária.
Porém depois de enviar o texto pro blog, pro ar... pra não sei onde, pra onde é que vão as coisas que a gente enfia na internet? Depois disso enfim, voltei aos jornais, aos sites de samba, às comunidades do Orkut. Ninguém dizia nada. Sobre os jornais on line nem achei tão estranho. O Globo costuma colocar no seu site na sexta-feira notícias que o domingo continuam lá.
Mas quando vi que lugar nenhum confirmava a morte de Tia Doca, resolvi retirar a postagem e apagar os links dos agregadores de notícias, pois a manchete já estava neles.
Pouco tempo depois, recebi outra mensagem da minha amiga dizendo que tudo foi um maldoso boato, que começou ontem à noite no ensaio técnico da escola e correu como fogo no pavio. Ela e outros tantos e eu por conseqüência fomos vítimas desse trote.
Trabalhei muitos anos da minha vida exercendo a profissão de jornalista. Sempre fui muito rigoroso com a máxima de checar a fonte. Vivendo e aprendendo. Nesses tempos da internet é preciso dobrar os cuidados. Esse velocino de falso ouro da imediatez com que tudo acontece na rede pode nos causar dores na alma e na cabeça ao mesmo tempo.
A boa notícia -e verdadeira- é que Tia Doca está lá, lutando. Peço desculpas pelo involuntário mal momento que posso ter causado.

Foto de Tia Doca de Michael Ende

4 comentários:

Anônimo disse...

E o que me deixa mais triste e com raiva, amado Juan, é que a notícia falsa sobre o passamento de Jilçaria Cruz Costa, Tia Doca da Portela a quem carinhosamente chamo de "minha vaca véia favorita", partiu de gente que conosco convive. As 19 horas desse domingo consegui falar com o médico que a está atendendo. O quadro é de crise hipertensão já controlada.

Essa Doca é foda...pode envergar mas quebrar nunca!!!

Bia Alves (que assim, como Régia, confiou em alguém com má indole)

Anônimo disse...

Sim palavras...

Daniela Figueiredo disse...

Juan, infelizmente este tipo de coisa pode acontece. Ao ler o post, lembrei de uma entrevista da Etty Fraser no Programa do Jô, falando da vez que o Programa da Hebe tinha "matado" ela. Em uma homenagem, com slides de fotos, aos mortos do ano que tinha passado, viu que fazia parte deles. Ela ligou para o programa e disse que quem estava falando era uma das mortas que fizeram a homenagem (ela é muito divertida, ri muito com a entrevista). No fim, chamaram ela para um dos programas para retificarem a notícia.
O importante é que tudo ficou esclarecido, enganos acontecem.
Beijos.

Anônimo disse...

Ainda quero ir ao samba da Tia Doca. Torço pela sua recuperação. Fiquei sabendo mais da casa da Tia Doca num colóquio sobre trabalho forçado africano, aqui em Salvador.
Soraya