1. Uma jornalista chilena consulta Jorge Luis Borges sobre o conflito limítrofe que a Argentina e o Chile mantinham no final da década de setenta pelas ilhas Picton, Lennox e Nueva, no Canal de Beagle. Era um momento de grande tensão onde os dois países estavam à beira de uma guerra ridícula. Borges responde:
- A Argentina e o Chile bem que poderiam ser generosos e oferecer essas três ilhas perdidas à Bolívia, que ainda não tem saída para o mar.
2. O escritor recebe a notícia de que a mulher que ele ama vai casar com outro homem. Na hora, resolve ir ao dentista para um conserto de três dentes que ele estava adiando. Borges pede ao dentista para tirar os três dentes. Juntos. Depois segue para o seu escritório na Biblioteca Nacional. O subdiretor da biblioteca, José Edmundo Clemente vê Borges entrando na sala com um lenço manchado de sangue na boca.
- Que foi, Borges? -pergunta-
- Pedi para o dentista tirar o dente sem anestesia. Estou triste porque uma mulher me abandonou. Queria esquecer a dor, Clemente, mas não consigo... Não consigo.
3. Outubro de 67. Borges está ministrando aula na sua cátedra de literatura inglesa quando entra um aluno para anunciar a morte de Che Guevara e dizer que a aula deve ser cancelada em homenagem ao revolucionário. O professor diz que a homenagem com certeza pode esperar até a finalização da aula. O estudante responde: “Tem que ser agora e o senhor vai embora”. Borges levanta a voz. “Eu não vou, e se o senhor é tão homem venha me tirar daqui!” O estudante diz então que vai cortar a luz da sala de aula. Vem a resposta de Borges:
- Eu tomei a precaução de ser cego esperando este momento.
4. De viagem pela Espanha, o autor vai para Palma de Mallorca, um lugar querido para ele na sua juventude. O dono de uma livraria lhe mostra uma relíquia, um livro com 16 poemas escritos pelo jovem Borges. Nervoso, ele vira para sua assistente e companheira, María Kodama:
- Rasgue esse livro imediatamente!
Maria lhe explica que a edição é boa e que tem uma bonita foto dele na capa. Sem duvidar, Borges diz:
- Então guarde a foto e rasgue o resto.
5. Em 1984, para comemorar a edição das Obras Completas, Borges vai jantar com um grupo de amigos em um restaurante do bairro portenho de Congreso. O escritor pede seu puré de batata, um dos seus pratos preferidos. Enquanto esperam, os amigos bebem vinho, comem pão com manteiga e jogam conversa fora. A comida demora. De repente, se faz um silêncio e Borges diz:
- Mas que bom jejum tem nesse restaurante!
Terceira parte da série sobre histórias, frases e anedotas geniais do escritor argentino Jorge Luis Borges (1899-1986). Tem mais nos links:
Borges txt
Borges txt (Segunda parte)
Foto da placa da rua Jorge Luis Borges, no bairro de Palermo, em Buenos Aires (ele teria achado abominável só a ideia de ver seu nome assim)
- A Argentina e o Chile bem que poderiam ser generosos e oferecer essas três ilhas perdidas à Bolívia, que ainda não tem saída para o mar.
2. O escritor recebe a notícia de que a mulher que ele ama vai casar com outro homem. Na hora, resolve ir ao dentista para um conserto de três dentes que ele estava adiando. Borges pede ao dentista para tirar os três dentes. Juntos. Depois segue para o seu escritório na Biblioteca Nacional. O subdiretor da biblioteca, José Edmundo Clemente vê Borges entrando na sala com um lenço manchado de sangue na boca.
- Que foi, Borges? -pergunta-
- Pedi para o dentista tirar o dente sem anestesia. Estou triste porque uma mulher me abandonou. Queria esquecer a dor, Clemente, mas não consigo... Não consigo.
3. Outubro de 67. Borges está ministrando aula na sua cátedra de literatura inglesa quando entra um aluno para anunciar a morte de Che Guevara e dizer que a aula deve ser cancelada em homenagem ao revolucionário. O professor diz que a homenagem com certeza pode esperar até a finalização da aula. O estudante responde: “Tem que ser agora e o senhor vai embora”. Borges levanta a voz. “Eu não vou, e se o senhor é tão homem venha me tirar daqui!” O estudante diz então que vai cortar a luz da sala de aula. Vem a resposta de Borges:
- Eu tomei a precaução de ser cego esperando este momento.
4. De viagem pela Espanha, o autor vai para Palma de Mallorca, um lugar querido para ele na sua juventude. O dono de uma livraria lhe mostra uma relíquia, um livro com 16 poemas escritos pelo jovem Borges. Nervoso, ele vira para sua assistente e companheira, María Kodama:
- Rasgue esse livro imediatamente!
Maria lhe explica que a edição é boa e que tem uma bonita foto dele na capa. Sem duvidar, Borges diz:
- Então guarde a foto e rasgue o resto.
5. Em 1984, para comemorar a edição das Obras Completas, Borges vai jantar com um grupo de amigos em um restaurante do bairro portenho de Congreso. O escritor pede seu puré de batata, um dos seus pratos preferidos. Enquanto esperam, os amigos bebem vinho, comem pão com manteiga e jogam conversa fora. A comida demora. De repente, se faz um silêncio e Borges diz:
- Mas que bom jejum tem nesse restaurante!
Terceira parte da série sobre histórias, frases e anedotas geniais do escritor argentino Jorge Luis Borges (1899-1986). Tem mais nos links:
Borges txt
Borges txt (Segunda parte)
Foto da placa da rua Jorge Luis Borges, no bairro de Palermo, em Buenos Aires (ele teria achado abominável só a ideia de ver seu nome assim)
4 comentários:
Que delícia ler essas histórias borgeanas! Conte mais!
cada uma melhor do que a outra!
Vou dizer uma coisa que voçê conhece bem...passeio por issa rua desde muito pequena.Nao tem importancia o que o governo fez com os nomes das ruas.
A gente segue falando dessa rua como Serrano, esta na sangue do povo.Borges merece algo muito melhor. E isso.
Gostei muito de conhecer seu trabalho e seu blog, via um post seu na tribunasambachoro.com.
Abraço, sucesso.
Do Oleari.
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