Nasceu no seio de uma família aristocrata de São Petersburgo. Em 1919, depois da revolução, abandonou a Rússia. Foi estudar literatura em Cambridge e depois morou em Berlim e Paris até se estabelecer nos Estados Unidos, onde adquiriu a cidadania. A publicação do romance Lolita deu a Vladimir Nabokov um escândalo suficiente como para ficar conhecido no mundo inteiro e passar a viver com folga da literatura, o que de fato fez instalando-se em Montreux, na Suíça.
Embora grande parte da sua vida escreveu em inglês, idioma que dominava nas bases e nas sutilezas, levava dentro uma grande dor pela perda da língua original. A verdadeira condição do estrangeiro é essa, a ausência da língua. Nabokov foi um eterno intérprete do olhar estranho, expressado na perplexidade e na paixão dos seus personagens. A jornalista francesa Penelope Gilliatt dizia que a paisagem dele não era a Rússia mas a literatura russa.
Nabokov escrevia seus livros sem continuidade, em fichas, de maneira que podia inserir passagens em momentos diferentes. Usava um lápis 3B, daqueles que tem uma bolacha na ponta, para poder apagar o que considerava errado ou sobrando nos rascunhos.
Detestava Dr. Zhivago por “mal escrita, piegas e mentirosa”. Esteve a ponto de queimar os manuscritos de Lolita, mas foi detido por Vera, a esposa dele. Em Hollywood, pediram a Nabokov que Lolita casasse com Humbert no final do roteiro, para que o final fosse mais palatável. O autor não aceitou, claro.
Para criar o personagem andou em ônibus escolares e foi a colégios mentindo que procurava uma vaga para sua filha. De fato, só tinha um filho, Dmitri. Mas não foi muito além disso. Pedófilo mesmo, segundo ele, era Lewis Carroll, o autor de Alice no país das maravilhas. “Voce já viu as fotografias dele com garotas? Ele chegava a um acordo com as tias e as mães delas para levar a passear as crianças. Nunca foi descoberto, exceto por uma delas que escreveu sobre ele, já sendo adulta”.
Vladimir Nabokov morreu em 1977. Até o fim, para escrever em paz, se trancava no carro. No porta malas levava o dicionário Webster completo.
Foto de Vladimir Nabokov de Carl Mydans
Foto de Sue Lyon, a primeira Lolita do cinema, no filme de Stanley Kubrick, de 1962
Embora grande parte da sua vida escreveu em inglês, idioma que dominava nas bases e nas sutilezas, levava dentro uma grande dor pela perda da língua original. A verdadeira condição do estrangeiro é essa, a ausência da língua. Nabokov foi um eterno intérprete do olhar estranho, expressado na perplexidade e na paixão dos seus personagens. A jornalista francesa Penelope Gilliatt dizia que a paisagem dele não era a Rússia mas a literatura russa.
Nabokov escrevia seus livros sem continuidade, em fichas, de maneira que podia inserir passagens em momentos diferentes. Usava um lápis 3B, daqueles que tem uma bolacha na ponta, para poder apagar o que considerava errado ou sobrando nos rascunhos.
Detestava Dr. Zhivago por “mal escrita, piegas e mentirosa”. Esteve a ponto de queimar os manuscritos de Lolita, mas foi detido por Vera, a esposa dele. Em Hollywood, pediram a Nabokov que Lolita casasse com Humbert no final do roteiro, para que o final fosse mais palatável. O autor não aceitou, claro.
Para criar o personagem andou em ônibus escolares e foi a colégios mentindo que procurava uma vaga para sua filha. De fato, só tinha um filho, Dmitri. Mas não foi muito além disso. Pedófilo mesmo, segundo ele, era Lewis Carroll, o autor de Alice no país das maravilhas. “Voce já viu as fotografias dele com garotas? Ele chegava a um acordo com as tias e as mães delas para levar a passear as crianças. Nunca foi descoberto, exceto por uma delas que escreveu sobre ele, já sendo adulta”.
Vladimir Nabokov morreu em 1977. Até o fim, para escrever em paz, se trancava no carro. No porta malas levava o dicionário Webster completo.
Foto de Vladimir Nabokov de Carl Mydans
Foto de Sue Lyon, a primeira Lolita do cinema, no filme de Stanley Kubrick, de 1962
7 comentários:
Olá, Juan,uma visitinha básica... Achei interessante você colocar que "A verdadeira condição do estrangeiro é essa, a ausência da língua". Realmente, deve-se perder um pouco do idioma vivendo em outrolugar que não o seu de origem. Também achei interessante este escritor não darsequência aos livros, que poderiam ser inseridos à ordem que quisesse. Abçs e sempre te vendo!
Lu, na verdade, ele não dava seqüência na hora de escrever, ou seja, talvez começava pelo final do romance e depois ia inserindo otras passagens.
Quanto à experiência dele com a língua é isso mesmo. Quando eu morava no Brasil eu tinha a fantasia de que um dia ia esquecer do espanhol. E é curioso como isso começa a acontecer, você vai esquecendo palavras e não tem referências para quem perguntar. Obrigado por estar sempre
bjs
Oi Juan,
Quando vc fala do ser estrangeiro e a relação com a lingua, lembrei de um livro do Nabokov, Pnin. Neste livro o personagem principal é... um professor de literatura russa que emigrou para os EUA.
Saber do processo criativo dele me encantou.Ótimo post, como sempre.
Beijos,
Iêda
Existe até, não sei se verdade, ou piada, ou mito, de que na disputa entre russos e americanos na corrida espacial os russos levaram vantagem por causa do lápis, já que tudo o que viram foi documentado através dele, enquanto a caneta ultra-sofisticada dos americanos não funcionou na ausência de gravidade...rs...
Meu pai, um russo de Kiev, escrevia e anotava tudo com lápis, e ao iniciar a escrita molhava a ponta da grafite na língua. Eu gosto de escrever com lápis e bem pequenino. Creio que certos hábitos são carregados pelo DNA étnico.
Adorei a tua colocação, Iêda.
"Meu pai, um russo de Kiev, escrevia e anotava tudo com lápis, e ao iniciar a escrita molhava a ponta da grafite na língua."
Mara, até parece que estou vendo teu pai com o lápis na mão.
Pessoalmente, eu continuo escrevendo meus poemas com caneta. Só depois vão para o computador.
Beijos
Belo post! Abraço, amigo!,
L.
Postar um comentário