quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Deus me faça brasileiro



Sempre digo que música chega na hora certa. É igual ao encontro amoroso. Estou longe de cronologia pra isso.
O querido músico gaúcho Arthur de Faria é também um agitador, um criador de links no deserto. Quando ele recebeu a notícia do meu programa Club Brasil, logo saiu mandando e-mail para os colegas-amigos dele, para eles por sua vez venderem seu peixe, pra eles me mandarem seus cd’s, avisando para meu pudor que “olha que é só pra mandar coisa boa”.
E entre muita coisa bacana que comecei a receber, veio um e-mail de Jussara Silveira, a quem admirava mas não conhecia.
Outra pessoa muito querida por mim, Maria Sampaio, já tinha dito fartamente pra eu prestar atenção na Jussara.
Pensei que não fosse custar o maior esforço gostar do Três meninas do Brasil, pois eu já gostava das três separadamente. A Rita Ribeiro foi me apresentada musicalmente pelo Zeca Baleiro, e um tempo depois acabei encontrando com ela no Tortoni, antes dela assinar o Tecnomacumba com a Biscoito. A gravadora onde eu trabalho distribui a Biscoito, então já não dava pra fazer acordo com ela por fora, mas continuamos em contato e o Tecnomacumba foi finalmente lançado aqui.
Teresa Cristina foi uma que coloquei no quesito infaltáveis quando escalei os depoimentos do documentário Samba no pé.
E agora chegou Jussara. As três meninas estavam conformadas. Mas ainda esse trabalho estava nas redondezas do meu imaginário.
Vários e-mails depois em diferentes direções e com a gestão da Elza Ribeiro, irmã e empresária da Rita, chegou o envelope da Biscoito com o cd e o dvd.
Logo pensei em programar pra esse sábado mesmo a faixa-título na seção Um x Dois, que é pra uma mesma música em duas versões.
Por três dias não consegui passar dessa primeira música do cd. A versão do criador -com versos do poeta cearense Fausto Nilo- Moraes Moreira, especialmente a do Acústico MTV, já era linda. Mas as tais três me levaram às lágrimas. E continuo emocionado enquanto escrevo isso. Essa celebração da diversidade brasileira e feminina, de cores e texturas, se fez nova e comovente nas vozes delas.
E assim vai entrando. É devagar, devagarinho. Ainda nem botei a mão no dvd.
E esse “Deus me faça brasileiro” que já me resultava uma imagem linda, de repente virou desejo.

Foto de Jussara Silveira, Teresa Cristina e Rita Ribeiro, de Seth Bourget

domingo, 9 de agosto de 2009

Despedida mas nem tanto



O +2 (Moreno Veloso, Kassin e Domenico) encerrou sua fase trio nesse final de semana em Buenos Aires. Assisti na sexta-feira e foi muito emotivo. No dia em que o paizão Caetano fazia anos, quem recebeu o presente foi Moreno, com a presença no show de quem foi a babá dele e um imenso coral de argentinos e brasileiros entoando a versão samba-canção de Deusa do amor, do Olodum.
Continuo achando que Kassin é um dos músicos mais brilhantes que o Brasil pariu nesses últimos anos e Domenico também não tem como negar o DNA do pai Ivor Lancellotti. Esse ritmo à terra, mesmo no rock, é pra quem já mamou muito samba.
Eles vieram com time de amigos-colegas com quem dividem vários projetos: Pedrinho Sá (o cara por tras da nova banda de Caetano), Jorge Continentino e o franco-brazuca Stephane San Juan.
No sábado não deu pra eu assistir por causa do trabalho, mas em troca tivemos o prazer de receber Domenico ao vivo no programa Club Brasil, duas horas antes do show. Foi um gesto de grande generosidade dele.
Agora os caras vão continuar tocando seus vários outros projetos, embora vários desses outros projetos integram os três e essa misteriosa Buenos Aires, a mesma que reuniu pela primeira vez num show completo João Gilberto e Caetano Veloso, tem mais uma página histórica na sua paixão por música brasileira.


Fotos do show do +2 no Niceto Club e Domenico na Blue FM, de Marcela Romanelli

sábado, 8 de agosto de 2009

Sempre o mistério da fé





Quem acompanha esse blog faz algum tempo sabe que o mistério da fé religiosa é um assunto que está ciclicamente presente, mudando o signo das religiões.
Ontem foi o dia de São Caetano, que na Argentina é venerado como padroeiro do trabalho. A consigna de cada ano é paz, pão e trabalho. Tem pessoas que vão pedir e pessoas que vão agradecer os dons concedidos -eles acreditam- pelo santo.
São vários dias prévios de filas de quarteirões e no dia 7 a possibilidade de passar brevemente na frente da imagem do santo ou assistir uma das misas que são celebradas a cada hora.
O jornal Clarín publicou hoje essas duas fotos maravilhosas de Pepe Mateos que sintetizam com perfeita beleza o mistério.
Fotos de devotos na Igreja de São Caetano, de Pepe Mateos

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Nadinho da Ilha



Do alto dos seus quase dois metros e esse vozeirão dele, longe de assustar, Nadinho da Ilha soltava um sorriso inconfundível.
Sobrinho de Nilo Chagas, do Trio de Ouro e levado pro samba de criança, sob a asa de Geraldo Pereira, Nadinho gravou 39 discos, foi por anos integrante da ala de compositores da Unidos da Tijuca. E também ator, participou em 78 da primeira montagem da Opera do Malandro, de Chico Buarque, onde também estavam a Marieta Severo, Elba Ramalho e Ary Fontoura, entre outros.
Deixa saudades.