Conheço a nova ordem
que esse calor revela
pitanga bagaço favela
Guimarães Rosa
e as pessoas continuam
regando as plantas
no final do dia
posso ser assaltado na esquina
sentir a febre nas bordas
da pele
conheço a padaria Santo Amaro
o veneno que os humanos
inoculam
posso ter esquecido o caminho
sentir que já vou tarde pra viver
delírio
posso um conjunto de
banalidade
e duas ou três coisas vitais
mas não posso te amar todos os dias
como se fosse o primeiro dia
como se fosse o primeiro homem
e a tempestade fosse mentira
mas não posso te lembrar
entre os instantes
e muito menos te alegrar
todas as horas
eu sou o incapaz que à noite abraça
e vira caçador na alvorada.
O incapaz, de Juan Trasmonte (Creative Commons)
Foto detalhe do Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, sem crédito do autor. Por essas ruas, nasceram os primeiros versos desse poema
que esse calor revela
pitanga bagaço favela
Guimarães Rosa
e as pessoas continuam
regando as plantas
no final do dia
posso ser assaltado na esquina
sentir a febre nas bordas
da pele
conheço a padaria Santo Amaro
o veneno que os humanos
inoculam
posso ter esquecido o caminho
sentir que já vou tarde pra viver
delírio
posso um conjunto de
banalidade
e duas ou três coisas vitais
mas não posso te amar todos os dias
como se fosse o primeiro dia
como se fosse o primeiro homem
e a tempestade fosse mentira
mas não posso te lembrar
entre os instantes
e muito menos te alegrar
todas as horas
eu sou o incapaz que à noite abraça
e vira caçador na alvorada.
O incapaz, de Juan Trasmonte (Creative Commons)
Foto detalhe do Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, sem crédito do autor. Por essas ruas, nasceram os primeiros versos desse poema
5 comentários:
Parabéns!Muito bom!
Belo.
pra mim vc já é um grande poeta argentino de lingua portuguesa!
Essas ruas inspiraram tantos outros poetas, e todos com uma doce melodia como esta, em forma de versos... Bela composição!
Muito obrigado!
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