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sábado, 26 de julho de 2008

Dez grandes artistas brasileiros pouco divulgados





1) Maurício Pereira

Formou na década de oitenta, junto com André Abujamra a irreverente banda Os Mulheres Negras, que deixou, entre outros, o ótimo Música serve pra isso. Depois do fim dos Mulheres, Maurício Pereira vem construindo uma carreira solo de uma liberdade criativa admirável, com obras como Na tradição, Pramarte e o imprescindível Mergulhar na surpresa.

2) Adriana Deffenti

Os artistas gaúchos possuem uma informação musical única que inclui a riqueza do Brasil mais o que vem do eixo Argentina-Uruguai. Com formação lírica, um olho certeiro na escolha do repertório e um misto exato de técnica e emoção, Adriana merece ser reconhecida entre as melhores cantoras do Brasil atual. O disco que leva seu nome é um presente para os ouvidos e corações afortunados por onde entrou.

3) Jovelina Pérola Negra

Se bem no mundo do samba carioca, ela é uma figura muito reconhecida, Jovelina foi da época em que cantor era cantor e sambista era sambista. Apesar dessa última fornada em que o samba voltou para a grande mídia, existem numerosos exemplos de artistas que não tem o valor que merecem além das fronteiras do gênero. Nos Estados Unidos, uma cantora dos quilates da saudosa Jovelina seria reverenciada por todas as mídias e não só pelo mundo do samba.

4) Elomar

O grande cantor e violeiro é uma célula-tronco da música regional brasileira. Com uma carreira que faz agora quarenta anos, Elomar representa a tradição dos trovadores numa obra vastíssima que inclui até sete óperas. Eu sei que quem é mais informado sobre música brasileira sabe quem é Elomar, mas muita gente nem sabe.

5) Sacha Amback

As vezes é preciso deixar de lado esse pudor da amizade que priva a gente de dizer o que pensa por medo aos outros acharem que é propaganda enganosa. Pianista (discípulo da mestra Heloisa Zani), compositor, tecladista, produtor, Sacha Amback é uma referência da produção musical brasileira. Produziu discos para Zeca Baleiro, Nenhum de Nós, Adriana Calcanhotto, entre muitos outros. Com raiz acadêmica, entrou no popular com solidez enorme. Fera da eletrônica e criador de trilhas de filmes que você já viu e ouviu. Mantém um projeto no escurinho com Moska e Marcos Suzano que ainda pode dar muito a falar.

6) Tetê Espíndola

Criada no manantial artístico familiar, Tetê começou a ter destaque no under paulista junto do Arrigo Barnabé. O poeta Augusto de Campos disse dela que tinha “pássaros na garganta”. É a melhor definição que achei até hoje. Sozinha com sua craviola pode criar um universo onde a música e a voz se confundem com a natureza em estado puro.

7) Arthur de Faria

Com a singularidade dos músicos gaúchos já citada, Arthur é além do grande compositor e pianista, uma usina criativa, um permanente aglutinador de talentos e aquarelas que fazem sentido depois de atravessadas pelo seu traço. Fora isso, é o exemplo do artista comprometido com a sua arte, longe dos cantos de sereia do mercado. Mas bem que o mercado as vezes poderia olhar mais para esses artistas.

8) Rodrigo Bittencourt

Quem anda pelos circuitos alternativos cariocas com certeza pelo menos já ouviu falar do Rodrigo Bittencourt. Aquele caso de artista-orquestra cuja melhor definição é: artista. A expressão pode estar na poesia, na composição ou na direção de cinema. Eu acho um escândalo o fato de Rodrigo não ter disco lançado pelos canais de distribuição que sua obra merece.

9) Xangô da Mangueira

Para dizer de modo curto e grosso: Xangô da Mangueira não deveria precisar do dinheiro da sua aposentaduria para pagar as contas. Diretor de harmonia que deu sete títulos à Mangueira, grande mestre do partido alto e do improviso, ele deveria ser tombado. Um verdadeiro patrimônio do samba e do Rio de Janeiro.

10) Zé de Riba

Ou o dia em que a embolada ficou eletrônica. Zé de Riba vem batalhando desde a década de oitenta, de sentar na rua com o violão mesmo. Só com vinte anos de carreira conseguiu lançar seu primeiro cd. No Reprocesso, de 2006, tem samba, repente e programações com letras focadas em histórias da vida cotidiana. Recomendadíssimo. Outro grande José Ribamar que o Maranhão deu pro Brasil.

Quem já navegou entre as fronteiras do Nemvem Quenaotem pode ter visto vários desses artistas em diversas postagens. Mas como eu tenho licença de gringo decidi juntar num tópico porque não canso de dizer que, apesar do valor que o Brasil da aos seus músicos, o mercado de consumo enfia o rabo entre as pernas na hora de sustentar os artistas que não são caixas registradoras.
Fico feliz quando confiro que o Google traz aqui pessoas procurando por algum desses nomes ou pelas obras deles. Se o meu blog ajuda para que mais alguém conheça, estou feito.

Nesse link, a segunda entrega da série

Foto de Zé de Riba de Zeca Caldeira
Foto de Elomar de Luciano Mattos

segunda-feira, 14 de abril de 2008

O repente eletrônico de Zé de Riba



Sabe Alencar, tá uma falta de ar.
Não se sabe ao certo o errado.
Onde isto vai parar?
É muita conversa fiada
Que não consigo entender.
Por quê? Ah, por quê?
Parece até o fim do mundo
Faço prece todo dia
Pro meu santo me escutar
Pro meu santo me orientar.
Esse mundo demente
Não foi feito pra gente.
O que a gente engole
Você sabe.
A vida é doce
Mas não é mole
A vida é doce
Mas não é mole.
Sabe Alencar, tá uma falta de ar.
Pra onde é que a gente vai?
Não sei, não sei.
Quando você souber
manda me avisar
Quando você souber
manda me avisar.

Sabe Alencar, de Zé de Riba e Wolney de Assis
Foto de Zeca Caldeira

Um desses segredos que o Brasil profundo esconde, Zé de Riba, maranhense de Dom Pedro, lançou no ano passado, depois de muitos anos de estrada, Reprocesso, seu primeiro álbum.
Produzido pelo ex-Karnak Mano Bap, traz o DNA de artista popular de Zé, com histórias do cotidiano, pequenas crónicas de choque cultural expressadas no linguagem da rua. Podem chamar de rap o que é repente puro, podem achar cocos vestidos com as roupas eletrônicas que o Mano Bap desenhou e sambas como esse aqui citado, que bem poderia ter sido assinado por Adoniran.