segunda-feira, 9 de março de 2009

Smiley: a longa vida do sorriso amarelo


Smiley no cartaz do filme Watchmen


Smileys na capa do disco California Über Alles, da banda
punk Dead Kennedys (1979)


Harvey Ball, criador do Smiley

Por trás de um dos maiores ícones da cultura pop existe uma história, no mínimo, curiosa.
O criador do Smiley foi o designer estadunidense Harvey Ball e a criatura já tem quase meio século. Mas assim como os tempos, o Smiley foi mutando e ganhando diferentes significados.
Em 1963, uma companhia de Massachussets resolveu lançar uma “campanha da amizade” para encourajar os seus funcionários nas relações com o público. Eles encarregaram a logomarca a Ball, um herói da Segunda Guerra Mundial que tinha um pequeno estúdio de design na cidade.
Ball escolheu um papel amarelo e fez um círculo para asociar a imagem ao sol. Nem compasso ele utilizou no original. Depois, fez a linha da boca com o sorriso e depois os olhos. Demorou dez minutos em completar o desenho e recebeu 45 dólares pelo trabalho.
Nem ele nem a empresa patentaram o simples desenho.
Em 1970, os irmãos Murray e Bernard Spain usaram o Smiley clássico para vender suas bugigangas e acrescentaram a frase “Have a nice day” (tenha um bom dia). Dois anos depois, eles já tinham vendido 50 milhões de escudinhos com essa brincadeira. Vale resalvar que os Estados Unidos atravessavam a crise da guerra de Vietnã e as pessoas precisavam de mensagens otimistas. A singela imagem da carinha amarela mostrou a força que a linguagem visual já tinha.
O Smiley começou a aparecer nas bandeiras dos hippies que se opunham à guerra, foi capa da popular revista Mad e virou emblema nacional nos Estados Unidos.
Ja na década de oitenta resurgiu com força nas raves, tanto para identificar o movimento pacífico e amoroso quanto para aparecer nas pílulas de ectasy, por sinal, uma droga de design. Mas antes disso, a banda punk californiana, perseguida pela censura, usou o Smiley num collage que asocia o então governador Jerry Brown a um nazista.
Depois foi parar na ficção do filme Forrest Gump, quando o protagonista cria o ícone acidentalmente.
Nesse tempo, o sorriso amarelo já estava envolvido em uma guerra de direitos. O francês Franklin Lufrani tinha registrado a marca em vários paises europeus e o gigante Wal-Mart pretendeu fazer o próprio nos Estados Unidos, mas perdeu a briga com Lufrani, fundador da Smiley World.
Com a internet e através dos sistemas de mensagens, o emoticon do Smiley ficou mais popular ainda no mundo inteiro.
Agora está no centro da trama do filme Watchmen.
Enquanto isso, Harvey Ball, o criador da criatura, morreu em 2001. Jamais reclamou pela autoria do desenho. Foi louvado e premiado, mas continuou trabalhando no seu estúdio de Massachussets.

Desenho da capa do disco California Über Alles de Bob Last e Bruce Slesinger

domingo, 8 de março de 2009

Borges txt (Quarta parte)



1. Na década de setenta, uma revista reune para uma entrevista Jorge Luis Borges -que detestava futebol- com o então diretor técnico da seleção argentina, César Luis Menotti. Depois de uma hora de conversa o escritor diz:

- Que estranho, hein? Ele é um homem tão inteligente, mas teima em falar de futebol o tempo todo.

2. A ceguera de Borges não era completa. Ele conseguia enxergar sombras e de vez em quando recuperava parcialmente a visão. Uma tarde ele descia no elevador junto com seu amigo, o poeta Roberto Alifano, quando soltou:

- Que bonita gravata.

Alifano ficou perplexo

- Mas você está vendo?
- No momento estou. Ela é amarela e tem pequenos pontos brancos. Até a textura eu posso ver. É muito bonita.

Os dois ficaram calados por uns instantes, e depois Borges disse:

- Agora não a enxergo mais.

3. Borges desconfiava dos objetos e muito mais dos aparelhos mecánicos. Um dia ele esperava o elevador junto de um desconhecido. O elevador demorava em chegar e ele ficava impaciente enquanto ouvia o barulho do motor. De repente, disse pro desconhecido:

- Vamos pela escada, que ela já foi completamente inventada.

4. Um jornalista ansioso por uma manchete espetacular para sua entrevista pergunta a Borges:

- O senhor já experimentou drogas?
- Eu tentei fumar maconha várias vezes -
respondeu Borges surpreendendo o jornalista-, mas não consegui. Finalmente optei por ficar com os drops de hortelã.

5. Depois de um jantar com amigos na casa da escritora Silvina Ocampo, Borges divide o taxi com outras pessoas, entre elas, a também autora Sylvia Molloy, a quem Borges acabara de conhecer

- Molloy... Molloy... -diz Borges e cita as vezes em que esse nome aparece na literatura irlandesa-. Eu tenho sangue inglês, escocês e acho que galês, mas não tenho um pingo de sangue irlandês -comenta, irritado o mestre-.

A viagem continua e, ao se despedir de Molloy, Borges diz:

- Para a próxima eu tentarei ser um pouquinho irlandês.

6. Borges foi um eterno candidato ao Prêmio Nobel de Literatura, porém nunca o ganhou, dizem que pelas suas idéias políticas, contrárias ao “progressismo da Academia”. Em 1984, dois anos antes de Borges morrer, quando já era famoso, otorgaram o Nobel ao escritor checo Jaroslav Seifert, desconhecido para o grande público. Os jornalistas, como todos os anos faziam, foram atrás de Borges para saber o que ele opinava.

- Não os culpo. Eu também gostaria de ser descoberto.

Foto de Jorge Luis Borges de Eduardo Grossman

As anteriores entregas dessa série:
Borges txt
Borges txt (Segunda parte)
Borges txt (Terceira parte)

sábado, 7 de março de 2009

Mais Uma (saideira)





Por trás da cena de uma foto como as postadas aqui nos últimos dois dias, há produções que envolvem dezenas de pessoas que cuidam da técnica, maquiagem, figurino, em jornadas extenuantes.
Na primeira foto, Jenny Gage aponta pra Uma Thurman, enquanto seu parceiro Tom Betterton aponta pras duas.
Na segunda foto, o grande Marco Grob nos bastidores do ensaio de capa que Uma fez para a edição russa da revista Elle.



O bonus track é o fotograma do filme de 1988 As aventuras do Barão Munchausen. No filme de Terry Gilliam, Uma representa Vênus, segundo a conceição do pintor renacentista Sandro Botticelli na obra O nascimento de Vênus. Foi no ano da estreia da atriz no cinema.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Todos para Uma (Segunda parte)













Completamos a série iniciada ontem com Uma Thurman, segundo o olhar de fotógrafos da pesada. Qual é a sua preferida?

Fotos de Uma Thurman de:

1)
Marco Grob
2)
Annie Leibovitz
3)
Andrew Cooper
4)
Albert Watson
5)
Patrick Demarchelier
6)
Alexi Lubomirski

quinta-feira, 5 de março de 2009

Todos para Uma














A atriz Uma Thurman já esteve sob as lentes das maiores feras da fotografia. Fiz uma seleção que vou colocar em duas postagens. Dificil escolher uma (quer dizer, uma imagem e não Uma que eu escolheria na boa). Melhor admirar todas.

Fotos de Uma Thurman de
1) David Lachapelle
2) Craig Mc Dean
3) Gilles Bensimon
4) Peter Lindbergh
5) Ruven Afanador
6) Thomas Dubois
7) Jenny Gage e Tom Betterton

terça-feira, 3 de março de 2009

Espanhóis são os outros



Segundo um estudo publicado hoje na Espanha, a maioria dos adolescentes da chamada Segunda Geração (filhos de imigrantes nascidos na Espanha ou morando lá desde pequenos) não querem ficar naquele país. Para o trabalho, que foi realizado pela Universidad Pontificia de Comillas, junto com a Universidade de Princeton e a Universidade de Clemson, foram consultados 3.375 estudantes do ensino público e particular.
O relatório diz ainda que nas escolas são freqüentes as brigas entre jovens de diferentes nacionalidades e que 53% dos entrevistados manifestaram a intenção de assistir à universidade, mas menos da metade desses acredita que vai conseguir.

Uma boa parte deles -mesmo nascidos no território europeu- não se consideram espanhóis. 60 nacionalidades foram representadas na mostra. Os países de origem predominante são Equador, Colômbia, Romênia e Marrocos.
Ao mesmo tempo, hoje o governo espanhol anunciou um programa de retorno para mais de cem mil imigrantes, dos chamados sem papéis.

Foto, Reunión, de Risabhadeva Maldonado, ganhadora do concurso Infancia Inmigrante: La Generación del Futuro

segunda-feira, 2 de março de 2009

Autorretrato e photoshop








O velho assunto: a questão não são as armas mas quem as usa. A artista argentina Flavia Da Rin, achou no photoshop uma ferramenta de expressão fantástica, literalmente.
Mediante esse programa, partindo da manipulação da fotografia digital, ela cria obras de arte que já ganharam exibições pelo mundo fora.
Filha da cultura audiovisual, que tem a auto-referência como signo, Flavia é protagonista de todas as suas obras.
Embora a multiplicidade de informações -outro traço posmoderno- esteja presente nas suas peças, desde as citações religiosas até o animé e as paisagens bucólicas; a surpresa, a perplexidade e a ausência são os estigmas mais evidentes no trabalho dessa notável artista.



Todas as obras reproducidas de Flavia Da Rin

domingo, 1 de março de 2009

Esta crise não é aquela



Para fechar essa trilogia sobre a crise e para os que adoram predições apocalípticas: ainda estamos longe de 1929. Vejam.
Depois do famoso Black thursday, quando Wall Street despencou, em dois meses fecharam 23.000 empresas. Entre 1929 e 1932 foram à falência 5.096 bancos. O signo também foi a especulação. Aquela vez, com ações que viraram papeis sem valor. Foi a primeira grande rasgadura do capitalismo.
Os fotógrafos-repórteres da época registraram as conseqüências do Crack.



Foto de comedor popular na Inglaterra em 1930, da Agência Bettmann/Corbis
Foto de Wall Street na quinta-feira 24 de outubro de 1929, da Agência Bettmann/Corbis