sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Dez grandes gangsters do cinema


Paul Muni aguenta a rajada no Scarface


Christopher Walken, de olho em Nova York


Faye Dunaway e Warren Beatty, inesquecíveis Bonnie and Clyde


Mae Clark recebe a famosa toranjada de James Cagney

1. Vito Corleone (Marlon Brando) em O poderoso Chefão (The Godfather, 1972), de Francis Ford Coppola
2. Tony Camonte (Paul Muni) em Scarface (1932), de Howard Hawks
3. David “Noodles” Aaronson (Robert de Niro) em Era uma vez na América (Once upon a time in America, 1984), de Sergio Leone
4. Frank White (Christopher Walken) em O rei de Nova York (King of New York, 1990), de Abel Ferrara
5. Tom Powers (James Cagney) em Inimigo público (Public enemy, 1931), de William Wellman
6. Bonnie Parker e Clyde Barrow (Faye Dunaway e Warren Beatty) em Bonnie e Clyde, uma rajada de balas (Bonnie and Clyde, 1967), de Arthur Penn
7. Tommy De Vito (Joe Pesci) em Os bons companheiros (Goodfellas, 1990), de Martin Scorsese
8. Vince Stone (Lee Marvin) em Os corruptos (Big Heat, 1953), de Fritz Lang
9. Roy “Mad Dog” Earle (Humphrey Bogart) em Seu último refúgio (High Sierra, 1941), de Raoul Walsh
10. Mr. Blonde - Vic Vega (Michael Madsen) em Cães de aluguel (Reservoir Dogs, 1992), de Quentin Tarantino

Bonus track: Sonny LoSpecchio (Chazz Palminteri) em A Bronx Tale (1993), de Robert De Niro. Esse vai como adiantamento de uma postagem que vou dedicar ao Chazz nos próximos dias

Como sempre, a ordem não indica valor. São só dez entre centenares de vilões maravilhosos que o cinema nos deu. Essa lista, como todas, é completamente arbitrária.

Todas as fotos são reproduções de cenas dos filmes mencionados

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

La piccola Sole



Em meados de 1997, María Soledad Rosas, uma jovem argentina, da classe média-alta, foi pra Europa. Uma viagem iniciática como a que tantos de nós fazemos quando o mundo aparece na nossa frente como uma caixa de Pandora.
Antes havia ficado um tempo no Brasil. Soledad adorava animais e tinha idéias ecologistas. Nesse momento, ela vislumbrava seu futuro em uma praia do norte do Brasil.
Mas a possibilidade da Europa a levou para Turim, na Itália. Poucos dias depois de chegar, achou uma casa ocupada pelos squatters, um movimento na sua maioria formado por jovens que se opõem as regras e convenções do capitalismo, vivem em pequenas comunidades e fazem de prédios e fábricas desocupadas seu lugar de moradia e centro de atividades.
Soledad uniu-se ao grupo, identificada com as idéias deles, em boa parte baseadas no velho anarquismo.
Naquela casa conheceu e se apaixonou por Edoardo Massari, o Baleno (raio), que era dez anos mais velho que ela. O amor e a militância iam juntos. Soledad aprofundou sua participação em atos e distribuição de propaganda dos squatters. Não pareciam um grupo relevante em termos de política.
Mas ao mesmo tempo, outro grupo de squatters, conhecido como Lupi Grigi (Lobos cinzas), estava praticando atentados contra a construção do trem de alta velocidade (TAV), por considerá-lo causa de um futuro desastre ecológico.
Na madrugada de 5 de março de 98, o Digos, uma divisão da polícia secreta italiana criada na época das Brigadas Vermelhas, arrombou a casa e levou Soledad, Edoardo e Silvano Pelissero, amigo do Edoardo que também morava lá.
Com a cumplicidade da mídia que estranhamente nada questionou, os três foram indiciados como os “eco-terroristas” dos atentados. Porém, no momento em que ocorreram os fatos, Soledad estava na Argentina e Edoardo na prisão, pois ele tinha antecedentes por possessão de bombas molotov e pequenos furtos.
Detentos, os dois viraram emblemas do movimento squatter. Soledad foi desde então Sole ou La piccola Sole (a pequena Sole). Passeatas foram organizadas e as notícias ganharam mais espaço na imprensa, que continuou taxando os jovens como terroristas.
Em 27 de março, como um gesto final de protesto contra a injustiça, Edo se enforcou na cela.
Sole conseguiu permissão para assistir ao funeral do companheiro amado. Esse dia -quando foi tomada a foto que ilustra o texto- apareceu com a cabeça raspada e vestindo as roupas dele. E disse: “ce rivedremo presto” (nos reencontraremos logo).
A mãe e a irmã dela foram pra Itália. Depois da morte de Edo concederam a Sole a possibilidade de esperar o juízo em uma granja. O advogado italiano poderia fazer que os processos fossem separados, inclusive que ela voltasse para Argentina. Mas Sole recusou cada um dos benefícios oferecidos.
Na madrugada de 11 de julho, Soledad apareceu enforcada com un lençol no banheiro da casa onde permanecia detenta.
Foi um suicídio. Não houveram motivos para pensar o contrário.

Mais de uma década se passou e a história breve de Sole continua me comovendo. A parábola dessa menina educada em colégios particulares que entregou sua vida por uma luta aparentemente menor ou, como disse o pensador Gianni Váttimo, que “não aguentou o peso da vida”.
A lembrança dela está em várias paredes de Turim e nos seus companheiros.
Ninguém sabe se la Sole fez seu último ato por amor ou pelas suas idéias ou por ambas questões. Em qualquer caso, não deixa de ser simbólico que essa história tenha acontecido na década do maior cinismo do século vinte, quando o estandarte era dizer que as ideologias tinham morrido.




Foto de Sole da Agência Ansa (1998)
Reprodução da capa do jornal italiano La Stampa, condenando os detentos antes do processo
Foto de Sole do arquivo da polícia italiana

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Todos traços desumanos



Todos estamos perdidos no caos
todos traços desumanos
andamos roubamos matamos
amamos mal chamamos
para dizer onde estamos
falamos mais do que olhamos
todos traços desumanos
enquanto escapamos
na lama duramos
todos troços por trocados
nossos limites testamos
temos medos atrasados
e outonos adiantados
quem sabe para onde vamos
é o diabo
ele sabe onde jantamos
quantas vezes fornicamos
e onde brincam nossos filhos
nós-achamos filantrópicos
por centavos
ou morremos nos sinais
assaltados pela cria
ou largados de solidão

Todos traços desumanos, de Juan Trasmonte (Creative Commons)
Foto "The Long walk", de Bernard Fallon

domingo, 25 de janeiro de 2009

El Cher vive!



E só como para tirar um sorriso nessa tarde tristonha, deixo aqui a criação de 2002 do designer inglês Scott King. Involuntária ou não, uma metáfora da antropofagia pop que deglutiu ao Che Guevara.

Reprodução de Pink Cher, de Scott King

Agora foi mesmo



Há uma semana recebi a notícia falaz da morte de Tia Doca, pastora querida da Velha Guarda da Portela. Isso motivou a publicação de um texto homenagem e a retratação que vocês encontram mais abaixo.
Infelizmente, agora virou realidade. Apesar de ter melhorado durante a semana, Doca nos deixou nesta tarde de domingo.

Foto de Tia Doca de Gustavo Stephan

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Os americanos de Robert Frank











No final da década de cinqüenta o comum era retratar os estadounidenses nos seus jardins, sorridentes, o cachorro brincando com as crianças, sempre louras, e o estereótipo da família feliz que mais parecia uma extensão da fotografia publicitária.
Teve que chegar um estrangeiro com seu olhar diferente para exibir um face que parecia oculta. Esse foi Robert Frank, um suíço nascido em 1924, que emigrou para os Estados Unidos em 1947 e achou seu primeiro emprego como fotógrafo de modas na Harper’s Bazaar. Andou pela Europa e a América do Sul e de volta nos states começou a ficar conhecido entre os seus pares.
Ao mesmo tempo, do encantamento inicial pela sociedade industrial e desenvolvida, Frank foi ganho pela perplexidade. Achou uma nação obnubilada pelo consumo que escondia uma grande depressão depois do triunfalismo da posguerra. Esse é o espírito que atravessa o livro The Americans -com prólogo escrito por Jack Kerouac-, publicado na França em 1958 e um ano depois nos Estados Unidos, onde foi primeiramente rejeitado e taxado como um livro anti-americano.
O fotógrafo descobriu cowboys melancólicos, operários cansados, olhares tristes, e os fantasmas da segregação racial (vejam o detalhe do bonde com os brancos na frente e os negros na parte de trás).
Cinqüenta anos depois e depois desse novo estouro da borbulha do conforto, as imagens de Frank mantém a vigência intocada. Ele é provávelmente, junto com Art Shay, além de um dos pais da foto-reportagem, um dos cronistas sociais mais lúcidos que a arte dos Estados Unidos ofereceu.

Todas as fotos de Robert Frank, pertencentes ao livro Os americanos (The Americans)

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Meu pai



Meu pai era ator, ao estilo de outrora. Ele entrou no palco pela primeira vez ainda na barriga da minha vó. Trabalhou em teatro, circo, rádio, cinema e televisão.
Naquele tempo, os elencos saiam pelo interior. Freqüentemente, tinham que fugir dos hoteis pelos tetos, na manhã seguinte, quando algum produtor vigarista sumia com a arrecadação da noite anterior.
As novelas eram para escutar no rádio a válvula e os técnicos de som eram mestres da invenção que faziam magia: passos andando no corredor com as mãos enfiadas em sapatos sobre a mesa; chuva amassando papel de embrulhar e por aí vai. E aqueles sons, que eu ouvi muitos anos depois em gravações, eram perfeitos para criar o clima.
Não havia duzentas escolas de teatro, os atores aprendiam no palco mesmo e vendo como atuavam os mais velhos e escutando os conselhos dos mestres.
Meu pai tinha todos os livros de Stanislavski mas reclamava da geração dos atores que se chamavam de “atores do método”.
“Eles ficam fazendo exercício de relax meia hora antes e na hora de entrar no palco, cagam de medo”. -dizia-

Meu pai, filho único de mãe solteira que perdeu todo o luxo quando ele nasceu -e conseqüentemente rejeitou o próprio filho a vida inteira-, não tinha completado a primeira série, mas era uma uma enciclopédia. Ele sabia de assuntos tão diversos como filosofia presocrática e os uniformes que usavam os policiais no século XIX. Por isso eu adorava sentar ao lado dele e ouvir as suas histórias das épocas em que televisão era ao vivo porque não existia vídeo-tape.
E como toda família de artista, meus dois irmãos e eu fomos nos trilhos, já desde pequenos começamos a sair na televisão. Puro oportunismo. Eu ia acompanhar meu pai numa gravação e sempre aparecia um produtor “Olha, Mário eu preciso um como ele para gravar amanhã”. Meu pai duvidava, falava com minha mãe e depois liberava. Pra mim era como um jogo, uma brincadeira, mas ele era taxativo se a oferta fosse para vários capítulos. “Ate vocês não completarem seus estudos, nada. Se depois quiserem ser atores, eu não vou impedir”
Os três começamos a fazer cursinhos desde crianças, mas quem pegou a espada fui eu. Isso durou uns quatro anos até que a psicanálise lacaniana me fez interrogar se esse era mesmo meu desejo o eu estava apenas seguindo a linha do sangue.
Na época eu já escrevia, mas fazia tudo que era curso complementar de um ator: dança, canto, expressão corporal, mímica. Ao mesmo tempo, rejeitava sistemáticamente todas as ajudas que o meu pai, que conhecia todos os produtores da televisão, oferecia.
Em troca, eu formava grupos de teatro experimental ou fazia trabalho militante montando peças em bairros pobres do recóncavo de Buenos Aires.

Eu voltava de uma dessas jornadas de teatro e debate na noite em que meu pai morreu. Já tinhamos passado por todas, que em outro texto um dia contarei. Estávamos reconciliados.
Afinal, mesmo que as palavras dele eram “estudem, estudem”, acho que ele no fundo gostava de ter um filho ator.
E eu contei isso das ajudas oferecidas porque quero encerrar esse texto, hoje que ele faria aniversário, com uma dedicatória que escreveu num livro que me deu de presente, sobre o teatro na Alemanha.

"Meu caro filho,
lembre que no teatro existe uma patente invisível. Ela não se vê, mas existe. Respeite isso entre os seus companheiros.
Lembre também que assim que você se respeitar como ator e como ser humano, os outros vão te respeitar.
Finalmente, não se sinta vencido embora estiver vencido.
No palco, seja grande ou pequeno o personagem, o primeiro ator é você.
E não olhe tanto para essa ajuda que vem “de cima”, por toda ajuda de cima, vem outra de mais acima”.




Foto retrato de meu pai de Annemarie Heinrich
Foto de meu pai, de autor desconhecido, na peça Tartufo, de Moliere, no Teatro Municipal General San Martin, circa 1950

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Aquarianos


Gregory Hines


Cesar Romero


Graham Nash


José Martí

Matt Groening

Eles e Charles Dickens, James Dean, Franz Schubert, John Hurt, Charles Darwin, Wolfgang Amadeus Mozart, Paulo Miklos, Gustavo Adolfo Becquer, Julio Verne, Mikhail Baryshnikov, João Ubaldo Ribeiro, John Mc Enroe, Telly Savalas, Arthur Rubinstein, William Burroughs, Michael Jordan, Ray Manzarek, John Travolta, Nick Nolte, Dr. Dre, John Forsythe, Alan Bates, John Schlesinger, Edouard Manet, George Burns, Rubén Darío, Michael Hutchence, Lewis Carroll, Galileo Galilei, Charles Lindbergh, Milos Forman, James Joyce, Jack Lemmon, Norman Rockwell, Peter Gabriel, Brandon Lee, Jack Palance, Bertolt Brecht, Paul Newman, Phil Collins, John Ford, Rutger Hauer, Rubens Corrêa, Leslie Nielsen, Gene Hackman, Carybé, Matt Dillon, John Williams, Alice Cooper, Almirante, Clark Gable, John Barrymore, Bob Marley, John Belushi, Joe Pesci, Christian Dior, Hakeem Olajuwon, Benny Hill, Leonel Brizola, Francis Bacon, Ernest Borgnine, Scott Glenn, Alan Alda, WC Fields, Jimmy Durante, Sergio Mendes, Ice T.
Todos eles nascidos sob o signo de aquário


Foto de Gregory Hines de Ken Duncan
Foto de Graham Nash de Graham Nash
Foto de Matt Groening de David Sillitoe