
A casa de Saba, de grandes janelas, dava para o mar e tinha um morro nas costas. Era uma pequena vila em Somália. Ela lembra que atrás do morro começava o deserto de terra vermelha e que havia palmeiras na praia.
Quando a maré baixava ela saia com sua mãe e sua irmã caçula para andar na areia. Saba era nascida em Mogadíscio e a mãe que lhe contava histórias no luar, em Etiópia.
O pai de Saba era um italiano que tinha por lá uma agência de turismo. Ela tinha cinco anos quando a coisa ficou feia. Somália era uma colónia italiana e por ciclos não se dava bem com Etiópia.
Um italiano casado com uma etíope na Somália? Só podiam ser espiões, ele dos Estados Unidos e ela da Etiópia. Uma noite foram pegar ele na casa. Apesar de que só tinha cinco anos, Saba lembra muito bem da angústia dessas horas. O pai foi solto, mas o casal e as duas filhas tiveram dois dias para abandonar Somália e ir pra Itália.
As pessoas são o resultado da própria trajetória. Saba compõe e canta suas músicas na língua materna, um dialeto somali falado num setor de Mogadíscio. A obra dela está atravessada pelo choque e pelo encontro cultural entre a Africa e a Europa.
Seu álbum Jidka (The line) é definido por ela como a linha que divide seu ventre em dois partes, uma clara e outra escura. Mas é impossível não associar à palavra ao seu outro significado, que é fronteira. Porque Saba, essencialmente, pratica um retorno à terra da sua infância e mescla isso com os sons que vieram depois. Vejam que lindo.
Foto de Saba no estúdio com seu antigo parceiro, o camaronês Tatè Nsongan, que também tem um historial de trabalho musical na busca de conexão entre culturas
Quando a maré baixava ela saia com sua mãe e sua irmã caçula para andar na areia. Saba era nascida em Mogadíscio e a mãe que lhe contava histórias no luar, em Etiópia.
O pai de Saba era um italiano que tinha por lá uma agência de turismo. Ela tinha cinco anos quando a coisa ficou feia. Somália era uma colónia italiana e por ciclos não se dava bem com Etiópia.
Um italiano casado com uma etíope na Somália? Só podiam ser espiões, ele dos Estados Unidos e ela da Etiópia. Uma noite foram pegar ele na casa. Apesar de que só tinha cinco anos, Saba lembra muito bem da angústia dessas horas. O pai foi solto, mas o casal e as duas filhas tiveram dois dias para abandonar Somália e ir pra Itália.
As pessoas são o resultado da própria trajetória. Saba compõe e canta suas músicas na língua materna, um dialeto somali falado num setor de Mogadíscio. A obra dela está atravessada pelo choque e pelo encontro cultural entre a Africa e a Europa.
Seu álbum Jidka (The line) é definido por ela como a linha que divide seu ventre em dois partes, uma clara e outra escura. Mas é impossível não associar à palavra ao seu outro significado, que é fronteira. Porque Saba, essencialmente, pratica um retorno à terra da sua infância e mescla isso com os sons que vieram depois. Vejam que lindo.
Foto de Saba no estúdio com seu antigo parceiro, o camaronês Tatè Nsongan, que também tem um historial de trabalho musical na busca de conexão entre culturas
Juan! Obrigada pela excelente dica oferecida na bandeja de prata de suas palavras! Vou atrás dela! Abraco, Carolina.
ResponderExcluirEu te agradeço a visita, Carolina!
ResponderExcluirBeijos