Há exatos dois anos, escrevi aqui pela primeira vez sobre Mestre Xangô da Mangueira. Quando em 2005 fizemos o documentário Samba no pé, na hora de escolher os entrevistados que pudessem representar o pensamento e o sentir das Velhas Guardas, não tive dúvidas, seriam Surica, pastora da Portela, e Olivério Ferreira, nosso Xangô da Mangueira.
O encontro com o baluarte foi marcado no Terreirão do Samba. Até ali chegamos com a equipe. O céu estava cinza, ótimo para o diretor de fotografia. E o Terreirão vazio ao lado da silenciosa Marquês de Sapucaí inspirava pelo oposto a majestosidade do carnaval.
Xangô desceu do taxi com a mesma elegância com que andava pela avenida, impecável, de calça e sapatos brancos e com a camisa cor de rosa, uma das cores da nossa escola de coração.Quem fora compositor de mais 150 sambas, intérprete e diretor de harmonia da Estação Primeira, falou de tudo, das velhas épocas da Mangueira quando “Cartola era génio, mas quem cantava era eu” até a sensação quase inexplicável na hora de entrar na passarela.
Quando a entrevista acabou, pedimos para Xangô andar um pouco pelo Terreirão, o que é de praxe, ter umas cenas que sempre ajudam na hora de editar e para dar um ar nas longas tomadas dos depoimentos.
Jamais vou esquecer esse momento dele andando, com as mãos atrás do corpo, que mesmo ocupando um espaço breve no filme, foi um dos momentos mais emocionantes de toda a filmagem.
Há umas horas recebi a notícia da partida do mestre Xangô, um dos maiores partideiros que o samba nos deu. Vai ser muito dificil esse ano ver a velha Manga sem Jamelão e sem Xangô. É uma tristeza que só a voz dele que vem da caixa de som, disfarça.
Só disfarça.
Outros textos do Nemvem Quenaotem que citam mestre Xangô
Fragmento do documentário Samba no pé com Tia Surica e Xangô da Mangueira
O encontro com o baluarte foi marcado no Terreirão do Samba. Até ali chegamos com a equipe. O céu estava cinza, ótimo para o diretor de fotografia. E o Terreirão vazio ao lado da silenciosa Marquês de Sapucaí inspirava pelo oposto a majestosidade do carnaval.
Xangô desceu do taxi com a mesma elegância com que andava pela avenida, impecável, de calça e sapatos brancos e com a camisa cor de rosa, uma das cores da nossa escola de coração.Quem fora compositor de mais 150 sambas, intérprete e diretor de harmonia da Estação Primeira, falou de tudo, das velhas épocas da Mangueira quando “Cartola era génio, mas quem cantava era eu” até a sensação quase inexplicável na hora de entrar na passarela.
Quando a entrevista acabou, pedimos para Xangô andar um pouco pelo Terreirão, o que é de praxe, ter umas cenas que sempre ajudam na hora de editar e para dar um ar nas longas tomadas dos depoimentos.
Jamais vou esquecer esse momento dele andando, com as mãos atrás do corpo, que mesmo ocupando um espaço breve no filme, foi um dos momentos mais emocionantes de toda a filmagem.
Há umas horas recebi a notícia da partida do mestre Xangô, um dos maiores partideiros que o samba nos deu. Vai ser muito dificil esse ano ver a velha Manga sem Jamelão e sem Xangô. É uma tristeza que só a voz dele que vem da caixa de som, disfarça.
Só disfarça.
Outros textos do Nemvem Quenaotem que citam mestre Xangô
Fragmento do documentário Samba no pé com Tia Surica e Xangô da Mangueira
2 comentários:
É linda a sua relação com nossa gente. Cada saudade você divide conosco com tanta dignidade. Grata a você Juan.
Beijo de Maria
Dois amores eternos. Foto linda!
Bia Alves
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