quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

O grande outro


Tantas vezes escovei os dentes
e agora essa dor está me-matando
tanto tempo eu dei por beijo
e agora minha boca está secando
o outro é tão grande o grande outro
que o desespero enfim ficou pequeno
tanta pressa para chegar na hora
e a impressão eterna do atraso
correr e percorrer não há destino
no fim do dia espera o cansaço
tanto incenso queimei meditando
e a paz fugiu na fúria do cavalo
são tantas vezes tanto tanto quanto
volta tudo por tudo o que é canto.

O grande outro, de Juan Trasmonte (Creative Commons)
Reprodução de Saturno devorando um de seus filhos, de Goya, da sua série Pinturas negras

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