segunda-feira, 5 de novembro de 2007

A arte de perder


The art of losing isn't hard to master;
so many things seem filled with the intent
to be lost that their loss is no disaster.

Lose something every day. Accept the fluster
of lost door keys, the hour badly spent.
The art of losing isn't hard to master.

Then practice losing farther, losing faster:
places, and names, and where it was you meant
to travel. None of these will bring disaster.

I lost my mother's watch. And look! my last, or
next-to-last, of three loved houses went.
The art of losing isn't hard to master.

I lost two cities, lovely ones. And, vaster,
some realms I owned, two rivers, a continent.
I miss them, but it wasn't a disaster.

Even losing you (the joking voice, a gestureI love)
I shan't have lied. It's evident
the art of losing's not too hard to master
though it may look like (Write it!) like disaster.

One art, de Elizabeth Bishop

A arte da perda é fácil ter;
por tanta coisa cheia de intenção
de ser perdida não dá pra sofrer.

Perca algo todo dia. Perder
chaves aceite, junto com a aflição.
A arte da perda é fácil ter.

Treine perder muito sem se deter:
lugares, e nomes, a comichão
de viajar. Nada fará sofrer.

Perdi jóias da mamãe. E dizer
que perdi casas que amei de paixão.
A arte da perda é fácil ter.

Perdi duas cidades. E o prazer
de um continente na palma da mão.
Sinto falta mas não dá pra sofrer.

Até perder você (a voz, o ser
que eu amo) não devia mentir. Não,
a arte da perda se pode ter
embora pareça (diga!) sofrer.

Uma arte, de Elizabeth Bishop, versão para o português de Jorge Pontual
Achei belíssimo esse poema que descobri no filme On her shoes e, claro, fui farejar na obra da poeta. Então me deparei com a sua incrível história no Brasil.
Viajando pela América, Elizabeth parou no porto de Santos, pouco depois passou mal por causa de uma intoxicação com caju e -disse- foi tão bem cuidada que foi ficando e ficou. Andou pelo Brasil -que definiu como "um pais cheio de cascatas"-, viveu um grande amor e escreveu poemas maravilhosos e longas cartas onde seu olhar estrangeiro fica dividido entre a paixão e a estupefação.
Na foto pequena está ela com seu inseparável gato no aterro do Flamengo

2 comentários:

Anônimo disse...

Que legal. Eu vi esse filme com Hermana.
Levei um susto daqueles. Achei que tinha perdido todos os meus 80 cds! (Os 80 que trouxe num desses "cases") Fiquei triste, triste, triste, triste, triste, triste, triste... Mas de repente, achei! ;) Nunca mais perco, juro, nunca mais.

Juan Trasmonte disse...

Luluzinha, Santo Antonio trabalha pra isso rssss Eu já te disse, esse case na hora h pode salvar tua vida. beijos!