segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Galocantô


Chinelo de dedo, bermuda rasgadas, blusão e bonê
cheguei no boteco
pra ver se o pagode já estava de pé
falei com os amigos
fui logo saudado pela mulherada
pedi pro maneco
trazer mais um copo e cerveja gelada
quando de repente um monte de gente
com traje diferente entrava no bar
me fotografaram, me entrevistaram
dizendo: sua vida vai ter que mudar!
eu muito confuso, com copo na mão
já ia gritando, dizendo que não
rezei pro meu santo e pedi proteção
e falei pro cumpadi: "cadê o camburão?"
foi quando uma voz lá no fundo gritou
já tá escolhido e não tem pra ninguém
assina o contrato!
vai ser um barato o galã de Xerém
sapato alemão, charuto cubano, perfume francês
relogio suiço, terno italiano, uisque escocês
rodei a Europa pra lá e pra cá
e os paparazzi a me fotografar
foi quando o maneco ligou do boteco
e me perguntou quando eu ia voltar
foi então que eu me cansei
ser estrela não dá
eu não sou pop star
calcei o chinelo
e peguei o primeiro
Paris-Irajá

Galã de Xerém, de Pablo Amaral e Edu Tardin
Foto de Alexandre Torreão
O Galocantô é o máximo!

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