1. Agrião
Formado na fonte inesgotável da Vila Isabel,
Jorge Agrião é um compositor e percussionista inquieto e um grande ritmista. Seus sambas são daqueles pra levar na palma da mão. Seu disco de referência é Samba vadio, com arranjos de Cláudio Jorge. Ele tem ainda grandes parcerias com Mart’nália, Roque Ferreira e Evandro Lima
2. Suely Mesquita
As músicas de
Suely já foram gravadas por Ney Matogrosso, Zélia Duncan, Pedro Luís e Fernanda Abreu, entre outros, mas o trabalho pessoal dela ainda não tem a repercussão que merece, sendo que Suely é uma ótima cantora, além da compositora que os colegas destacam. O selo Duncan Discos, da Zélia, relançou seu Sexo puro, que é uma ótima oportunidade para quem ainda não descobriu Suely.
3. Sayowa
Os jovens cariocas do
Sayowa estão dando os passos certos para se inscrever entre os grandes nomes do hard rock brasileiro, que é o lado do rock em que Brasil conseguiu mais destaque. A banda liderada por Theo Van der Loo tem seu segundo album, produzido pelo Andreas Kisser do Sepultura, lançado na Argentina, Chile e Uruguai, mas que é vendido por eles de maneira independente no Brasil. Já fizeram varios tours na Europa e dividiram o palco com bandas dos quilates de Sepultura, Biohazard e Fear Factory. O Sayowa inclui os tambores treme-terra, que dão uma certa cor brasileira ao som pesado da origem anglo.
4. Angelo Primon
Este finíssimo
violonista gaúcho é também um ótimo compositor e arranjador. Seu disco Mosaico mostra as suas influências, que vão da música do Sul da América até o flamenco para desaguar num estilo próprio onde a virtude foge dos cantos de sereia do virtuosismo.
5. Bïa Krieger
Outro caso -o Brasil tem vários- de artista brasileira com carreira de sucesso na Europa e pouca divulgação no Brasil. A cosmopolita
Bïa mora em Paris, mas mantém seu refúgio em Floripa, já morou no Chile e é freqüente visitante de Canadá. Esta multiplicidade fez dela uma cantora multi-língüe. Bïa tem discos belíssimos como Sources e La mémoire du vent, este com várias versões em francês de clássicos de Chico Buarque. Em Nocturno, seu trabalho mais recente, Bïa arrisca com uma obra mais introspectiva.
6. Roque Ferreira
Esse é um luxo de compositor que o Brasil tem. Baiano de Nazaré, chamou a atenção quando Clara Nunes gravou Apenas um adeus e depois Coração valente, no começo da década de oitenta. Responsável por um dos maiores sucessos da carreira de Zeca Pagodinho (Samba pras moças),
Roque é além de um dos principais compositores de samba de raiz, de samba de roda de todos os tempos, um ótimo intérprete da sua própria obra. Por isso é quase inadmissível que ela tenha disponível no mercado só um disco, o excelente Tem samba no mar, trazido pela Biscoito fino. Agora parece que Roberta Sá planeja gravar um disco dedicado à obra dele. Tomara que ajude para colocar Roque no lugar que merece.
7. Mário Sève
Um dos membros fundadores do Nó em pingo d’água, que possui o dom da grande admiração de colegas das origens diversas e o merecido prestígio no mundo do choro. Mas eu posso até imaginar aquela pergunta que surge com a obra dos instrumentistas: “mas não tem uma pra tocar no rádio?” Claro que tem, é só mudar aquela fórmulinha fácil da programação pre-digerida.
Mário é saxofonista, flautista, compositor e arranjador. No ótimo Casa de todo mundo reuniu os amigos do Baticun, o Nó, Epoca de Ouro, Pedro Luís, Suely Mesquita, Suzano e Clara Sandroni, entre outros.
8. Cris Delanno
Conhecida como a voz do Bossacucanova,
Cris Delanno vem construindo uma sólida carreira solo, que tem um disco dedicado a fazer jus à obra de Newton Mendonça e outro que leva seu nome, onde passeia entre as suas duas línguas de nascença (inglês e português) por um repertório eclético que vai de João Bosco e Aldir Blanc a Paul Williams. Atualmente Cris prepara um novo disco, autoral e com arranjos e produção de Alex Moreira.
9. Marco André
Já tenho me referido a este notável
cantor e compositor nascido em Belém, que em seus discos Amazônia Groove e Beat iu conseguiu o impensado link entre os ritmos da sua terra e a eletrônica. Radicado há anos no Rio de Janeiro, ele já foi compositor de escola de samba, cantor de música de novela e produtor de grandes nomes da MPB. Mas sua obra merece no Brasil uma força que seja semelhante aos reconhecimentos que tem pelo mundo fora.
10. Dorina
A musa do Irajá prestigia as rodas de samba cariocas por onde passa. Dona de uma garra particular no palco,
Dorina é reconhecida pelos grandes sambistas vivos, desde Dona Ivone Lara até Zeca, como uma das maiores representantes do gênero.
Foto de Cris Delanno de Lívio Campos
Foto de Suely Mesquita de Guto Costa Segunda entrega dessa minha reunião de artistas que merecem mais e melhores oportunidades na mídia. Como sempre digo, se ajudar para que pelo menos mais uma pessoa os conheça, já cumpri meu objetivo. E como sempre digo, haverá mais, a safra é enorme e a mídia tem miopia crônica. Vocês encontram aqui a primeira entrega da série.