domingo, 1 de julho de 2007

Eu morei na sua rua


Eu morei na sua rua
paralelo ao descontrole
fogões usados, despachos
noites de segunda-feira
fim de tarde com as velhas
suas roupas coloridas
seus cachorros diminutos
fim de noite com as putas
arroz branco no Nogueira
numa esquina o maluco
dirige o tránsito sério
feito guarda municipal
e os evangélicos cantam
por atalho celestial
Eu morei na sua rua
fim de feira é um real
maresia padaria
cheiro de alho total
Pão de açúcar saideira
solidão que não demora
aberta vinte e quatro horas

Eu morei na sua rua, de Juan Trasmonte (Todos os direitos reservados)
Foto do Lido, Copacabana, Rio de Janeiro, em 1923

6 comentários:

Anônimo disse...

A foto é da praça do Lido, mas "Pão de açúcar saideira
solidão que não demora
aberta vinte e quatro horas" não é Marques de Abrantes?
Porque eu sim, já morei na sua rua!
Beijos, meu amigo, saudades (aquela de que já falei)

Juan Trasmonte disse...

Ale, sempre é lindo te ver por aqui. Na verdade não é uma referência ao Picote -que nada me custaria- mas ao supermercado Pão de Açúcar que está na Viveiros de Castro, aberto vinte e quatro horas. Bjs!

Anônimo disse...

Ahã... Pensei no Pão de Açucar, também 24 horas, da Marquês de Abrantes. Lembra? ;-)

Juan Trasmonte disse...

Lembro perfeitamente, na "nossa" vizinhança. Também salvou minha vida muitas noites esse outro Pão de Açúcar. São dois 24 horas com..., vamos dizer,composições tipológicas humanas diferentes... bjs!

Anônimo disse...

Saquei meu amigo, saquei!!!

Juan Trasmonte disse...

Aliás, lendo e relendo e voltando a ler, redescubro uma certa tristeza no final desse poema, que não era a intenção no momento em que escrevi, mas pintou assim. Vc sabe o que começa a escrever mas não sabe pra onde vai. Más ficou lá essa marca do sentimento de solidão que as vezes atravessou a minha primeira fase de vida estrangeira.