sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Sexta-feira non sancta (IV)


I once fell in love with you
Just because the sky turned from gray
Into blue
It was a good friday
The streets were open and empty
No more passion play
On st. Nicholas avenue
I believe in st. Nicholas
Its a different type of santa clause

Good Friday, de Cocorosie
No próximo friday as irmãs Casady, com suas lágrimas e seus bigodinhos desenhados, fazem show em Buenos Aires

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Fra Filippo Lippi


Mais um que foi salvo pela arte. Fra Filippo Lippi foi um maravilhoso colorista e uma grande influência para Botticelli. Orfão criado num convento, um bom dia ele fugiu com uma freira. Depois de tamanho escárnio, só não foi condenado a uma vida desgraçada pelo seu enorme talento para a pintura.
Reprodução do Funeral de São Jerônimo, de Fra Filippo Lippi

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Nascença


Estou nascendo já nasci
estou saindo flor de ti
eu chego através de ti
água do mundo vou chorar
primeiro solo no teu colo
serei berço serei giz
amaralina flor de anis
serei
ausência
no seu ventre
serei.

Nascença, de Juan Trasmonte (todos os direitos reservados)
Foto de Wolfgang Pietrzok
Estou pensando por sugestão do Ramiro Musotto sobre esse "todos os direitos reservados" e o tal do "território livre" da internet. Ainda não tomei uma determinação.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Zona Norte sem letra


Ontem passei mais de uma hora pesquisando na internet para achar a letra do samba de Zé Kéti, O samba não acabou, incluído no filme de 1957 Rio, Zona Norte, de Nelson Pereira dos Santos. A ideia era que a letra acompanhasse a foto do filme. Nem era tão complicado. Já procurei coisas mais complexas como uma foto do Beto sem Braço, por exemplo. Desisti.
É impressionante como os buscadores da internet são direcionados para sites similares. É uma ilusão que eles acham o que você procura, eles te levam para o que eles querem te mostrar.
Enfim, deu preguiça de escrever pra todos os sambistas amigos pedindo a letra. Fica assim.

domingo, 25 de novembro de 2007

Reencontro esperado


Foi um reencontro esperado, do público argentino com o artista cubano Santiago Feliú em Buenos Aires. É uma forma de amor generosa a que acontece entre as pessoas e os artistas. Ainda bem. Fico feliz de ter contribuído para isso.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Fernando Fernán Gómez






Ontem perdemos o grande ator, cineasta, dramaturgo e romancista espanhol Fernando Fernán Gómez.
Na segunda foto, uma cena do filme Crimen imperfecto (1970) , do próprio, e depois o cartaz do filme El anacoreta (1976), de Juan Esterlich

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Havana


E por falar em Cuba e cubanos, essa é da maravilhosa série de Walter Firmo sobre Havana.
Foto de Walter Firmo

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Santy Feliú


"Resulta insultante que la soledad dependa del amor para aliviarse"
Santiago Feliú

O cantor, compositor e violonista cubano Santiago Feliú está na Argentina para fazer um show -que eu estou produzindo- em Buenos Aires, na sexta-feira. Quem puder divulgar, será lembrado em minhas preces.

Alguma coisa está fora da ordem



Duas cenas do filme documentário de 1983 Koyaanisqatsi, dirigido por Godfrey Reggio e com música de Philip Glass. O vocábulo significa "vida fora do equilíbrio" em língua indígena hopi. Vinte e cinco anos depois a beleza com que o caos é mostrado continua sendo de arrepiar como o mesmo caos.

sábado, 17 de novembro de 2007

Na pista


É só um momento
vai doer vai passar
é só uma viagem
pra lugar nenhum
tá mais perto que antes
tá mais longe que tudo
tá mais lounge a noite
há um espelho no espelho
uma ficha engasgada.

Você anda na pista
você vira pro nada
na primeira saída
e não tem mais saída
cul de sac acabou
e aparece uma entrada
sai entrada do nada
você entra na pista
dois mil anos em frente.

Eu não aguento
vai doer não tocar
é o fim da paisagem
encerrou o jejum
tá mais tarde que antes
tá mais quieto que tudo
tá mais quero que a noite
há um velho no velho
uma espera salgada.

Na pista, de Juan Trasmonte (Todos os direitos reservados)

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Sexta-feira non sancta (III)




Hoje lembrando Carlos Zéfiro, o maior artista brasileiro da sacanagem (ou será da sacanagem brasileira?).
O que poucos sabem é que ele, carioca, era um sambista inveterado também, como prova sua parceria com os mestres Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito no clássico A flor e o espinho.

Foto de Carlos Zéfiro de Monique Cabral

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Manu Dibango


"Por trás de qualquer dor, sempre há alguma coisa bela, que acaba florescendo... No caso concreto, da dor nasceu o jazz."
Manu Dibango

O sinônimo de soul que não consta nos dicionários é Manu Dibango.
Foto de Thomas Dorn

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Artaud


"Uma verdadeira peça de teatro perturba o repouso dos sentidos"
Antonin Artaud

terça-feira, 13 de novembro de 2007

A alvorada do Hip-Hop


Easy AD e Tony Tone fotografados em 1979 no Bronx por Joe Conzo

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Galocantô


Chinelo de dedo, bermuda rasgadas, blusão e bonê
cheguei no boteco
pra ver se o pagode já estava de pé
falei com os amigos
fui logo saudado pela mulherada
pedi pro maneco
trazer mais um copo e cerveja gelada
quando de repente um monte de gente
com traje diferente entrava no bar
me fotografaram, me entrevistaram
dizendo: sua vida vai ter que mudar!
eu muito confuso, com copo na mão
já ia gritando, dizendo que não
rezei pro meu santo e pedi proteção
e falei pro cumpadi: "cadê o camburão?"
foi quando uma voz lá no fundo gritou
já tá escolhido e não tem pra ninguém
assina o contrato!
vai ser um barato o galã de Xerém
sapato alemão, charuto cubano, perfume francês
relogio suiço, terno italiano, uisque escocês
rodei a Europa pra lá e pra cá
e os paparazzi a me fotografar
foi quando o maneco ligou do boteco
e me perguntou quando eu ia voltar
foi então que eu me cansei
ser estrela não dá
eu não sou pop star
calcei o chinelo
e peguei o primeiro
Paris-Irajá

Galã de Xerém, de Pablo Amaral e Edu Tardin
Foto de Alexandre Torreão
O Galocantô é o máximo!

domingo, 11 de novembro de 2007

Santa Gilda do Brega


Professora que começou a cantar nos atos da escola onde lecionava. Virou Gilda da cumbia ou da "movida tropical", o brega que curtem milhares de pessoas no Grande Buenos Aires e no interior da Argentina. Há dez anos, no topo da sua popularidade, morreu na estrada viajando entre um show e outro.
Os fãs construiram um santuário no local do acidente. Virou santa e dizem que faz milagres.
Em tempos de religiosidade pop e além do fetichismo, há uma certa beleza no encontro fraterno das pessoas ao redor do símbolo.
Gilda cantava:
"Amar é um milagre
e eu te amei"
Simples. Brega. Belo.

sábado, 10 de novembro de 2007

Mundo desembrulhado


Mentira.
O mundo é mais bonito que tudo
o som da água entrando na chaleira
o passo do cavalo a poeira
o papel de embrulhar
desembrulhado.

Mundo desembrulhado, de Juan Trasmonte (Todos os direitos reservados)
Foto do filme Genesis, de Claude Nurisdany e Marie Pérennou

Caiu a tarde do guerreiro


O velho Norman Mailer foi embora. Tem uma postagem recente sobre ele
http://nemvem-quenaotem.blogspot.com/2007/10/o-velho-norman.html


Foto de Norman Mailer com Mohamed Ali

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Bituca


A lua girou, girou
traçou no céu um compasso
A lua girou, girou
traçou no céu um compasso
Eu bem queria fazer
um travesseiro dos seus braços
Eu bem queria fazer...

Travesseiro dos meus braços
só não faz se quiser
Um travesseiro dos meus braços
só não faz se não quiser...

A lua girou, (fragmento) de Milton Nascimento e Fernando Brant
Ontem à noite Milton Nascimento cantou em Buenos Aires.
Graças a deus

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

JJL


"Ela é quase única na geração dela, não só pela sua ausência de ego mas pela sua disposição para tomar riscos."
O diretor Robert Altman, sobre Jennifer Jason Leigh

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Nóis dois


Está chegando o momento
de irmos pro altar
Nós dois
Mas antes da cerimônia
devemos pensar em depois
terminam nossas aventuras

Chega de tanta procura
nenhum de nós deve ter
mais alguma ilusão
Devemos trocar idéias
e mudarmos de idéias
Nós dois
E se assim procedermos
seremos felizes depois
Nada mais nos interessa
sejamos indiferentes
Só nós dois,
apenas dois,
Eternamente

Nós dois, de Cartola
Na foto, Hermínio Bello de Carvalho conduz Dona Zica ao altar na cerimónia do seu casamento com Cartola. A foto pertence ao acervo de Hermínio Bello de Carvalho

Musotto faz Quilombo



Ramiro Musotto é matéria de capa na revista Quilombo. Como sempre é legal ler seus conceitos sobre música, especialmente para aprender a diferenciar a mera mistura da soma de linguagens da criação de alguma coisa nova partindo da soma de linguagens. Segue o link, a entrevista está em espanhol.

http://www.revistaquilombo.com.ar/revistas/29/q29.htm

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

A arte de perder


The art of losing isn't hard to master;
so many things seem filled with the intent
to be lost that their loss is no disaster.

Lose something every day. Accept the fluster
of lost door keys, the hour badly spent.
The art of losing isn't hard to master.

Then practice losing farther, losing faster:
places, and names, and where it was you meant
to travel. None of these will bring disaster.

I lost my mother's watch. And look! my last, or
next-to-last, of three loved houses went.
The art of losing isn't hard to master.

I lost two cities, lovely ones. And, vaster,
some realms I owned, two rivers, a continent.
I miss them, but it wasn't a disaster.

Even losing you (the joking voice, a gestureI love)
I shan't have lied. It's evident
the art of losing's not too hard to master
though it may look like (Write it!) like disaster.

One art, de Elizabeth Bishop

A arte da perda é fácil ter;
por tanta coisa cheia de intenção
de ser perdida não dá pra sofrer.

Perca algo todo dia. Perder
chaves aceite, junto com a aflição.
A arte da perda é fácil ter.

Treine perder muito sem se deter:
lugares, e nomes, a comichão
de viajar. Nada fará sofrer.

Perdi jóias da mamãe. E dizer
que perdi casas que amei de paixão.
A arte da perda é fácil ter.

Perdi duas cidades. E o prazer
de um continente na palma da mão.
Sinto falta mas não dá pra sofrer.

Até perder você (a voz, o ser
que eu amo) não devia mentir. Não,
a arte da perda se pode ter
embora pareça (diga!) sofrer.

Uma arte, de Elizabeth Bishop, versão para o português de Jorge Pontual
Achei belíssimo esse poema que descobri no filme On her shoes e, claro, fui farejar na obra da poeta. Então me deparei com a sua incrível história no Brasil.
Viajando pela América, Elizabeth parou no porto de Santos, pouco depois passou mal por causa de uma intoxicação com caju e -disse- foi tão bem cuidada que foi ficando e ficou. Andou pelo Brasil -que definiu como "um pais cheio de cascatas"-, viveu um grande amor e escreveu poemas maravilhosos e longas cartas onde seu olhar estrangeiro fica dividido entre a paixão e a estupefação.
Na foto pequena está ela com seu inseparável gato no aterro do Flamengo

sábado, 3 de novembro de 2007

Avedon de olho nos '60


Soldado não identificado em Vietnã e Joan Baez
Foto de Richard Avedon

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Morfeu menino


Menino abraça travesseiro
fecha os olhos
vira na cama
cinemascope
ele acredita
se ele apertar
as pálpebras
muito
ele vai sonhar
o que quiser
algum osso de fruta
algum deus
entre o sono
e o sonho
um Morfeu.

Morfeu menino, de Juan Trasmonte (todos os direitos reservados)
Foto de Howard Schatz

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Lembram Katrina?


Segue o texto da carta que a Organização Color of Change -que é séria mesmo- está pedindo para enviar pros senadores dos Estados Unidos.
Existe a forte suspeita de que eles não tem a menor intenção de que os pobres de Nova Orleans voltem mesmo para casa.
Vocês podem copiar e colar esse texto num e-mail o seguir esse link e mandar seu apoio no site da Color of Change, que vem fazendo um trabalho articulado na defesa dos direitos dos negros nos Estados Unidos.
Foto de Dan Callister dos sobreviventes do furacão Katrina Spencer e Mary Forman


Dear Friends,
Finally, there's a bill in Congress that would help some of the hardest hit Katrina survivors come back home. Unfortunately, it is about to die because some members of the Senate think it's fine for certain New Orleanians--specifically those who are Black and poor--to be shut out of the city.
I just called on my senators to support the Gulf Coast Housing Recovery Act of 2007 (S. 1668). It would re-open desperately needed housing and make sure there is no loss of affordable public housing in New Orleans. Please join me by contacting your senators and check out powerful videos about the housing situation in New Orleans created by Brave New Foundation and as part of the Voices from the Gulf Project. It takes just a moment:
http://www.colorofchange.org/s1668/?id=1265-377039
Saving Affordable Housing in New Orleans
New Orleans public housing residents have been fighting for over two years to return to apartments that were minimally damaged by the storm. But the Department of Housing and Urban Development (HUD) has shut them out, because it wants to demolish most of the available public housing units. It's plan is replace them with far fewer mixed-income housing units[1], which would force thousands of mostly Black low-income residents out of the city.
S.1668 honors the right to return of all New Orleans public housing residents. It requires the re-opening of at least 3,000 public housing units and ensures that there is no net loss of units available and affordable to public housing residents. It also designates $1.7 billion for rental housing assistance and earmarks millions for community development programs, which will benefit an even larger segment of the lower income population. But the bill is in danger of dying -- because some senators are opposed to preserving affordable public housing.
It's hard to know what motivates each senator, but it's an open secret that many folks have a desire to see a richer and Whiter post-Katrina New Orleans, and many of them have a great deal of political influence. Senators like David Vitter (La.) and Richard Shelby (Al.) appear to be playing to those interests by standing in the way of this legislation, and others are following their lead. If they win, it will be yet another instance of the federal government abandoning those most vulnerable during and after Katrina.
The Gulf Coast needs a housing policy that welcomes all citizens home, especially those who need the most help coming home. Senate bill 1668 is an opportunity to do that. Please join us in demanding that your senator support the bill.
http://www.colorofchange.org/s1668/?id=1265-377039
Thanks.