terça-feira, 13 de maio de 2008

Ibsen, a moral e a sífilis


- É de verdade Christiania uma cidade tão imoral assim? Não há nada que indique isso. As ruas são singularmente...
- É justamente devido a que as ruas estão tão imaculadamente limpas que os domicílios privados, os círculos familiares, são tão singularmente impuros. O ménage à trois floresce aqui como em nenhum outro lugar e, a maneira de ilustração da equiparação dos sexos, a terceira pessoa é, freqüentemente, uma mulher. As pessoas casam, divorciam-se, casam de novo e depois vira uma espécie de união livre com as esposas divorciadas. Desde a instauração das novas leis de divórcio na Noruega a situação é cómica, muito mais hilária que nada que jamais houvesse imaginado nenhum vaudevelliste francês.
- Imagino que desde a abolição do controle sanitário das mulheres pela parte do governo, a doença deve ter se espalhado muito por aqui.
- Certo. Fora Estocolmo, provavelmente há mais sífilis em Christiania em relação com a sua população do que em nenhuma outra cidade da Europa.

O dramaturgo norueguês Henrik Ibsen (1828-1906), em entrevista a R.H. Sherard, publicada na revista The Humanitarian em janeiro de 1897. Christiania é o antigo nome da cidade de Oslo.

Tradução de Juan Trasmonte
Foto de Edvard Munch (sim, ele mesmo)

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