domingo, 15 de abril de 2007

Adeus



Agora
a distância se fez agora
de novo
queria estar por perto
para querer ficar longe
queria eu e você
para querer ser ninguém
queria seu silêncio seu descaso
o dia-a-dia mais desinteressante
os segundos de leveza os risos bobos
dos desenhos animados
nosso quarto que nunca foi nosso
nem meu nem teu nem quarto
tudo que é nosso
esse não querer saber
essa tensão que vem do osso
agora o que é que eu digo
agora o que é que eu falo
a angústia do teu corpo solto
preso na rodoviária
os grilos que do mesmo jeito cantam
a mão na minha cara
para lembrar que esqueci
de quando eu fiz a barba
sirene ululante longe
corre atrás de outras dores
a solidão bucólica do golfe
o cheiro do seu cabelo
em minha mão
o mesmo cheiro que eu
nunca guardei
o mesmo que você
nunca abriu
todos os meus olhares
procuram tua presença
amor raiva e piedade
desencontro
luz sereno píer branco.

Juan Trasmonte (Todos os direitos reservados)
Foto de Francesca Dotta

Um comentário:

Anônimo disse...

Juan querido, que lindo... que angústia que dá de ler... um nó na garganta! Quanta dor... Beijo! Te adoro!