sexta-feira, 10 de julho de 2009

Os dias nunca são iguais



Os dias nunca são iguais
hoje eu me sinto a vontade
e depois não
as vezes sinto fome
outras quero vomitar
tem dias que a parede está mais suja
e outros em que a bruma não me deixa ver
coisíssima nenhuma
Tem horas em que tenho assim
uma necessidade
de cafeína nicotina qualquer coisa
no vazio
e uma dor pungente pela dor
que dói nos outros
porém os dias nunca são iguais
e há dias em que eu quero
que se lixem
e viro um sujeito egoísta
e o meu umbigo fica feito um sol
tem dias em que amasso o lençol
e dias em que durmo como um gato
meu corpo anda sem marca pelo espaço
flutuo sem vestígio de presença
há dias para encher a geladeira
e dias de silêncio e jejum
as vezes coexistem as belezas
as vezes os fedores e o alecrim
o éxtase deslinda do horror
assim como as peles do abraço
de vez em quando o dia só oferece
a esperança de um outro dia
que sempre achamos novo de manhã
e saldo de brechó no fim do dia.

Os dias nunca são iguais, de Juan Trasmonte (Creative Commons)
Foto de Jorge Aguirre

3 comentários:

Janaina Amado disse...

JAMAIS meus dias são iguais, graças a Deus! Lindo poema, Juan.

Marce. disse...

Y hay días, que son sólo días...Besos.

Edu O. disse...

isso, assim, sou eu?