quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007
Adriana
terça-feira, 27 de fevereiro de 2007
Porvir
eu sei
você também
um longo tempo de perguntas
(ou não)
um pisar distraído no cotidiano
tocar nos asuntos tocáveis
fazer direitinho
fazer de conta que não sentimos falta
afinal não foi tão forte assim
preencher espaços é tão fácil
depois virão os dias curtos
as sombras projetadas por acaso
o descaso
o irónico olhar nos peregrinos
que continuam caçando
instantes de glória.
segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007
Novos Guernicas
"A arte tem que fazer visível o invisível".
“Não trata-se de arte política. É contra a falta de humanidade”.
Da série do artista colombiano Fernando Botero sobre Abu Ghraib, que foi chamada de "O Guernica de Botero".
domingo, 25 de fevereiro de 2007
Twyla
A coreografia do filme de Milos Forman é de Twyla Tharp, a mais criativa coreógrafa que eu já vi.
Eis aqui Twyla na cena em que Claude, personagem de John Savage, toma um ácido e alucina um casamento maluco numa igreja psicodélica. E Twyla vem a ser... como eu digo? O padre?
O filme foi proibido na Argentina, pela censura da época. Lógico, imagina se a igreja ia deixar passar essa. Uns anos depois liberaram o filme, mas cortaram a cena inteira.
Eu assisti Hair pela primeira vez na minha primeira vez no Rio de Janeiro, quando o filme ainda era proibido na Argentina. Um dia escrevo essa história toda.
Hair, de novo
"O plano é gente branca enviando gente negra para fazer
a guerra à gente amarela, para defender a terra que eles
roubaram à gente vermelha".
Ainda tem Beverly D'Angelo, divina maravilhosa.
Critica-se a ingenuidade daquela época. Curioso, depois da ingenuidade veio o cinismo.
Hair
She ask him why
why i'm a hairy guy
I'm hairy noon and nighty-night night
My hair is a fright
I'm hairy high and low
But don't ask me why
cuz he don't know
It's not for lack of bread
Like the Grateful Dead, darling
Gimme a head with hair
Long, beautiful hair
Shining, gleaming,Streaming, flaxen, waxen
Give me down to there hair
Shoulder length or longer hair
Here baby, there mama
Everywhere daddy daddy
Hair, hair, hair, hair
Grow it, show it
Long as I can grow it
My hairI let it fly in the breeze
And get caught in the trees
Give a home for the fleas in my hair
A home for fleas
A hive for the buzzin' bees
A nest for birds
There ain't no words
For the beauty, the splendor, the wonder
Of my...Hair, hair, hair, hair,
Grow it, show it
Long as I can grow it
My hair
I want it long, straight, curly, fuzzy
Snaggy, shaggy, ratsy, matsy
Oily, greasy, fleecy
Shining, gleaming, streaming
Flaxen, waxenKnotted, polka-dotted
Twisted, beaded, braided
Powdered, flowered, and confettied
Bangled, tangled, spangled, and spaghettied!
Oh say can you see
My eyes if you can
Then my hair's too short
Down to here
Down to there
Down to where it stops by itself
(No never have to cut it cos it stops by itself)
Oh give me a head with hair
Long, beautiful hair
Shining, gleaming, streaming, flaxen, waxen
Won't you gimme it down to there (hair)
Shoulder length or longer (Hair!)
Here baby, there mama
Everywhere daddy daddy
Hair (hair hair hair)
Grow it
Show it
Long as I can grow it
My hair ( hair hair hair)
Grow it
Show it
Long as I can grow it
My hair ( hair hair hair hair hair hair hair hair hair)
Hair, de Jerome Ragni e James Rado, com música de Galt Mac Dermot. Bons tempos em que o cabelo era um estandarte.
Cartaz do filme prévio ao definitivo, criado por Bob Peak.
sábado, 24 de fevereiro de 2007
Por graça recebida
faíscas da paixão iscas da dor
eu também estranho
deletei as farpas
por graça recebida furtacor
O mar é um sertão cheio de esperas
O mar é um sertão cheio de esperas
Trovoadas de verão
sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007
Todas elas
quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007
Abd Al Malik
Moi, moi quand j'étais petit, j'avais mal.
C'était l'état de mon esprit, je suis né malade.
Sur l'échelle de Richter d'la misère, malade ça vaut bien 6,
Quelques degrés en-d'ssous d'là où c'est gradué « fou ».
Refrain
Les autres, les autres c'est pas moi c'est les autres,
Les autres …
J'étais voleur et avant d'aller voler je priais.
Je demandais à Dieu de n'pas m'faire attraper.
J'lui demandais qu'la pêche soit bonne,
Qu'à la fin d'la journée le liquide déborde de mes poches.
Bien souvent j'ai failli m'noyer, j'ai été à sec, aussi, souvent …
Quand j'croisais papa l'matin aller travailler avec sa 102 bleu
En rentrant l'matin d'soirée j'me disais « c'est un bonhomme mon vieux ! ».
Ensuite j'me faufilais dans mes couvertures et j'dormais toute la journée,
Le style vampire : dormir la journée et roder une fois l'soleil couché.
L'genre d'prédateur à l'envers, le genre qui à la vue d'un poulet meurt de peur.
Je n'me suis jamais fait prendre et si …
Et si j'avais été pris, aux keufs j'aurais dit …
Refrain
Les autres, les autres c'est pas moi c'est les autres,
Les autres …
J'étais beau parleur et j'souriais aux filles en jean avec des grosses ceintures.
Celles qu'aiment bien l'odeur que dégagent les gars qu'ont la réputation d'être des ordures.
Le genre à jurer sur la vie d'sa mère dès qu'il ouvre la bouche,
Rêve de BMW pour asseoir à la place du mort celles qui couchent.
Dans mon monde un mec comme moi c'est l'top,
J'aurais été une fille, on m'aurait traité d'sale …
Quand j'croisais ma sœur avec ses copines dans l'quartier,
Moi qu'allais en soirée, j'lui disais « rentre à la baraque, va faire à bouffer ! »
Ensuite j'allais rejoindre mes copines, celles qui m'faisaient bien délirer,
Celles qui comme moi avaient un père, une mère, p't-être bien des frères et sœurs,
qui sait … Mais moi, du genre beau parleur à l'endroit sans foi ni loi
Mais c'était pas moi l'chien, mais …
Refrain
Les autres, les autres c'est pas moi c'est les autres,
Les autres …
Et puis du jour au lendemain j'ai viré prêcheur.
Promettant des flammes aux pêcheurs et des femmes aux bons adorateurs,
Comme si Dieu avait b'soin d'ça pour mériter qu'on l'aime.
Mais moi pour que les autres m'aiment, moi j'en ai dit des choses pas belles.
Et j'en ai acceptées aussi, on m'a dit « t'es noir !
Tu veux t'marier avec elle mais t'es noir ! »
Les autres i' disaient comme ça qu'elle était trop bien pour moi.
Donc moi, j'faisais d'la peine à voir, moi.
Moi j'continuais ma parodie, mon escroquerie spirituelle
Sauf que … j'me carottais moi-même.
J'étais dev'nu un mensonge sur patte qui saoule grave
Et qui sait même pas c'qu'i' dit,
Qui voit même pas qu'c'est un malade et qui dit comme ça … tout l'temps i' dit …
Refrain
Les autres, les autres c'est pas moi c'est les autres,
Les autres …
Et je vous dit Monsieur, je vous dit Monsieur
Quand je pense à tout ça, Monsieur, je pleure, je pleure.
Les Autres, de Abd Al Malik
Foto de Bernard Benant
quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007
Piedade
entre as mãos feridas
piedade
cheia és desgraça
o que tenho por escrito
no olhar
não posso disfarçar
serei talvez um pacote de palavras
e a língua mais estranha
do que estrangeira
l'art pour l'art
um canto
terça-feira, 20 de fevereiro de 2007
Ninguém no carnaval
segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007
Las Llamadas
domingo, 18 de fevereiro de 2007
Presente
sábado, 17 de fevereiro de 2007
Não toquei na água que bebeste
Uma gota do vinho de ontem
da quarta-feira da terça sei lá
secou sobre a sacola dos discos
não toquei na água que bebeste
e botei pra fora outros vestígios.
Você está perdida nas estradas
você está perdida
o atardecer traz um clamor popular
vou pegar o trem da linha de Adrogué
sábado de carnaval em Buenos Aires
Zeca segura o pagode
vejo o Rio de Janeiro.
Juan Trasmonte (Todos os direitos reservados)
Foto de Cristina Penteado.
Lembre-se dos conselhos de sua mãe
sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007
Oração ao Santo Cartola
nunca pousam
nunca ficam
passam e passam
pela esquina
pela avenida
never olham
outras caras
outras vidas
pessoas pingam
gotas de sangue
guerras perdidas
mas dor não mostram
estão feridas
pessoas pulsam
mas não percebem
mas não distinguem
uma barata
de um Adonis
Santo Cartola
ora pro nobis.
quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007
Negro amor
terça-feira, 13 de fevereiro de 2007
A velha pele da mesma cerimônia
segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007
Cartolas e Goyeneches
dos velhos
lume
ponto de onde viemos
ponte para onde vamos
esses cantos
dentes fracos
dores gravadas
nas gargantas
Cartolas e Goyeneches
Bolas de Nieve Chinos Garcés
Cohens Lágrimas Ríos
Jovelinas
Clementinas
tão Suricas
mapa do palco do mundo
arte na pele que seca
pele que nutre
fútil megafone
arranhacéu
fútil você
fútil eu.
domingo, 11 de fevereiro de 2007
Alô burguesia de Ipanema!
sábado, 10 de fevereiro de 2007
Ciúmes
sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007
As palavras que medo te davam
ficarei falando
sozinho
no meu costumeiro português
frases breves
do tipo
“tá vendo”
“que frio é esse”
juntando restos de você
para jogar no lixo
maços de cigarro
etiquetas de roupas
e as palavras que medo te davam
fizeram-se um homem
que não arde
e que nem tocas
e as palavras que nunca te deixaram
indiferente
encarnaram em isso
que não pode nome.
Estranha na intimidade
osso meu na estranheza
pedaço de mim
que arranco e desconheço
e ainda assim
teima em pulsar na mão.
Então
o nosso filho
quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007
Kassin é o cara
quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007
Bebe
terça-feira, 6 de fevereiro de 2007
Amor Quasimodo
é quase mor
é quase amor
e quase morto
esse amor Quasimodo
morto no morno
é questão de horas
dias talvez
morno nó morto
mas que palavra é essa
palavra amor
gosto de sangue não veio
veia de morto não jorra
morno in the morning
amor morno não sabe
que está no forno
que não fornica
nem xinga
mas que palavra é essa
fronteira para quem precisa
barreira
que palavra é essa
se não aquece nem esquenta
segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007
Também sou Suburbano
Luiz Carlos da Vila, Afonsinho, Nei Conceição e majestade
tia Bia, Rainha do Bloco dos Suburbanistas, ontem em
Brás de Pina.
Nilza e Régia. Povo do Bem!
Cantam Luiza Dionísio e Dorina com coro impagável da
família Silas de Oliveira.
Supercarioca
domingo, 4 de fevereiro de 2007
Suor
Amazonas São Francisco
Pinheiros marginal
Jardim de Allah
eu suo Paraná
Paraíba para amar
é suor persistente
por todos os meus braços
água água água sal
embora estou no sul
mais sul do que já era
um hemisfério sul
ainda mais eu suo
embora frio na água
degelo lã defesa
eu suo suo suo
por tudo que é gente
água água água sal
pecados purifico
água água água sai
para o meu pão ganhar
eu suo de manhã
e suo ao deitar
eu suo suo suo
só suo e eu sou suo
sou suo il suo uomo
entregue em água e sal.
sábado, 3 de fevereiro de 2007
Tia Surica
David no pandeiro
Casemiro na cuíca
olha a festa já vai começar
no cafofo da Surica
Seu Osmar do cavaco
puxou um partido
com mestre Casquinha
que versou com Argemiro
lembrando dos tempos
lá da Portelinha
Velha Guarda no samba
conduz a emoção
de quem plantou semente
da flor da canção
a solidão ninguém sabe
onde é que fica
porque a festa já vai começar
no cafofo da Surica
Um samba do Monarco
com Doca e Eunice
sambando no chão
é samba da Portela
olha a Áurea chegando
e batendo com a mão
Guaracy 7 cordas
tem seu violão
Cabelinho no surdo
só na marcação
e o tamborim
Seu Jair, como é que fica?
porque a festa já vai começar
no cafofo da Surica.
Cafofo da Surica, de Teresa Cristina em homenagem a Tia Surica, pastora da Portela. Em entrevista para o documentário Samba no pé, Surica, que agora eu chamo carinhosamente de "Rainha das baixinhas", me disse: "Eu trago no sangue o micróbio do samba".
Agradeço à vida por ter conhecido Surica, e as maravilhosas amigas do Povo do Bem que por ela conheci. Agora que outro carnaval está chegando e eu estou longe, é bom lembrar dos artistas que respiram samba e que todos os dias escrevem sua história.
Salve Surica, salve Teresa Cristina, salve a Velha Guarda da Portela.
sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007
Inaê
alfazema
sete velas
odoiá odoiá omio dô
Dê bom tempo
Inaê
nesse oceano de esperas.
Festa no mar
quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007
Umbigo
reguei minha cabeça com água das plantas
cantarolando cantigas medievais
tampei o sol com a peneira
passei café
duas xícaras bebi
acenei pros carros enguiçados
nas enchentes de ontem
sentei a ler Picabia
enquanto ouvia
os gritos derradeiros dos motoristas afogados
e continuei a ler