sábado, 15 de março de 2008

Oscar Alemán


"Nasci no Chaco, em Resistencia. Sou filho de uma índia e de Jorge Alemán, um homem que ganhava a vida do jeito que podia. (...) Era o ano de 1920. O fato só de comer custava muitíssimo, e olha que nós éramos quatro irmãos e todos contribuíamos. (...) Apesar do esforço nem sempre havia carne para botar no cozido, por isso a gente foi para o Brasil.
(...) Também no Brasil a vida era muito dura. Muitas vezes dormiamos numa praça e eu ganhava uns trocados abrindo portas de carros. Na época já gostava muito da música e especialmente do violão. Sempre que tivesse alguém tocando eu ficava por perto, olhava como botava os dedos, como mexia as mãos. Poderia dizer que aprendi a tocar olhando.
(...) Um dia recebemos a notícia da morte da minha mãe. Depois disso meu pai desabou e acabou suicidando."


Oscar Alemán foi o maior violonista não brasileiro de música brasileira. Com Gaston Bueno Lobo, que foi seu guia no instrumento e seu pai adotivo, formou Les Loups. Foi pra Europa e virou showman: dançava, cantava, tocava o pandeiro e fazia malabarismos com o violão e a guitarra. Na época começou a ser reconhecido como um grande guitarrista de jazz. Foi contratado por Josephine Baker e Duke Ellington quis leva-lo para os Estados Unidos.
Seu virtuosismo as vezes distraiu a atenção da sua obra maravilhosa no jazz, na música brasileira e no tango. Esquecido e revalorizado por fases na Argentina, foi um grande divulgador da música brasileira. Muitos por ele conheceram melodias inesquecíveis sem saber quem eram seus compositores, obras de Herivelto Martins, Hervé Cordovil e Caymmi, que Oscar gravou junto com as próprias.
"Grandes mestres me disseram que não conseguem explicar como alguém que não sabe música pode fazer harmonias do jeito que eu faço. Eu também não sei. Eu não sei nada, só sei que sai assim".

Um comentário:

Anônimo disse...
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