sábado, 8 de novembro de 2008

Marcelo Camelo, o dono dos adjetivos


Posso estar só
Mas, sou de todo mundo
Por eu ser só um
Ah, nem! Ah, não! Ah, nem dá!
Solidão, foge que eu te encontro
Que eu já tenho asa
Isso lá é bom, doce solidão?

Doce solidão, de Marcelo Camelo
Foto de divulgação da Cia. da foto

Jornalistas têm (temos? será que já não sou ou nunca fui um deles?) mania de classificar. Há artistas especialmente sensíveis a essas etiquetas. Marcelo Camelo é um deles desde os tempos do Los Hermanos e continua sendo alvo dessa obsessão agora que segue com sua carreira solo. Estranho, difícil, experimental, mauricinho são alguns dos muitos adjetivos que eu li sobre ele ao longo dos anos.
Como eu tenho licença de gringo, as vezes consigo manter um certo distanciamento que coloca isso em evidência. Artistas como Camelo ou Caetano, deixam nervosos alguns jornalistas, seja por fugir dessas classificações, seja pelas suas declarações ou a ausência delas.
O problema é quando essa tendência ecoa no público, que acaba prestando mais atenção no personagem do que na obra ou chega na obra com um conceito previamente formado.
Por esses motivos resolvi ouvir o Nós ou Sou (dependendo do olhar) sem ler antes uma linha sobre o álbum.
A primeira impressão confirma que Marcelo Camelo é um artista que pouco se importa com o que o mercado e o público esperam dele, assim constroi sua música e isso o aproxima bastante da liberdade. O disco, como corresponde a um primeiro disco de um artista que sai de uma banda de muito sucesso, é introspectivo e festivo ao mesmo tempo. Por momentos, pareceu-me que é um disco de uma música só que vai nos levando por sensações diferentes.
Camelo não faz canções, ele exorciza sentimentos.
Experimentem ouvir Sou (ou Nós, escolham) deixando atrás da porta o saco com tudo que já leram ou ouviram dizer sobre o artista.

8 comentários:

Anônimo disse...

Pena que eu não conheço ainda o disco que você cita, mas as músicas do tempo dos Los Hermanos eram muito boas.
Vim retribuir sua visita e agradecer pelo comentário feito no meu blog.

Edu O. disse...

Juan, sou admirador há muitos anos do trabalho de Camelo e quando vi o teu post entrei no blog para ler mais um comentário negativo sobre sua obra. Engano meu.
Tem sido assim, sempre, o que se fala sobre o artista numa atitude preconceituosa, me parece. Gostei muito de suas colocações e compartilho de seu pensamento. Você falou, exatamente, o que eu penso e um dia poderia escrever sobre ele. abraço

Anônimo disse...

marcelo camelo, presenteeou a chata da maria rita com 3 canções em seu primogênito cd ... não merecia, mas ganhou ... rsrsrsr .... vou ser linchada em praça pública .... rsrsrs

Chiz disse...

Minha filha mais nova, na casa dos 20 anos, arrasta uma asa pro lado do Camelo, mas eu, apesr de ouvir os discos que ela toca em casa - e gostar - ainda não me rendi. Não sei o quanto falta para tanto.

Juan Trasmonte disse...

Muito obrigado Edu, pela visita e pelas tuas palavras. É assim mesmo, não é uma coisa que me veio assim de repente. Faz tempo que isso chama a minha atenção.
Abraço

Juan Trasmonte disse...

Chiz, quem sabe agora com esse disco novo?
Obrigado por estar aqui.
abs.

Roberta Mattoso disse...

Ai Juan, gostei tanto do teu blog (não querendo, mas já sendo piegas...AFF!)...Vc é livre, fala de tudo, dá tua opinião de uma maneira leve, sem aquele ar insuportável presente na nossa classe (vc tb é jornalista, não é?).
ADOREIII!! Vou add ao meu blog.
Bjoks e volte sempre ao bloguinho...

Juan Trasmonte disse...

Muito obrigado pelas tuas palavras, companheira.
Pois é, trabalhei muitos anos como jornalista. Agora só faço colaborações esporádicas ou escrevo alguma coluna quando sou convidado. E é verdade, sempre detestei os que têm "aquele ar insuportável"
beijos!