domingo, 15 de junho de 2008

O Maio Francês segundo The New York Times


"É proibido proibir"; "Permite-se fumar... maconha". Com frases desse tom nas paredes e bandeiras vermelhas nos telhados La Sorbonne continua ocupada pelos estudantes. A revolta se espalhou por nove universidades.
O sistema de educação superior se encontra em completo caos, com estudantes dando aulas em lugar de assisti-las. As autoridades universitárias perderam o controle sobre os alunos e, em alguns casos, sobre os prédios. Estudantes e professores discutem uma reforma universitária sobre bases totalmente novas.
Enquanto isso, o governo francês enfrenta uma enérgica moção de censura no parlamento, que produzirá um forte impacto no regime de De Gaulle.
Universitários extremistas lançaram a idéia de acabar com o sistema de provas e franquear aos operários todas as unviersidades.
Os programas seriam decididos pelos estudantes e os trabalhadores.
As provas que devem ser aplicadas daquí a pouco terão de ser adiadas, pois junto com a reforma universitárias os estudantes exigem a demissão do Chefe da Polícia de Paris, e dos ministros da Educação e do Interior.
O Teatro Odeon, um dos principais de Paris, foi fechado pelos estudantes, que colocaram um cartaz na porta: “Nas circunstâncias atuais o Odeon está fechado aos espectadores burgueses”.
Os dirigentes da ala extremista estudantil se comprometeram para levar a revolta às casas e às fábricas “até que uma revolução permanente consiga destruir a opulenta sociedade francesa”.
Nenhuma destas organizações parece ter vínculos com o comunismo convencional. O verdadeiro estandarte que preocupa hoje à Europa é a bandeira preta do anarquismo.

Escrito em 1968 por C.L. Suzberger, correspondente em Paris do jornal The New York Times, versão para o português de Juan Trasmonte.



Mostra dos famosos graffitis escritos pelos estudantes franceses

- Todo mundo quer respirar e não pode. Muitos dizem vou respirar depois. Muitos não morrem porque já estão mortos.
- Eu declaro o permanente estado de felicidade.
- É proibido proibir
- Não queremos um mundo onde a certeza de não morrer de fome traga o risco de morrer de tédio.
- Corre camarada, o velho mundo te persegue.
- Debaixo do asfalto está a praia.
- Não mudemos de chefe. Mudemos de vida.
- A poesia está na rua

Na primeira foto, um dos muitos confrontos dos estudantes com a polícia. Na segunda foto, de Jacques Haillot, o líder do movimento, Daniel Cohn-Bendit.

Nenhum comentário: