quinta-feira, 10 de abril de 2008

Vidigal


Corpos despencam
batem nas pedras
dormem no mar
final no Vidigal
corpos que deixam
traços de vida
em cada ferida
silêncio sal
espumareia
no Vidigal
corpos em série
fora de foco
tomada corte
peridural
no Vidigal
costas encostas
bocas abertas
portas fechadas
é nós na fita
na eterna fita
fundido a negro
ponto final
no Vidigal.

Vidigal, de Juan Trasmonte (Creative Commons)
Foto do costão da avenida Niemeyer de Oscar Cabral
Escrevi esse poema quando morava no Rio de Janeiro, no meio dos episódios de violência na disputa pelo controle dos pontos-de-venda de drogas no Vidigal e na Rocinha. Foi em avril de 2004. Faz exatamente quatro anos.

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