Eu deveria estar escrevendo
sobre o exausto feliz
lençol amassado
pingado de sêmen
o banho que não lava
os signos do desejo
as pintas que no acaso descobri
a imperativa necessidade
de te afastar de mim
para te esquecer uns segundos
a angústia de saber
que o Rio vai te levar.
Eu deveria estar escrevendo
sobre o homem
que por uns momentos
quebrou a cara da mesmice
sentou porrada
no sorriso do diabo.
Eu deveria estar trucidando
a arrogância do é-sempre-a-mesma-coisa
retaliando os corações
que abandonaram a luta.
Eu deveria estar escrevendo
arranhões nos antebraços
coxas marcadas
doce dor do músculo batalhado
o suor.
Mas nada disso acontece
então só posso escrever
sobre esse não sei que nem nome tem
e nem palavras
porque todas as palavras foram tão imensas
que me perdi
que me perderam.
O real inanimado, de Juan Trasmonte (Creative Commons)
Foto de Ralph Eugene Meatyard
sobre o exausto feliz
lençol amassado
pingado de sêmen
o banho que não lava
os signos do desejo
as pintas que no acaso descobri
a imperativa necessidade
de te afastar de mim
para te esquecer uns segundos
a angústia de saber
que o Rio vai te levar.
Eu deveria estar escrevendo
sobre o homem
que por uns momentos
quebrou a cara da mesmice
sentou porrada
no sorriso do diabo.
Eu deveria estar trucidando
a arrogância do é-sempre-a-mesma-coisa
retaliando os corações
que abandonaram a luta.
Eu deveria estar escrevendo
arranhões nos antebraços
coxas marcadas
doce dor do músculo batalhado
o suor.
Mas nada disso acontece
então só posso escrever
sobre esse não sei que nem nome tem
e nem palavras
porque todas as palavras foram tão imensas
que me perdi
que me perderam.
O real inanimado, de Juan Trasmonte (Creative Commons)
Foto de Ralph Eugene Meatyard
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