sábado, 17 de março de 2007

Carta para Elisa



Na casa da minha mãe achamos uma pasta com papeis e documentos que minha vó paterna guardava. A descoberta é fundamental para tentar reconstruir a história do meu pai que estava completamente fragmentada pelo desmembramento da família dele.
Há uns documentos e lembranças incríveis entre esses papeis. Segue uma carta para minha bisavó Elisa enviada desde Porto pela sua cunhada Maria, onde fala também da "pequena René", minha vó. Tentei transcrever com a maior fidelidade, incluindo até os erros do original.

Publico no blog por ser esse um espaço da condição estrangeira, seja de pessoas, lugares ou sentimentos.




Porto 12 de fevereiro 1913

Minha boa Elisa


Escrevi-lhe quando aqui esteve D Antonio Moutinho e tambem o mesmo Sr foi portador de uma carta que lhe enviei junto ao estojo de costura que ia pa a Maria René; não sei se a Eliza me respondeu á dita carta e se devem caminha-se ou então não me escreveu, se assim fosse receio bem que seja por falta de saude a qual eu deveras sentiria.
Eu tenho andando apoquentada com o reumatismo e o Ferreira mal da sua bronchite porem vamos indo gemendo e andando.
Ainda não tirei a minha photografia porque não se ofereceu occasião para o fazer, mas quando poder eu lhe enviarei o meu retrato.
Aceite muitas saudades minhas pa a Eliza e beijos para a pequena René e logo que receba esta pedia para quando me escreva diga de D Antonio teve feliz viagem; Eu fiquei muito grata pela sua amabilidade para connosco.

Sua affetuosa amiga e cunhada
Maria

2 comentários:

livrepensar disse...

São as pontes de madison do Juan, as "pontes de Juan", que levam a outro lado e revelam mais que o passado, descortinam um pouco do que somos. Acredito que todas as histórias de nossa família se cruzam e se refazem em nós em algum momento.

livrepensar disse...

São as pontes de madison do Juan, as "pontes de Juan", que levam a outro lado e revelam mais que o passado, descortinam um pouco do que somos. Acredito que todas as histórias de nossa família se cruzam e se refazem em nós em algum momento. E no Juan, tudo se refaz pleno de emoção e sensibilidade!