Brando e Schneider em Ultimo tango em Paris
Sexo estilo anos trinta, sob o olhar crítico de Buñuel
Ellen Burstyn fantástica em Requiem for a dream
Robert DeNiro e as mazelas de Vietnã
1. Laranja Mecânica (A clockwork orange), de Stanley Kubrick (1971)
Com um trabalho magistral de Malcolm McDowell, o filme baseado no romance de Anthony Burgess recebeu um X pelas cenas de sexo e violência extrema. Só em 2000 foi liberada a versão completa do diretor.
2. A última tentação de Cristo (The last temptation of Christ), de Martin Scorsese (1988)
Um grupo de ativistas católicos chegou a oferecer mais de seis milhões de dólares para comprar e destruir o filme. Isso explica o nível de irritação que causou o filme baseado no romance de Nikos Kazantzakis nos grupos mais conservadores do catolicismo. A possibilidade de um Cristo humano, não sacrificado, que chega a sonhar com o amor físico ia em contra de todos os dogmas. Resultado: o filme foi censurado e os protestos e ameaças de bombas nos cinemas se repetiram em muitos países.
3. Ultimo tango em Paris (Le dernier tango à Paris), de Bernardo Bertolucci (1972)
Recebeu a qualificação X-Rated, reservada aos filmes pornôs pelas cenas de sexo entre Marlon Brando e Maria Schenider, especialmente aquela da manteiga. Foi proibida em muitos países. Bertolucci adorava comprar uma polêmica, de fato depois fez A lua, onde uma mãe tinha insinuantes cenas com seu filho. Mas além da lição de interpretação de Brando, Ultimo tango é um impiedoso retrato da insatisfação humana.
4. O Franco Atirador (The Deer Hunter), de Michael Cimino (1978)
Um dos filmes que retratou de maneira mais crua a realidade nos campos de Vietnã, na época em que ainda as feridas daquela guerra estavam sangrantes. Uma dívida social exibida sem pudor. Cimino vivia envolvido em polêmicas. Esse filme foi taxado de reacionário e depois ele fez o maldito O portal do paraíso, que ficou na história como o filme que mandou a United Artists à falência.
5. A paixão de Cristo (The Passion of Christ), de Mel Gibson (2004)
Pelo oposto, o mesmo resultado do filme de Scorsese. A paixão de Cristo foi taxada de anti-semita e de fazer uma dúbia leitura da Biblia. Gibson enfrentou mais problemas depois e caiu na desgraça para muitos produtores de Hollywood da origem judia.
6. Réquiem para um sonho (Requiem for a dream), de Darren Aronofsky(2000)
Um casal jovem viziado em drogas e o consumismo que o capitalismo dos anos noventa impulsou no mesmo nível de adicção. A cena em que a moça branca entrega seu corpo para um dealer negro era muito mais forte do que o público tipo dos Estados Unidos podia tolerar.
7. Instinto selvagem (Basic Instinct), de Paul Verhoeven (1992)
Um roteiro do Joe Eszterhaz nas mãos do diretor holandês deu nisso. Ativistas homossexuais fizeram protestos nas portas dos cinemas pela homofobia do protagonista. Além disso, as cenas de sexo motivaram outros protestos de setores conservadores, incluída a famosa cruzada de pernas da Sharon Stone e o filme recebeu nos Estados Unidos a classificação inicial NC-17 que reduzia potencialmente a quantidade de cinemas para o seu lançamento.
8. Cannibal Holocaust, de Ruggero Deodato (1985)
Quatro documentaristas viajam à Amazônia para filmar tribos de canibais. Típico filme de exploitation que de tão ruim virou objeto de culto. O filme foi proibido na Itália e Deodato foi indiciado, na presunção que os protagonistas tinham sido assassinados mesmo nas filmagens. Até eles aparecerem vivinhos. Aí o processo acabou sendo uma ótima publicidade.
9. Aladdin, de Ron Clements e John Musker (1992)
Os filmes bonzinhos para todos os públicos dos estúdios Disney nem sempre são o que parecem. Uma das letras de uma música dizia que “Arabia é um país onde cortam sua orelha se não gostam do seu rosto”. O Comité Arabe-americano antidiscriminação fez um protesto veemente e a Disney teve que mudar a letra para os seguintes lançamentos.
10. A idade de ouro (L’Age d’Or), de Luis Buñuel (1930)
Foram tantas as polêmicas que tiveram o diretor espanhol Luis Buñuel como protagonista, que ele só merece vários textos como esse. Imaginem (ou melhor vejam) um filme que em 1930 tem cenas que citam genitália, masturbação e uma grande orgia coroada por um duque que guia o rebanho de infieis a caminho de Paris e que parece bastante com Jesus Cristo. O filme permaneceu proibido na França por 50 anos. A feroz crítica social que atravessa a obra inteira de Buñuel, estava adiantada à sua época.
Religião, sexo, violência e política são assuntos sensíveis para tradicionalistas e censores. A história do cinema conta também a história dos países e das conjunturas.
Essa lista foi inspirada por uma outra que vi no site da Entertainment Weekly. Acrescentei os meus comentários, coincidi em alguns filmes e coloquei outros. Claro que tratando-se de polêmicas e cinema, haverá mais listas.
Como sempre a ordem não indica valor.
Com um trabalho magistral de Malcolm McDowell, o filme baseado no romance de Anthony Burgess recebeu um X pelas cenas de sexo e violência extrema. Só em 2000 foi liberada a versão completa do diretor.
2. A última tentação de Cristo (The last temptation of Christ), de Martin Scorsese (1988)
Um grupo de ativistas católicos chegou a oferecer mais de seis milhões de dólares para comprar e destruir o filme. Isso explica o nível de irritação que causou o filme baseado no romance de Nikos Kazantzakis nos grupos mais conservadores do catolicismo. A possibilidade de um Cristo humano, não sacrificado, que chega a sonhar com o amor físico ia em contra de todos os dogmas. Resultado: o filme foi censurado e os protestos e ameaças de bombas nos cinemas se repetiram em muitos países.
3. Ultimo tango em Paris (Le dernier tango à Paris), de Bernardo Bertolucci (1972)
Recebeu a qualificação X-Rated, reservada aos filmes pornôs pelas cenas de sexo entre Marlon Brando e Maria Schenider, especialmente aquela da manteiga. Foi proibida em muitos países. Bertolucci adorava comprar uma polêmica, de fato depois fez A lua, onde uma mãe tinha insinuantes cenas com seu filho. Mas além da lição de interpretação de Brando, Ultimo tango é um impiedoso retrato da insatisfação humana.
4. O Franco Atirador (The Deer Hunter), de Michael Cimino (1978)
Um dos filmes que retratou de maneira mais crua a realidade nos campos de Vietnã, na época em que ainda as feridas daquela guerra estavam sangrantes. Uma dívida social exibida sem pudor. Cimino vivia envolvido em polêmicas. Esse filme foi taxado de reacionário e depois ele fez o maldito O portal do paraíso, que ficou na história como o filme que mandou a United Artists à falência.
5. A paixão de Cristo (The Passion of Christ), de Mel Gibson (2004)
Pelo oposto, o mesmo resultado do filme de Scorsese. A paixão de Cristo foi taxada de anti-semita e de fazer uma dúbia leitura da Biblia. Gibson enfrentou mais problemas depois e caiu na desgraça para muitos produtores de Hollywood da origem judia.
6. Réquiem para um sonho (Requiem for a dream), de Darren Aronofsky(2000)
Um casal jovem viziado em drogas e o consumismo que o capitalismo dos anos noventa impulsou no mesmo nível de adicção. A cena em que a moça branca entrega seu corpo para um dealer negro era muito mais forte do que o público tipo dos Estados Unidos podia tolerar.
7. Instinto selvagem (Basic Instinct), de Paul Verhoeven (1992)
Um roteiro do Joe Eszterhaz nas mãos do diretor holandês deu nisso. Ativistas homossexuais fizeram protestos nas portas dos cinemas pela homofobia do protagonista. Além disso, as cenas de sexo motivaram outros protestos de setores conservadores, incluída a famosa cruzada de pernas da Sharon Stone e o filme recebeu nos Estados Unidos a classificação inicial NC-17 que reduzia potencialmente a quantidade de cinemas para o seu lançamento.
8. Cannibal Holocaust, de Ruggero Deodato (1985)
Quatro documentaristas viajam à Amazônia para filmar tribos de canibais. Típico filme de exploitation que de tão ruim virou objeto de culto. O filme foi proibido na Itália e Deodato foi indiciado, na presunção que os protagonistas tinham sido assassinados mesmo nas filmagens. Até eles aparecerem vivinhos. Aí o processo acabou sendo uma ótima publicidade.
9. Aladdin, de Ron Clements e John Musker (1992)
Os filmes bonzinhos para todos os públicos dos estúdios Disney nem sempre são o que parecem. Uma das letras de uma música dizia que “Arabia é um país onde cortam sua orelha se não gostam do seu rosto”. O Comité Arabe-americano antidiscriminação fez um protesto veemente e a Disney teve que mudar a letra para os seguintes lançamentos.
10. A idade de ouro (L’Age d’Or), de Luis Buñuel (1930)
Foram tantas as polêmicas que tiveram o diretor espanhol Luis Buñuel como protagonista, que ele só merece vários textos como esse. Imaginem (ou melhor vejam) um filme que em 1930 tem cenas que citam genitália, masturbação e uma grande orgia coroada por um duque que guia o rebanho de infieis a caminho de Paris e que parece bastante com Jesus Cristo. O filme permaneceu proibido na França por 50 anos. A feroz crítica social que atravessa a obra inteira de Buñuel, estava adiantada à sua época.
Religião, sexo, violência e política são assuntos sensíveis para tradicionalistas e censores. A história do cinema conta também a história dos países e das conjunturas.
Essa lista foi inspirada por uma outra que vi no site da Entertainment Weekly. Acrescentei os meus comentários, coincidi em alguns filmes e coloquei outros. Claro que tratando-se de polêmicas e cinema, haverá mais listas.
Como sempre a ordem não indica valor.
6 comentários:
Essa história da Disney como indústria cinematográfica infantil e inofensiva já foi dismitificada, graças a Dadá. Várias cenas de filmes da Disney transmitem idéias preconceituosas...
Como sempre, vc escrevendo horroooooores...
Bjoks!
Exatamente, ao longo da história de cinema tem vaaaaaárias dessas mancadas da Disney.
Muito obrigado por estar aqui e pelas belas palavras.
bjs
Vale lembrar também que foi um argentino, Gato Barbieri que experimentou a fama ao compor a trilha para o filme de Bernardo Bertolucci, 'Último Tango em Paris'.
Um abraço Juan e boa semana.
"Saló", de Pier Paolo Pasolini - esse deu o que falar! Ainda mais depois da morte do diretor. Na verdade, teríamos que pegar a obra toda, com destaque ao "Teorema" e aos filmes da "Trilogia da Vida". Mais recentemente teve também o "Irreversível", de Gaspar Noe, que pelamordedeus, causou o asco total de uns e o culto de outros. Lembra do "Violência Gratuita", do Michael Hanake? Só sei se teve teve proibição... deve ter havido. bjos
Ah sim, depois de "Requiem..." o "Transpotting" e o "Kids" ficaram fichinha. A cena do sexo oral no "Brown Bunny" do Vincet Gallo gerou polêmica? bjus
Reeee!
Pensei em por O evangélio segundo São Mateus, do Passolini, mas o de Scorsese e o outro do Gibson ia ficar parecendo negócio da igreja. Mas ele com certeza foi um grande polemista através dos seus filmes.
Tem muitos mais e haverá novas séries de filmes escandalosos.
Quanto ao Brown Bunny, foi escandaloso por causa daquela cena, mas ao mesmo tempo acharam o filme tão ruim que nem valia a pena fazer barulho.
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