sábado, 11 de outubro de 2008

A inesperada


O corpo da inesperada
atravessa minha cama quieta
a Roma emudeceu
e no silêncio a tarde bateu as botas

leves sejam as palavras que me tocam
como me toca o pé da inesperada
os fuzileiros não precisam de espantalho
os cachorros não precisam de agasalho
está na pele o terceiro mandamento
e no andamento do samba
está o silêncio
que fez morrer a tarde
e faz tremer o nada
no abraço da inesperada.

A inesperada, de Juan Trasmonte (Creative Commons)
Foto de hannamonika

4 comentários:

Bernardo Guimarães disse...

O poema e a foto foram feitos no mesmo momento, não há dúvida. Tenho um arquivo dos poemas que leio e gosto e a partir de hoje, se dá licença, este estará lá, inesperadamente.

Marcio Sarge disse...

Foi inesperado também sua visita, mas nem por isso menos desejada. Obrigado.
Concordo com você quando diz que precisamos de mais autoria nos blogs ainda bem que está nessa também.

Passei por aqui, e gostei, tudo cheira a cultura.

Abraço.

Anônimo disse...

Juan... tu és demais. Belíssimo poema.
Grata também pelas postagens mais recentes (Sabe, Clezio), nem tive fôlego para comentar!

Juan Trasmonte disse...

Parafraseando Bethânia:
Obrigado senhores!