domingo, 12 de agosto de 2007

Crianças


Infants...
La vida ran de pols i les mirades altes,
seda tèbia de neu i llot fresc a les galtes.

Infants...

Esperança i enveja, els picarols del cor;
infidels com el temps, sobtosos com la sort.

(O com la mort) mesquins i jugadors infants,
fraudulents i secrets, o pròdigs com soldans;

terroristes de sol i ressol als jardins,
porucs de nit deserta; impàvids assassins

de roses i libèl·lules; mercaders d'afalacs,
de dolçor viciosos i de llet embriacs.

Infants...

La voluptat furtiva del xipolleig i el fang,
insabuda promesa de l'amor de la sang!

Disfresses de tempesta, ornament del dolor,
pintura de la llàstima, marea de la por,

les llàgrimes sonores i artreres i abundants,
les armes de llur guerra civil contra els gegants.


Versão em português

Crianças...

A vida ao rés-do-chão e os olhares altos
seda morna de neve e lama fresca nas bochechas

Crianças...

Esperança e inveja, cascaveis do coração
infieis igual o tempo, súbitas igual à sorte

(ou igual à morte), mesquinhas e brincalhonas, crianças,
trambiqueiras e segredas ou pródigas como sultões

terroristas de sol e resol nos jardins
medrosas na noite deserta, impávidas assassinas

de rosas e libélulas, mercadoras de lisonjas,
viziadas em doces, de leite bébadas.

A voluptuosidade furtiva da chapinhada e a lama
ignorada promessa do amor do sangue!

Fantasia da tormenta, enfeite da dor,
pintura da pena, maré do temor,

as lágrimas sonoras e arteiras e abundantes
as armas da sua guerra civil contra os gigantes.

Infants, do poeta catalão Pere Quart, pseudónimo de Joan Oliver
Versão para o português de Juan Trasmonte

Nenhum comentário: