quarta-feira, 30 de abril de 2008

A marca de Charlotte


Last night i saw a ghost
He seemed familiar to me
I welcomed him
With open arms
He said my name
And laid me down
Awoke the dreams still sleeping in my bones
You are my precious ghost
I close my eyes to see
I've touched you once again
You spent the night with me
Guilty were our pleasures
Nameless was our crime
Come back my forbidden ghost
One more time
You must leave i understand
So tell your lie to me
How in the morning everything will be alright
Yeah but to get to the morning first you have to get through the night

Morning song, de Jarvis Cocker, Charlotte Gainsbourg, Nicolas Godin e Jean-Benoit Dunckel

Filha de peixe, o que tem por herdado já foi justificado com seus trabalhos no cinema -sua Jane Eyre é ótima- e também na música. A marca da beleza -nome de outra música dela- dos pais está no estilo enigmático, sugerente e sólido de Charlotte. No album 5:55, que finalmente será lançado na Argentina daqui a uma semana, ela está acompanhada por um time de feras: o ex Pulp Jarvis Cocker, os franceses Nicolas Godin e Jean-Benoit Dunckel, do Air.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Wilde entrevista Wilde


- A que coisa atribui o senhor o fato de que tão poucos homens de letras estejam escrevendo peças para serem apresentadas ao público?

- Em primeiro lugar à existência da censura irresponsável. Que a minha Salomé não possa ser representada é prova suficiente da insensatez de semelhante instituição. (...)
Em segundo lugar ao boato persistentemente difundido fora do pais pelos jornalistas nos últimos trinta anos, no sentido de que o dever do autor teatral é agradar o público. A arte tem como objetivo tanto procurar prazer quanto dor. O objeto da arte é ser arte. Como tenho dito em alguma ocasião, a obra de arte deve dominar o espectador e não o espectador à arte.
- O senhor não admite exceção nenhuma?
- Admito sim. Os circos, onde aparentemente os desejos do público ficam razoavelmente satisfeitos.

Grande criador de frases -poderia colocar aqui uma a cada dia- Oscar Wilde é lembrado por muita gente mais por essa condição do que pelo conhecimento da sua obra.
Em 1895 ele escreveu junto com seu assistente Robert Ross uma entrevista a si mesmo, que foi publicada no Saint Jame's Gazette. No texto inteiro ele sacaneia os jornalistas ingleses com essa facilidade infinita que tinha para provocar. Inclusive Wilde elogia aos jornalistas franceses só pra chatear. Deixo aqui um fragmento dessa entrevista, onde o irlandês ensaia mais uma definição da arte.
Esse foi o ano em que Wilde caiu em desgraça: sua peça Salomé foi traduzida por ele ao francês quando a estreia foi proibida no território britânico por "indecente". Depois a história conehcida, foi processado pelo Marquês de Queensberry, pai do jovem amante dele, enviado à prisão por dois anos. O escritor viveu seus últimos tempos no exílio parisino.

Foto de Napoleon Sarony

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Tejada Gómez canta Brasil


Amazonas
río fundador
cielo largo
padre del color
venga a nos tu limo creador

Amazonas
sexo de la flor
tú que traes

desde el sur
el Sur
al pan nuestro dale tu canción

Así sea
tu simiente
amén.


Verde Brasil
desmesurado ademán
de sur a sur
del Amazonas al mar
lejos de tu luz
la distancia es otra soledad
y la soledad es un velero en el mar
boga en lo azul
pero no viene ni va
para echar a andar
hace falta un viento popular
amanecer es pisar el despertar
para soñar hay que saber madurar
Tú despertarás
con la furia viva de un volcán

Creo escuchar
allá en el viento un rumor
como de mar
o tumutuosa canción
digo que es Brasil
que otra vez
se ha puesto a caminar.

Salmo verde e Samba verde, de Armando Tejada Gómez

O poeta argentino Armando Tejada Gómez (1929-1992) talvez seja conhecido no Brasil por ser o autor da Canción con todos, aquela música que na voz de Mercedes Sosa percorreu o continente e o mundo. Mas ele foi para mim um dos maiores poetas de língua espanhola, embora seja conhecido mais só pelos poemas que foram musicados ou pelas letras que ele escreveu para tantas músicas.
No ano de 1982, transitando um dos muitos exílios aos que ele foi levado, quando seu nome e seus livros eram proibidos na Argentina, o grupo Sanampay lançou no México o Coral Terrestre, obra conceitual do poeta dedicada à América do Sul e à esperança de integridade, apesar das ditaduras que atravessavam o território.
Reproduço aqui os dois poemas-canções do Coral dedicados ao Brasil, o Salmo verde, uma declaração de amor perplexo à beleza da Amazônia e o Samba verde, com seu apelo ao despertar do gigante. Só o verso "amanhecer é pisar o despertar" justifica o disco todo.
A íntegra da obra do poeta é permeada pela crispação da injustiça, a majestuosidade da natureza -expressada em metáforas contundentes- e a esperança que, apesar dos pesares, o acompanhou até o fim, tão diferente do mero otimismo.

domingo, 27 de abril de 2008

Afinal


Afinal
eu não te esperei
onde não chegarias
nem você ardeu
onde eu brilharia
afinal os pêlos misturamos
as cadeiras e as comidas
mas nunca nos-entregamos
nos beijos de meio dia
nem escándalo na rua
maldição sair no tapa
má dicção
das nossas palavras
por graça recebidas

sem paixão
precisa
compaixão.

Afinal, de Juan Trasmonte (Creative Commons)
Foto de Aeric Meredith-Goujon

sábado, 26 de abril de 2008

Adriana pelos mares



A uma hora dessas
por onde estará seu pensamento
Terá os pés na terra
ou vento no cabelo?

A uma hora dessas
por onde andará seu pensamento
Dará voltas na Terra
ou no estacionamento?

Onde longe Londres Lisboa
ou na minha cama?

A uma hora dessas
por onde vagará seu pensamento
Terá os pés na areia
em pleno apartamento?

A uma hora dessas
por onde passará seu pensamento
Por dentro da minha saia
ou pelo firmamento?

Onde longe Leme Luanda
ou na minha cama?

Seu pensamento, de Adriana Calcanhotto e Dé Palmeira
Foto de Leonardo Aversa

Longe das "necessidades" do mercado, Adriana Calcanhotto entregou seu novo trabalho, o primeiro de inéditas desde 2002, fora o projeto Partimpim.
Maré é um fruto do mar, do encontro do oceano com a artista, surfa nas ondas de Maritmo, traz de novo, andando sobre as àguas o inesquecível Waly Salomão; tem presênça de Caymmi, claro, de quem ela já havia gravado uma versão formosa de Quem vem pra beira do mar, o time amigo dos +2 e Arto Lindsay.
Esta Seu pensamento é a primeira parceria dela com Dé Palmeira. Prestem atenção para a guitarra de uma nota só de Kassin.
Ainda por cima, o show estreia em maio em Buenos Aires.
Adriana está com disco novo. Graças a Deus.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Abril 74


Companys, si sabeu
on dorm la lluna blanca,
digueu-li que la vull
però no puc anar a estimar-la,
que encara hi ha combat.

Companys, si coneixeu el cau de la sirena,
allà enmig de la mar,
jo l'aniria a veure,
però encara hi ha combat.

I si un trist atzar
m'atura i caic a terra,
porteu tots els meus cants
i un ram de flors vermelles
a qui tant he estimat,
si guanyem el combat.

Companys, si enyoreu les primaveres lliures,
amb vosaltres vull anar,
que per poder-les viure
jo me n'he fet soldat.

I si un trist atzar
m'atura i caic a terra,
porteu tots els meus cants
i un ram de flors vermelles
a qui tant he estimat,
quan guanyem el combat.

Versão em espanhol

Compañeros, si sabéis
donde duerme la luna blanca,
decidle que la quiero
pero que no puedo acercarme a amarla,
porque aún hay combate.

Compañeros, si conocéis el canto de la sirena,
allá en medio del mar,
yo me acercaria a buscarla,
pero aún hay combate.

Y si un triste azar
me detiene y doy en tierra,
llevad todos mis cantos
y un ramo de flores rojas
a quien tanto he amado,
si ganamos el combate.

Compañeros, si buscáis las primaveras libres,
con vosotros quiero ir
que para poder vivirlas
me hice soldado.

Y si un triste azar
me detiene y doy en tierra
llevad todos mis cantos
y un ramo de flores rojas
a quien tanto he amado.
Cuando ganemos el combate.

Abril 74, de Lluís Llach
Hoje fazem trinta e quatro anos da Revolta dos Cravos, a revolução mais romântica do século vinte, que acabou sem uma bala com décadas de ditadura em Portugal.
Ouvir essa música maravilhosa do catalão Lluís Llach é uma das homenagens mais belas que se podem fazer ao dia mais alegre da história portuguesa.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Carpani


"O artista lega uma obra tão ampla quanto é ampla a subjetividade humana"
Ricardo Carpani


Reprodução da obra "Dios es argentino", de Ricardo Carpani
Herdeiro da escola dos muralistas mexicanos, o pintor argentino Ricardo Carpani testemunhou a história social da Argentina do século vinte. O compromisso dele esteve sustentado sempre por sólidos recursos estéticos.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Contra a malvadeza desse mundo


Fica ao meu lado, São Jorge Guerreiro
Com tuas armas, teu perfil obstinado
Me guarda em ti, meu Santo Padroeiro
Me leva ao céu em tua montaria
Numa visita a lua cheia
Que é a medalha da Virgem Maria
Do outro lado, São Jorge Guerreiro
Põe tuas armas na medalha enluarada
Te guardo em mim, meu Santo Padroeiro
A quem recorro em horas de agonia
Tenho a medalha da lua cheia
Você casado com a Virgem Maria
O mar e a noite lembram a Bahia
Orgulho e força, marcas do meu guia
Conto contigo contra os perigos
Contra o quebrando de uma paixão
Deus me perdoe essa intimidade: Jorge me guarde no coração
Que a malvadeza desse mundo é grande em extensão
E muita vez tem ar de anjo
E garras de dragão

Medalha de São Jorge, de Aldir Blanc e Moacyr Luz
Hoje é dia de São Jorge. Um filho de Oxossi que nem eu não pode passar em branco

Solidariedade com Dajla



Manu Chao encerrou o Festival de Cinema do Sahara, cantando em solidariedade com os refugiados saharauis dos acampamentos de Dajla. Na foto, ele aparece com a cantora Luzmira Zerpa e um convidado inesperado na percussão: o grande ator espanhol Javier Bardem.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Danny Federici


Semana passada foi embora o músico Danny Federici que tocou teclados, acordeom e glockenspiel com Bruce Springsteen por mais de quarenta anos. Na verdade, Danny tinha sido o primeiro que percebeu o potencial de cantor do Boss e o convidou para fazer parte da sua banda Child. Quando a carreira solo de Bruce decolou, Danny foi um dos membros principais da E Street Band. Nos tempos em que Federici estava de férias, tocava seus projetos de jazz.
Tinha nascido em Nova Jersey, a mesma terrinha do amigo Bruce, que quando soube da notícia cancelou os shows.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Blues Brothers


O protótipo começou quando John Belushi e Dan Aykroyd cantaram King Bee num capítulo da primeira temporada do Saturday Night Live. Três anos depois os personagens dos irmãos Jake e Elwood Blues (Os irmãos Cara-de-Pau segundo a imbecil tradução que nos tocou nessa parte do mundo) lotavam o Anfiteatro de Los Angeles abrindo o stand-up de Steve Martin.
Quando a quarta temporada do programa começou era comum ver o Danny nos sets da NBC com o roteiro do SNL e o rascunho do roteiro dos Blues Brothers que ele mesmo estava escrevendo, um em cada mão. John adorava o projeto tanto que investiu a sua poupança toda -uns cem mil- para gravar os shows do anfiteatro. “We’re the greatest fucking band in the world” dizia para quem quisesse ouvir e para quem não quisesse também. Com o início das filmagens chegou o fim da dupla no Saturday Night Live. Eles cairam fora antes da quinta temporada começar. O filme, dirigido por John Landis e que hoje virou cult-movie, estourou o orçamento e ficou bem aquém das expectativas financeiras. A trilha sonora vendeu na época mais de um milhão e meio de discos.
John tinha trinta anos e navegava entre o sucesso e o descontrole.


Foto de John Belushi e Dan Aykroyd nas filmagens de The Blues Brothers

domingo, 20 de abril de 2008

Wachale!


Você vai me esquecer
como a terceira geração
esquece a língua mãe
wachale!
Você vai me misturar
e depois esquecer
na falta de uso cotidiano
na ausência de abraço
no excesso de lembrança
sem mais palavra nova
wachale!
A pátria não tem costas
e eu não tenho estrada
primeiro será uma palavra
depois uma oração
um dia você não vai mais
saber o que quer dizer
você vai me esquecer.

Wachale!(*), de Juan Trasmonte (Creative Commons)
Foto de Michael Sloane, da série Street/Landscape/People II
(*) Wachale é uma palavra do spanglish que significa cuidado e que vem da voz inglesa watch

Filhos da urgência


A cena de ontem em Buenos Aires mostra os fieis de Santo Expedito, padroeiro das causas justas e urgentes. O pano de fundo é a fumaça das queimadas ilegais no litoral que invadiu a cidade.

Foto de Fernando de la Orden

sábado, 19 de abril de 2008

Porque chamamos o rei de rei



Meu primeiro contato com música brasileira foram as canções de Roberto Carlos que ele começou a gravar em espanhol, quando a gravadora descobriu o filão para impor os discos dele na América hispano-falante. Un gato en la oscuridad, Amada amante e tantas outras estão ligadas a momentos insequecíveis da minha pátria, que eu entendo como o território -não físico- da infância. Eu conheci essas músicas porque elas tocavam em tudo o que é lado: nos quartos das empregadas, nos rádios dos motoristas de ônibus, que colocavam os adesivos do rei nos portenhíssimos colectivos, junto com os de Gardel. Mas também no tocadiscos Winco do meu irmão mais velho e nas poucas festas dos amigos dele em que eu consegui entrar de penetra.
Depois comprei o vinil Yo te recuerdo, que começava com aquela música arrasadora que, de quebra, me apresentou o mais puro Armando Manzanero. Nele estavam incluídas músicas tremendas -fica aqui também a homenagem ao parceiro do rei em tantas canções, Erasmo Carlos- em espanhol como Palavras e Atitudes e em português, como O show já terminou. Esse disco iluminou em mim o conceito de canto amigo que Roberto Carlos criou. Porque as músicas dele representam como poucas a tensão da espera amorosa, o gozo da conquista e a dor da perda.
Depois veio o resto. O conhecimento da quase totalidade da obra dele em português, a reivindicação de Maria Bethânia quando ele era considerado o sumo do brega -que até hoje me acompanha quando alguém desde a inteligentsia entorta o nariz se eu dizer que gosto de Roberto Carlos e tudo mais.
Por esses dias, por acaso, quase coincidem em Buenos Aires os shows de Manzanero e Roberto Carlos para despertar em mim aquelas origens. Se bem que é difícil e nem pretendo manter a objetividade quando no imaginário mistura-se a informação das recordações infantis com a arte, é bom de vez em quando lembrar, parafraseando Caetano agora, porque chamamos rei quem chamamos de rei.

O método Zola


Nunca preparo uma trama. Não posso faze-lo. As vezes tenho dedicado horas a meditar sobre o assunto. Enterro a cabeça nas mãos, fecho os olhos e penso nele até enlouquecer, mas não tem jeito. Finalmente eu entrego os pontos.
O que faço são três tipos de anotações para cada romance. Ao primeiro eu chamo de esboço: fixo a idéia principal do livro e os elementos necessários para desenvolver a idéia em questão. Estabeleço também certas conexões lógicas entre uma séria de fatos e a outra.
O seguinte dossier contém um estudo do caráter de cada personagem. No caso do protagonista vou inclusive além: pesquiso o caráter do pai, da mãe, a vida dele, a influência dos seus relacionamentos no temperamento do filho. Continuo com os modos com que ele foi educado, sua fase escolar, seu ambiente e as amizades até o momento em que o introduço na minha obra. Eu me mantenho, na medida do possível, próximo à natureza, inclusive levo em consideração a aparência dele, o estado de sáude e a herança biológica.
Minha terceira preocupação é o estudo do ámbito em que pretendo localizar os meus personagens, o lugar exato onde pode transcorrer uma certa parte da ação. Investigo os costumes, as maneiras, o caráter, a linguagem e aprendo inclusive o jargão dos moradores desses locais.
Freqüentemente eu faço bosquejos com lápis e calculo as dimensões dos quartos. Eu sei exatamente onde ficam colocados os móveis. Finalmente, procuro ter intimidade com esses ambientes de dia e de noite.Depois de coletar laboriosamente essa informação toda começo a trabalhar regularmente todas as manhãs e nunca escrevo mais de três páginas diárias.

Émile Zola explicou seu método de trabalho em entrevista com V.R. Mooney, publicada em junho de 1893 na revista literária inglesa The Idler.
Versão para o português de Juan Trasmonte

terça-feira, 15 de abril de 2008

Altiplano


Encontro de feras quase sempre resulta atraente para mim. Dessa vez sou suspeito porque estou envolvido na produção. Jaime Torres, o maior charanguista do mundo, se reuniu num churrasco com Minino Garay, percussionista argentino radicado na França há mais de uma década, y Magic Malik, mestre da flauta, francês com ancestros na Costa de Marfim.
Partindo dos sons continuos e ritmados da Cordilheira dos Andes, eles fazem uma travesia musical pela América, rica, alta e sólida como as montanhas que os inspiraram.
O encontro virou disco que foi apresentado na França e começa a soar em Buenos Aires, na quinta-feira, e depois segue em tour pela Argentina.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

O repente eletrônico de Zé de Riba



Sabe Alencar, tá uma falta de ar.
Não se sabe ao certo o errado.
Onde isto vai parar?
É muita conversa fiada
Que não consigo entender.
Por quê? Ah, por quê?
Parece até o fim do mundo
Faço prece todo dia
Pro meu santo me escutar
Pro meu santo me orientar.
Esse mundo demente
Não foi feito pra gente.
O que a gente engole
Você sabe.
A vida é doce
Mas não é mole
A vida é doce
Mas não é mole.
Sabe Alencar, tá uma falta de ar.
Pra onde é que a gente vai?
Não sei, não sei.
Quando você souber
manda me avisar
Quando você souber
manda me avisar.

Sabe Alencar, de Zé de Riba e Wolney de Assis
Foto de Zeca Caldeira

Um desses segredos que o Brasil profundo esconde, Zé de Riba, maranhense de Dom Pedro, lançou no ano passado, depois de muitos anos de estrada, Reprocesso, seu primeiro álbum.
Produzido pelo ex-Karnak Mano Bap, traz o DNA de artista popular de Zé, com histórias do cotidiano, pequenas crónicas de choque cultural expressadas no linguagem da rua. Podem chamar de rap o que é repente puro, podem achar cocos vestidos com as roupas eletrônicas que o Mano Bap desenhou e sambas como esse aqui citado, que bem poderia ter sido assinado por Adoniran.

domingo, 13 de abril de 2008

Vanessa e os salvos pela poesia


"O teatro e a poesia ajudaram às pessoas a se manterem vivas e a ter vontade de continuar vivendo"


A frase de Vanessa Redgrave indica onde está uma parte importante do compromisso dela. Atriz de raça e raçuda, filha, irmã e mãe de atores, a inglesa construiu uma trajetória admirável, refugiando-se no teatro quando por causa das suas ações políticas os produtores de cinema, covardemente, viraram as costas.
O filme Ao entardecer é também um encontro de feras, com Vanessa, Meryl Streep -que está com ela na foto-, Glenn Close, Claire Danes e a filha Natasha Richardson.

sábado, 12 de abril de 2008

Bauman no mundo líqüido


A tecnologia digital, como qualquer outra tecnologia ligada à era do consumismo, precisa ser pensada como uma matriz finita, e bem limitada, de um número de itens que você pode permutar em outros. É notório que Henry Ford insistiu em pintar todos os seus Ford T de preto, ele ainda estava inserido na “era das coisas sólidas”, que acreditava que os produtos são feitos para satisfazer firmes e imutáveis necessidades. Ford achava que seus carros serviam apenas para o óbvio ir e vir. Não é Henry Ford, e sim Alfred Sloane, da General Motors, que merece ganhar os créditos de profeta precursor do consumismo líquido moderno - graças à sua concepção de que os carros devem servir para inúmeras necessidades. Necessidades que a maioria das pessoas nem imaginava que existia - como, por exemplo, ganhar distinção social, impressionar e humilhar amigos e vizinhos ou ganhar popularidade com o sexo oposto... Com o enfraquecimento e a quebra dos laços sociais e a diminuição da duração das posições sociais, “identidade individual” se tornou a preocupação diária para um número cada vez maior de pessoas, e quaisquer necessidades a serem satisfeitas ou qualquer produto a ser consumido deve realizar o desejo por individualidade - o que agrega valor ao que for consumido. Identidade individual, como qualquer sonho humano, precisa estar disponível nas lojas, o que de fato tem ocorrido.

Zygmunt Bauman, que aos 83 anos continua curioso com seu olhar agudo sobre as asneiras humanas, fragmento de entrevista em 2005

sexta-feira, 11 de abril de 2008

James Taylor




Well, I've been lying in this dungeon
Since I was eighteen
Ten lonely years of my life taken
I've been living in the pages of a magazine
It breaks my heart to awaken

Set me free
Sleep come free me (please, please, please)
Set me free
Set me free

Now the state of Alabama says I killed a man
The jury reached the same conclusion
I remember I was there
With a tire iron in my hand
The rest is all confusion

More like an animal and less like a man
What they leave you ain't worth keeping
Brother let me tell you
I got a clock with no hands
The only way out is through sleeping

You get to where you used to be
Whoever you claim
It's open to interpretation
Just remember your number
And abandon your name
And hold on to your name
And hold on to your imagination
Oh no no...

Sleep come free me, de James Taylor
Foto da época do Baby James de Henry Diltz

Com aquelas harmonias complexas, com essas melodias flutuantes e as palavras de quem conheceu o céu e o inferno, James Taylor é um insubstituível pra quem quer desvendar esse mistério do que acontece no encontro do homem com o violão

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Vidigal


Corpos despencam
batem nas pedras
dormem no mar
final no Vidigal
corpos que deixam
traços de vida
em cada ferida
silêncio sal
espumareia
no Vidigal
corpos em série
fora de foco
tomada corte
peridural
no Vidigal
costas encostas
bocas abertas
portas fechadas
é nós na fita
na eterna fita
fundido a negro
ponto final
no Vidigal.

Vidigal, de Juan Trasmonte (Creative Commons)
Foto do costão da avenida Niemeyer de Oscar Cabral
Escrevi esse poema quando morava no Rio de Janeiro, no meio dos episódios de violência na disputa pelo controle dos pontos-de-venda de drogas no Vidigal e na Rocinha. Foi em avril de 2004. Faz exatamente quatro anos.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Frank Brown



Frank Brown.
Duende de Buenos Aires y dueño de las risas de mi
generación.
Yo que he probado tus chocolatines
y que te he visto por los trapecios y los trampolines
dibujando desafíos pirotécnicos
carcajadas elásticas
y pirueteos técnicos.
Rey de las Cabriolas fantásticas,
yo te digo que has sido mi Padre-nuestro,
mi mejor libro y mejor maestro
y clown
de mis primeras emociones plásticas.
Frank Brown, mi querido gnomo Frank Brown.
-¡Salud, domadores! ¡Qué tal bailarinas! ¡Adiós Tony!
El circo es el mayor espectáculo.
La sangre del circo es el Old Tom Gin.
Yo quisiera tener en un circo un cenáculo
ambulante como John o como Anthony.
¡Viva la malla! ¡Viva el trompo! ¡Viva el carmín!
¡Viva el Old Tom Gin!
y la cabaña del Tío Tom
y la gloriosa vejez de San Frank Brown
mi maestro y clown.

A los veteranos del circo (fragmento), de Raúl González Tuñón

Nasceu na mais que inglesa Brighton e aos doze anos começou a trabalhar no circo. Como os artistas da época, que tinham o coração dividido entre a arte e a aventura, chegou a Buenos Aires em 1844. E por aqui ficou. A popularidade do clown foi enorme. As crianças abriam os braços para receber as balas e chocolates que Frank costumava jogar. Mas até os adultos iam assistir seu show. Trabalhou no circo Hippodrome, que ficava na esquina das atuais Corrientes com a Carlos Pellegrini, bem onde agora está o famoso obelisco.
Erudito que recitava Shakespeare de cor, casou com Rosita, também artista de circo, e viveu até seu último dia numa casa do bairro de Colegiales. Morreu em 9 de abril de 1943. Sempre foi e sempre será o referente principal de todos os palhaços desse canto do mundo.
O maravilhoso poema do González Tuñón é também uma homenagem a todos os artistas do circo.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Beckett no Hotel Liberia


Desse modo apesar
pelo bom tempo e pelo mau
trancado na casa dele e na de outros
como se fosse ontem lembrarmos do mamute
o dinoterio os primeiros beijos
os períodos glaciares não trazem nada novo
o grande calor do ano treze da sua era
fumaça sobre Lisboa Kant friamente pendurado
sonhar em gerações de carvalhos e esquecer o pai
seus olhos se tinha bigode
se era bom de que morreu
não por isto nós-come sem menos apetite
o mau tempo e o pior
trancado na sua casa e na de outros

Espanhol

De ese modo a pesar
por el buen tiempo y por el malo
encerrado en su casa y en la de otros
como si fuera ayer acordarnos del mamut
el dinoterio los primeros besos
los períodos glaciares no traen nada nuevo
el gran calor del año trece de su era
humo sobre Lisboa Kant fríamente colgado
soñar en generaciones de robles y olvidar al padre
sus ojos si tenía bigote
si era bueno de qué murió
no por esto nos come sin menos apetito
el mal tiempo y el peor
encerrado en su casa y en la de otros

Escrito por Samuel Beckett no ano de 1937, no Hotel Liberia, em Paris
Foto de Henri Cartier-Bresson

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Vaia de bêbado não vale


Primeira edição

No dia em que a bossa nova
inventou o Brasil
No dia em que a bossa nova pariu
o Brasil
Teve que fazer direito
Teve que fazer Brasil
Criando a bossa nova em 58
O Brasil foi protagonista
De coisa que jamais aconteceu
Pra toda a humanidade
Seja na moderna história
Seja na história da antiguidade
Por isso, meu nego,
Vaia de bebo não vale
De bebo vaia não vale

Segunda edição

No dia em que a bossa nova
inventou o Brasil
No dia em que a bossa nova pariu
o Brasil
Teve que fazer direito
Teve que fazer Brasil
Quando aquele ano começou, nas
Águas de Março de 58,
O Brasil só exportava matéria-prima
Essa tisana
Isto é o mais baixo grau da
capacidade humana
E o mundo dizia:
Que povinho retardado
Que povo mais atrasado

Terceira edição

No dia em que a bossa nova
inventou o Brasil
No dia em que a bossa nova
pariu o Brasil
Teve que fazer direito
Teve que fazer Brasil
A surpresa foi que no fim daquele
mesmo ano
Para toda a parte O Brasil d'O Pato
Com a bossa nova, exportava arte
O grau mais alto da capacidade
humana
E a Europa, assombrada
Que povinho audacioso
Que povo civilizado

Pato ziguepato ziguepato Pato
Pato ziguepato ziguepato Pato

Tratou com desacato o nosso amado Pato
Viva a vaia, seu Augusto
Viva a vaia, seu João
Viva a vaia, viva a vaia
Viva a vaia com Dios, amor
Porque me soy argentino
Gentino, gentino, gentino

Vaia de bêbado não vale, "música reportagem" de Tom Zé e Vicente Barreto

Em 1999, João Gilberto dividiu um show com Caetano Veloso pela primeira vez. Aconteceu em Buenos Aires. Na verdade, foram duas noites inesquecíveis que eu testemunhei e mestre João ficou encantado com o carinho do público.
Pouco tempo depois a dupla foi chamada para a noite inaugural do Credicard Hall, auto-denominada "a maior casa de shows da América Latina". Mas aquela noite ficou na história não pela espetacularidade da casa mas pelo incidente de João com o público.
A acústica do local estava ruim. Tinha um eco somado ao zumbido do ar condicionado que motivou a reclamação de um dos fundadores da bossa nova. Caetano tentou levar na esportiva, mas quando João voltou a reclamar ouviram-se as vozes de reprovação e as vaias dos convidados ricos e famosos. Caetano discursou pra platéia mas João arrasou com frases como: "Sou argentino desde pequenininho"; "tem que fazer direito, tem que fazer o Brasil" e depois de botar a língua pra fora disse "vaia de bêbado não vale".
E o Tom Zé, que estava no auditório, resolveu fazer essa música-manifesto de desagravo ao ídolo. Na letra ele cita o título do poema concreto de Augusto de Campos, "Viva vaia", e os próprios "Seu Augusto" e "Seu João", além de ressalvar a argentinidade do João, que estava maravilhado com o tratamento que tinha recebido em Buenos Aires, em contraponto com o episódio de São Paulo.
Mas além disso, a letra coloca a questão de que com a bossa nova, o Brasil começou a exportar arte, "o grau mais alto da capacidade humana". Além da anedota, acho que é um belo conceito para fazer uma homenagem aos cinqüentinha da bossa.

domingo, 6 de abril de 2008

Kipling e as entrevistas


- Bem o que é que o senhor quer? Porque o senhor invade a intimidade da minha casa? Por acaso não tenho dito que não quero ser entrevistado? -disse Kipling com voz rápida e tensa-
- Eu fiz o que o senhor me disse. Submeti à sua atenção e por escrito o motivo da minha visita. E desejo uma resposta.

E eu a tive.

- Porque eu me recuso a ser entrevistado? Porque é uma imoralidade! É um crime, na mesma medida que uma ofensa à minha pessoa, uma agressão, e merece igual castigo. É ruim e covarde. Nenhum homem respeitável pediria uma coisa dessa, e menos ainda a concederia.
- Bom, senhor Kipling, outros homens tão respeitáveis quanto o senhor, senão mais, posto que são auténticos cavaleiros, parecem não compartilhar seu ponto de vista. O senhor é a primeira pessoa que eu tenho ouvido manifestar semelhante opinião. Nunca antes na minha vida tinha escutado que uma entrevista seja imoral e criminosa.
- No caso, os homens dos que o senhor fala são uns imbecis. Eu que estou certo. O que tenho dito é a verdade e não penso dar nenhuma satisfação. O senhor e os seus colegas com a falta de discernimento e compreensão do que é o jornalismo que é caraterística dos americanos, seriam incapazes de entedé-la. Os ingleses detestamos as entrevistas e, em qualquer caso, o que têm de bom os repórteres? O que pretende o senhor conseguir? A imprensa norte americana é uma coisa suja e podre. Eu sei tudo sobre ela. Uma certa vez eu viajei com um gtupo de jornalistas de Filadelfia até uma pequena cidade onde tinha acontecido um crime. Eles fizeram daquilo um inferno. Me dê licença para eu lhe dizer uma coisa. Os senhores não procuram mais do que sensacionalismo. E isso é algo que jamais vão obter de mim.

Ao chegar nesse ponto percebi que ele estava fazendo isso, mas ele continuou falando.

- Nesse pais não há um só jornal respeitável. O New York Tribune é até tolerável, mas de vez em quando eles publicam auténticas barbaridades que os condenam igual ao resto. Suponho que o senhor vai querer redatar uma matéria sobre a minha pessoa para publicar em algum recôndito espaço do seu jornal, do qual nem sei o nome.
- Não senhor -interrompi-. O senhor é merecedor de uma cabeça de coluna, de uma capa junto à seção de livros. Esse tratado sobre a imprensa estadounidense é tão inovador que seria impossível rebaixá-lo a um lugar oculto. O senhor é um cidadão do mundo, senhor Kipling -continuei- . Lhe deve algo ao mundo, assim como o mundo lhe deve ao senhor.
- Sim, e essa pequena dívida terá que ser satisfeita pelo mundo. Lógicamente, eu não penso pagar a minha.

Esse é só um fragmento da imperdível tentativa de entrevista de um jornalista do The Sunday Herald com o escritor inglês Rudyard Kipling, em 1892.
O fato curioso é que o próprio Kipling trabalhou como jornalista em várias oportunidades, mas assim como de outras coisas ele não gostava, é evidente que Kipling detestava entrevistas com jornalistas dos Estados Unidos.

sábado, 5 de abril de 2008

Je vous appelle!



Duas vezes obra prima do diretor Abel Gance, primeiro em 1917, no cinema mudo, e depois em 1937, com um trabalho inesquecível do ator belga Victor Francen, J'Accuse -infelizmente- continua vigente na sua mensagem anti belicista.
Gance não foi a combater na Primeira Guerra Mundial porque tinha padecido tuberculose. Em troca fez esse filme maravilhoso onde un poeta chama um exército de mortos da guerra para despertar a consciência e evitar uma nova guerra.
O filme e seu asunto voltaram à tona vinte anos depois, com o perigo iminente da Segunda Guerra. E a fatalidade aconteceu. Ainda hoje é de arrepiar a cena em que o personagem de Francen (que nesse ano só fez cinco filmes!) chama aos mortos pra otorgar um sentido ao sacrifício. Je vous appelle! Je vous appelle! grita ele, e os mortos vivos que devem ter inspirado George Romero, emergem da terra.
Frequentador da vanguarda parisina do início do século vinte, Abel Gance ficou mais famoso pelo seu Napoleão. Ele foi um inovador na técnica do cinema, criando recursos que depois seriam revolucionários, como os antecedentes do cinemascope e do steady-cam

Cena do filme J'Accuse, de 1917 e foto do diretor Abel Gance

sexta-feira, 4 de abril de 2008

The Smiths e o desencanto


Last night I dreamt
That somebody loved me
No hope, no harm
Just another false alarm

Last night I felt
Warm arms around me
No hope, no harm
Just another false alarm

So, tell me how long
Before the last one?
And tell me how long
Before the right one?

The story is old - I know
But it goes on
The story is old - I know
But it goes on


Que em português quer dizer mais ou menos isso

Ontem à noite eu sonhei
Que alguém me amava
Nenhuma esperança, nenhum dano
Apenas mais um alarme falso

Ontem à noite eu senti
Braços de verdade me envolvendo
Nenhuma esperança, nenhum dano
Apenas mais um alarme falso

Então me diga
Quanto tempo passou
Antes da última pessoa?
E me diga quanto tempo passou
Antes da pessoa certa?

A história é antiga - eu sei
Mas ela continua
A história é antiga - eu sei
Mas ela continua
Continua...

Last night I dreamt that somebody loved me, de Johnny Marr e Morrissey
Incluída no Strangeways, here we come, último disco de estúdio do The Smiths, essa música retrata com esmagadora beleza o desencanto. Acredito que The Smiths, mais do que The Cure ainda, foi a imagem viva da desesperança da juventude na Inglaterra socialmente desmembrada da Thatcher.
A longa introdução, o arranjo de cordas e a voz do Morrissey quase apagando no andamento da música, só fortalecem o dramatismo explícito da letra. Essa música também exibe o último grande encontro artístico de uma dupla (Marr-Morrissey) que estava despencando pelo lado mais fraco: o humano.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Vera ragazza


Bela ragazza
nossa raça
Barbarella
nossas velas
vela de velejar
vela de rezar
vela de velar
vela de revelar
roça a letra
sua unha
lettera rossa
Suassuna
minha ariana
touro peixe
que não libra
não equilibra
nem equidista
mas libera
vera ragazza.

Vera ragazza, de Juan Trasmonte (Creative Commons)
Foto de Akif Hakan Celebi

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Ungaretti


Tutto ho perduto dell'infanzia
E non potrò mai più
Smemorarmi in un grido.

L'infanzia ho sotterrato
Nel fondo delle notti
E ora, spada invisibile,
Mi separa da tutto.

Di me rammento che esultavo amandoti,
Ed eccomi perduto
In infinito delle notti.

Disperazione che incessante aumenta
La vita non mi è più,
Arrestata in fondo alla gola,
Che una roccia di gridi.

Versão em português

Tudo perdi da infância
e já não posso mais
desmemoriar-me num grito.

A infância soterrei
no fundo das noites
e agora, espada invisível
me separa de tudo.

De mim recordo que exultava amando-te,
e eis-me perdido
no infinito das noites.

Um desespero que incessante aumenta
a vida não me é mais,
presa no fundo da garganta,
que uma rocha de gritos.

Tudo perdi, de Giuseppe Ungaretti, tradução de Jorge de Sena

Nasceu no Egito, estudou na França e só conheceu a Itália aos vinte e quatro anos. Atravessou a guerra e espantou as trevas do fascismo no Brasil, onde permaneceu seis anos. Ministrou aulas de literatura italiana na USP. Foi em versos módicos um dos maiores poetas italianos.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Presênça de Clara


Amanhã farão vinte e cinco anos que partiu Clara Nunes, mineira, filha de Ogum e Iansã. A primera mulher do Brasil que ultrapassou a marca dos cem mil discos vendidos, aquela que dizia: "Todo mundo tem uma missão, eu tenho a missão de cantar".